O começo

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- Então... você tem uma espada, uma faca e uma pistola... - Sora comentou ao olhar para o menino de costas para ela enquanto ele mesmo se lavava.

- Mosquete. Na França, aquilo se chama Mosquete. - Thierry respondeu ao jogar um pouco de água sobre seus ombros.

- Ah, claro... - a mulher sorriu. - O que você era lá? Você era um pirata?

- Deus, não. - ele sorriu com a suposição da mulher. - Nos chamam de mosqueteiros, somos uma guarnição que protege a família real e vive a serviço da coroa. Para ser mais exato, somos soldados com um nome diferente.

- Oh, e você faz parte disso a muito tempo?

- Quase toda minha vida. - Thierry sentiu sua visão falhar, como uma vertigem momentânea e logo voltou ao normal. Levou sua mão até o rosto e o lavou. - Ser mosqueteiro é tudo o que eu tenho.

Sora sentiu uma pontada de tristeza na voz daquele jovem, ele falou melancólico e suavemente. Ela respirou fundo o avistado jogar água em seus cabelos escuros e puxar o excesso para trás. As costas de Thierry eram bem definidas, ele não parecia ser um homem muito jovem mas também não parecia ser velho. Era um rapaz maduro. Porém, provavelmente estava sozinho no mundo. Sora se sentiu inquieta com curiosidade, mas não queria encher o rapaz de perguntas.

Rapidamente, Thierry se segurou nas bordas da banheira com força. Sentiu como se seu corpo fosse falhar a qualquer momento e se forçou a manter-se direito. No entanto, aquilo não passou despercebido ao olhar atento de Sora. Ela sabia que aquele menino não estava em condições de ficar sozinho naquela banheira grande para seu tamanho.

- Você está bem? Está sentindo alguma coisa? - ela se aproximou preocupada do mosqueteiro que se cobriu nas partes íntimas por instinto e a olhou.

- Estou bem, eu estou bem sim...

- Por favor, não minta para mim Thierry. - a voz de Sora fez Thierry se sentir culpado e idiota. Como ele conseguiria esconder aquela tontura do olhar atento da mulher grande? Se sentiu injusto ao mentir para Sora, mas estava preocupado com ela tão perto. - O que você está sentindo?

Ela perguntou mais uma vez, e como o bom cavalheiro que ele era, decidiu lhe dizer a verdade por cortesia e educação.

- Eu... fiquei tonto por um momento. Mas já passou, estou bem agora. - ele sorriu tentando passar confiança para a mulher que mordeu o lábio inferior e começou a arrumar o cabelo loiro rosado em um coque alto, deixando bem aparente os seus ombros e o colar que ela usava.

Ela tinha que tomar uma iniciativa, tinha que agir, não ficaria parada vendo uma criança precisar de seus cuidados quando estava indisposto. Seu lado de mãe falou mais alto do que seu lado de amiga.

- Venha aqui. - chamou ela ao por sua mão nos ombros do menino que a olhou surpresa. - Vou te ajudar a terminar esse banho...

- Espere! Não! Você disse que eu poderia me banhar sozinho! - ele respondeu atônito com o pensamento daquela mulher lhe banhar como se ele fosse uma criança que não soubesse fazer isso. - Sora, por favor!

- Não, Thierry! - ela o olhou seriamente vendo ele tentar se soltar dela. - Sim, eu disse que você poderia se banhar sozinho mas você não vai conseguir se banhar sozinho caso desmaie dentro dessa banheira e se afogue. Eu sinto muito, mas eu vou terminar seu banho sim então por favor, seja bonzinho.

- Espere, espere, eu vou ficar bem, eu juro!  Foi só uma tontura pequena, não vai voltar a acontecer!

- Querido, calma, é só um banho, vai ser rapidinho... - ela falou com calma e com carinho o segurando pelo braço esquerdo dessa vez e ensaboando sua outra mão com o sabão.

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora