Acalento da minha vida

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- Só mais uma, meu amor. Vamos. - Sora estendia sua mão com uma colher de prata para o pequeno homem com uma considerável quantidade de sopa de tomate.

Thierry havia se acalmado, com muito esforço ele consegui cessar o seu choro e agora estava sentado na cama do grande casal, finalmente vestido e com o rosto vermelho. Sora o alimentava com calma, pelo menos aquela sopa estava quase no final e Thierry não tinha feito nada para nega-la. Melhor aquela sopa do que o maldito mingau de tomate.

Ele estava aceitando, mesmo que não muito confortavelmente, mas ele estava aceitando ser alimentado por ela. Depois de tudo que eles dois haviam passado, era o mínimo que ele poderia fazer.

- Eu estou cheio, Sor... mãe. - Ele se corrigiu recebendo um sorriso divertido da loira rosada. - Desculpe, eu ainda estou me acostumando com a ideia de chamar alguém assim....Já fazia muitos anos que essa palavra não saía da minha boca.

- Não precisa ter pressa, querido. Leve o tempo que precisar, está bem? - ela perguntou vendo-o assentir com a cabeça. - Agora, abra a boca. Só mais essa colherada e terminamos.

Diante a promessa da mãe, Thierry abriu a boca e permitiu o alimento lhe ser dado.

- Prontinho, você até que comeu bastante, meu anjo. Bom menino, está de parabéns. - Sora sorriu colocando o prato quase seco e colher sobre a mesa de seu quarto, vendo o menino corar.

Thierry não estava acostumado com aquele tipo de tratamento. Nem com alguém falando com ele naquele tom normalmente falado com crianças e ainda se sentia um pouco constrangido, pelo menos perto de Sora. Mas ele já havia a chamado de mamãe, gritado por ela, implorado sua ajuda enquanto Dardeno o punia sem piedade.

- Eu acho que temos um tempo antes do almoço ser servido, você quer ir para o seu quarto? - Sora indagou curiosa voltando a se sentar sem sua cama, fitando seu filho com carinho.

- Não, não acho que consigo andar agora. - resmungou o jovem mosqueteiro ao passar a mão em sua parte traseira fazendo uma careta.

- Entendo. - disse a mulher. - Então... quer ouvir uma história? Apenas para passar o tempo, o que acha?

- Eu... Eu gosto de histórias. - Thierry sorriu de canto de boca. - Havia um contador de histórias em Paris, ele ia toda a manhã no forte e sempre tinha uma história diferente para contar, como vivíamos lá, não tínhamos tanta diversão durante o dia e as histórias eram até divertidas.

- Oh, eu tenho muitas histórias se quiser, meus filhos as conhecem muito bem mas como você é novo, vai gostar de ouvi-las. Dardeno também tem muitas histórias boas, se você quiser, talvez eu possa...

- Não. Eu não quero nada dele. - Thierry respondeu rapidamente, com sua voz um pouco raivosa e isso deixou Sora curiosa.
- Por que não? - ela perguntou. - Filho, oque...

- Eu não me sinto a vontade para ficar perto dele. Somente de você, não quero ter qualquer ligação com ele. Eu... Eu não estou pronto para isso...

- Thierry, olha para a mamãe. - Sora chamou a atenção do jovem rapaz quando ele desviou o olhar dela e se perdeu nos pensamentos completamente. - Eu entendo que você esteja bem chateado com o que houve, eu mesma estou chateada por ele ter usado a palmatória em você. Mas, meu pequeno, não vamos ser injustos. Você fez birra durante o banho e o mordeu, isso foi muito feio.

- Eu pedi desculpas a ele! Mais de uma vez, ele é inflexível e não ouve. - Ele cruzou os braços com irritação.

- É por que nenhum dos nossos filhos jamais fez isso com ele, ele provavelmente se sentiu desrespeitado por você, quando o que ele só queria fazer era lhe dar um banho. - Sora falava de modo mais adulto com ele, de modo mais lógico, mesmo sabendo que Thierry era o seu bebê ela sabia que ele tinha entendimento de seus atos.

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora