A Ilha Walgonrei

Perdendo tudo

Dardeno caminhava pelos corredores de sua grande fortaleza com determinação e também com irritação, ele não estava conseguindo encontrar um jeito de acalmar seu temperamento mas isso não iria ser necessário, ja que era assim mesmo que ele e seu primogênito iriam conversar. "Conversar", pois aquilo não era uma confusão de criança, não era um caso de birra, não era um caso de mal criação... Era um caso de traição, bem debaixo do nariz do grande homem e ele havia sido muito idiota de não ter percebido isso antes. O homem grisalho havia colocado Thoros no chão assim que chegaram a fortaleza, mas segurou-lhe firmemente pela mão quase o arrastando pelos corredores do local enquanto seus outros filhos e filhas olhavam curiosos, alguns surpresos, outros nem tanto, mas o que ele sabia era que havia sido um homem cego na luz durante muitos anos.

O menino até mesmo algumas vezes tropeçava durante o caminho, mas Dardeno não se importava. Os dois estavam indo até o quarto em que Dardeno havia lidado com Flea antes, o quarto todo branco, limpo e bem cuidado que mais parecia um quarto de hospital, e durante o caminho, Thoros havia abaixando sua cabeça. Ele estava tão envergonhado que seus olhos não paravam de encarar o chão e seu rosto não parava de ficar quente. Há quantos anos ele não se sentia daquele jeito? Há quantas décadas? Thoros simplesmente não conseguia se quer encarar seu pai e mesmo estando com receio da reação dela, ele queria saber onde estava sua mãe. Provavelmente com alguma criança, como sempre.

O mais velho de todos foi tirado de seus pensamentos quando ouviu a porta grande de madeira escura que se destacava naquele quarto ser fechada com força e o som da batida ressoar por todo o quarto. Aquilo foi o suficiente para a respiração de Thoros parar no mesmo instante.

- Pai... - Thoros chamou pelo seu pai quando ele foi solto do aperto do mesmo e Dardeno começou a caminhar até uma das grandes cômodas do quarto, abrindo o móvel e tirando de la a tão temida palmatória de madeira escura. Os olhos do loiro de arregalaram no mesmo instante e ele sentiu medo, muito medo. - Pai! Papai, calma, calma! Eu posso explicar! - ele levantou as mãos na frente de seu corpo como se aquilo fosse protege-lo da ira do pai que estava esgotado de paciência, era muita decepção em pouco tempo, muita enganação, muita traição... Céus!

- Explicar? Me explicar oque, Thoros? Usar de mais artifícios seus para me enganar? Acha que sua lábia vai fazer mudar TUDO o que eu ouvi naquela praia?! - Dardeno deu passos ameaçadores em direção ao seu filho e viu nos olhos azuis do menino que ele estava com muito medo dele. Ótimo, ele queria isso mesmo. - Você realmente está brincando comigo seu moleque!

- Não, papai! Não! Por favor! - Thoros não via outra alternativa a não ser implorar pela compaixão de seu pai, e isso era humilhante para ele depois de tantos anos. Agora ele não parecia um jovem adulto, ele mais parecia um garotinho assustado. - Desculpe! Desculpe!

- Me dê a sua espada. - ordenou o pai estendendo a sua mão em direção ao rapaz que olhou para ele mais descrente ainda. - Thoros, eu estou mandando.

- Não... - o loiro quase engasgou. - Por favor, tudo menos isso papai, por favor! - Thoros sabia muito bem o que aquela ordem em forma de pedido significava e isso lhe provocou calcários por todo o corpo! Ele segurou-se ainda mais firme em sua espada, sua única garantia de proteção a sua dignidade.

- Chega!

Dardeno colocou a temida palmatória sobre a cama grande e caminhou até Thoros com muita determinação e levou suas mãos até a espada do rapaz a puxando da cintura do mesmo, entre os protestos do mesmo. O homem jogou a espada de lado com fúria e trouxe seu filho consigo para a cama, onde se sentou rapidamente e o praticamente jogou Thoros sobre seus grandes e firmes joelhos. O grande homem decidiu que Thoros não merecia uma conversa antes de apanhar, não merecia se quer conforto após a surra, ele estava tão irritado que precisava controlar sua ira o máximo possível ou iria machucar seu filho ingrato.