"Eu agradeço"

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Flea tocou a água na grande banheira feita no chão da casa de banho e entortou a boca olhando para a mãe que esperava pacientemente o jovem moreno entrar no local, retirando o chapéu que usava, para poder fechar a porta e ter um pouco de privacidade.

- Eu disse que a água ficaria muito fria... - a moça de cabelos cor de bronze enxugou a mão em seu vestido e cruzou os braços encarando o mais novo.

Sora sorriu e retirou alguns panos brancos de dentro dos armários cinzas e se virou para encarar seus dois filhos.

- Bem, eu acho que não teremos tempo para esquentar mais água. - ponderou Sora ao por os panos brancos dobrados ao lado da banheira, colocou sua mão na água igualmente a sua filha e retirou logo depois. - Mas ainda assim a água está boa para ele...

A grande mulher virou-se para o jovem mosqueteiro que a olhou não sabendo ao certo se corria dali ou se encarava o que estava por vir. Thierry era um soldado, treinado e moldado para proteger a família real e servir a coroa, ja havia presenciado muita coisa, ja havia passado por muita coisa. Um banho não poderia assusta-lo, mas ele se sentia tão pequeno, literalmente pequeno, e vulnerável sem suas armas. Mas o pior era a sua consciência, que alegava que aquela mulher de fato não lhe faria nenhum mal.

- Vem meu amor, deixe-me te ajudar. - as grandes mãos de Sora foram até a jaqueta de Thierry e começou, sem pedir alguma permissão, a afrouxar as fivelas e desabotoar os botões.

- O-Oque... Não, senhora, espere! - Thierry se afastou completamente quando ela lhe tirou a jaqueta de couro e o deixou apenas com a camisa branca e fina de dentro. - Eu sei me despir sozinho, senhora.

- Um garoto com vergonha? Essa é nova. - sorriu Flea ao se encostar em uma das paredes observando a cena e recebendo um olhar cansado de Thierry.

- Oh meu querido, não precisa se envergonhar. - Sora sorriu divertidamente ao dobrar a jaqueta de couro de seu menino e a colocando no chão ao lado dos panos brancos. - Está tudo bem, quer que eu peça para a Flea sair para você se sentir mais a vontade?

- Oque? Mas mamãe... - a menina tentou protestar.

Ela nunca ficava de fora quando sua mãe ganhava um filho novo, todos eles confiavam nela e não sentiam vergonha na frente dela, por que logo com aquele garoto ela teria que sair da casa de banho?

- Talvez ele seja tímido, Flea, temos que respeitar isso. - Sora olhou para sua filha que parecia esta chateada e lhe ofereceu um sorriso doce. - Não fica assim minha lindinha, tenta entender o lado dele também...

- Eu agradeço extremamente pelo cuidado e pela preocupação de vocês, mas eu posso me banhar sozinho. Não precisam se preocupar comigo. - Thierry tentou demonstrar confiança para as duas quando deu alguns passos em direção a Sora e levantou o rosto para fita-la. - Eu prefiro ficar sozinho aqui, se não se importam. Não irei demorar...

Sora deu um longo suspiro e olhou para a seriedade que era a face do jovem rapaz. Ela não poderia deixá-lo sozinho e nem iria, ele tinha pudor e vergonha, e isso para ela era normal. Despois de tantas crianças, Sora aprendeu a não se surpreender tanto com as individualidades e a compreender mesmo sem eles lhe falarem nada. A mulher de longos e ondulados cabelos loiros rosados estendeu a mão para a filha e virou o rosto para olha-la com suavidade.

- Flea, por favor querida, saia. - pediu.
- Mas mãe, a senhora pode precisar de ajuda! E se ele...

- Eu vou ficar bem, ele também. Não precisa se preocupar. - Sora sorriu para a menina que se deu por vencida e caminhou até a porta da casa de banho. - Faça um favor para a mamãe meu amor, diga ao papai para não beber antes do almoço, se não eu vou esconder o Run dele. Pode fazer isso pra mim?

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora