A trégua

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Sora suspirou ao ouvir o tom de voz ríspido de Thierry ao falar com Dardeno, ela conseguia entender ambas as partes mas o garoto ainda estava ressentido. O grande homem teria que ter muita paciência com ele, afinal de contas eles iriam se tornar pai e filho mais cedo ou mais tarde, isso se Thierry ajudasse não sendo tão teimoso. O caçula era um bom menino, mas ele tinha personalidade própria e o casal não iria moldar isso nele. Não iriam mudar quem ele era, então toda a compreensão deveria ser usada, tanto da parte de Dardeno como da parte de Thierry e Sora teria que intermediar essa reconciliação.

Dardeno puxou um pouco de ar para os pulmões e olhou para o jovem mosqueteiro com calma e lhe ofereceu um sorriso.

- Vim ver como vocês estão. - respondeu-lhe o homem.

- Como pode ver, estamos bem. Não precisava ter vindo até aqui, nós vamos voltar para sua fortaleza mesmo. - disse Thierry ao cruzar os braço e olhar indiferente para Dardeno.

- Nossa fortaleza, Thierry. Lá é minha casa, e é sua casa. Casa da sua mãe e de todos seus irmãos e irmãs. - Dardeno falou suave.

Thierry quis sorrir, mas manteve sua postura. Ele não queria fazer parte do papel que aquele homem insistia em fazer, ele não confiava em Dardeno, e para falar a verdade... Ele tinha medo do grande homem. Pois ele poderia sempre fazer o que quisesse, até mesmo machuca-lo bem feio e se ele não respeitava quando um filho estava nos braços de Sora procurando proteção, então a quem ele iria se socorrer se Dardeno se irritasse com ele?

O menino parecia irritado aquela manhã e Sora estava começando a se preocupar, não só por ele está irritadiço mas também por ele está falando secamente com Dardeno achando que não poderia ser repreendido por qualquer grosseria.

- Eu sei que precisamos conversar... - Dardeno começou a falar mas Thierry logo passou a frente no diálogo.

- Não, não precisamos. - disse o rapaz com dureza. - Não temos nada para conversar.

- Thierry... - Sora chamou a atenção do filho. - Sem malcriação, filho.

- Não estou sendo malcriado, mãe, estou falando a verdade. - respondeu-lhe Thierry ao respirar fundo. - Não precisamos dirigir a palavra um para o outro, se assim houver uma boa convivência. - Ele falava de modo muito adulto para o gosto de Dardeno.

Céus, Thierry era só uma criança geniosa, por que ele tinha tanto medo da rejeição dele?

- Está tudo bem, querida. Não precisa brigar com ele por isso. - respondeu Dardeno ao ver o moreno desviar o olhar dele, então o grande homem virou seus olhos para Otto e sorriu gentilmente. - Mas nós dois precisamos conversar, meu filho.

- Eu sei, senhor. - respondeu Otto com formalidade e um pouco de receio, mas sentiu a grande mão se seu pai lhe tocar a cabeça e bagunçar seus cabelos.

- Não precisa ter medo, o papai não está zangado com você. - o grande homem sorriu divertidamente querendo quebrar a tensão naquela sala e viu seu filho soltar o ar dos pulmões com alívio.

- Bem, eu sei que vocês precisam ter uma conversa em família mas agora essas crianças precisam comer. Depois vocês conversam. - respondeu Zephora ao caminhar em direção a sala de refeições. - Todos para a mesa, agora. E lavem as mãos.

Os visitantes obedeceram a senhora roxeada, se lavaram e assumiram seus lugares na mesa. Zephora, como sempre, tomou a ponta da mesa como sua posição de matriarca exigia, ao seu lado direito ficaram Dara, Darlan, Romazi e Lira. Do seu lado esquerdo ficaram Sora, Thierry, Otto e Dardeno. Thierry havia feito questão de ficar ao lado da mãe dessa vez, mas o motivo maior era que ele ainda não se sentia confortável para ficar ao lado de Dardeno. O grande homem olhou para sua esposa, como quem procurasse uma ajuda para saber o que fazer e Sora se aproximou dele um pouco, pedindo para ele ter calma e deixar Thierry se sentir bem no tempo dele. Força-lo não era opção.

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora