A tentativa

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Apesar daquelas roupas serem de fato confortáveis, Thierry ainda preferia seu bom e velho uniforme mosqueteiro. Sora teve razão ao colocá-lo no Sol, não havia nenhum odor desagradável em suas roupas e ele só precisava agora achar suas coisas. Prendeu o seu cinto com mais firmeza ao redor de sua cintura e colocou o chapéu em sua cabeça, tinha que ser uma sombra, ninguém poderia ve-lo ou então ele voltaria para aquele quarto. Olhou ao seu redor, havia pouco movimento naquela parte da fortaleza, ele sabia que para passar pelo grande portão teria que ficar mais impercetível do que estava.

Encostou-se na parede e ouviu alguns passos se aproximando. Suspirou pesado, ele sempre havia gostado de fulga perigosas mas aquela estava muito além disso. Olhou através do bloco de concreto e viu que quem se aproximava era uma mulher. Ótimo, era sua sorte!

Ele segurou a moça de cabelos de bronze com cachinhos bem definidos e vestido longo de listas e bordados. Ela arregalou os olhos pelo susto e não reconheceu aquele aroma, não era nenhum conhecido.

- Perdoe-me por isso, senhorita, mas eu estou com um pequeno problema e seria muito grato se me ajudasse. - disse Thierry de modo educado e cortês enquanto segurava os braços da mulher para trás de seu corpo.

- E eu seria muito grata se você me soltasse! - Thierry não esperava uma mulher espirituosa, nem que o cotovelo dela se chocasse contra seu peito lhe causando uma momentânea falta de ar. - Quem é você?

- Calma! - tossiu ao por a mão sobre o tronco ainda sentindo doer. Aquela moça tinha bastante força, ele tinha que admitir. - Eu...eu não sou daqui. Não sou dessa Ilha, eu só quero saber onde estão minhas armas para poder ir embora.

- Você não... - a moça franziu o cenho mas depois fez uma expressão como quem lembrava de algo e sorriu. - Ah, claro. Cabelos escuros e de cachos indefinidos, barba e bigode, olhos castanhos escuros e aparência de soldado... Você deve ser Thierry.

- Como sabe meu nome? - indagou o mosqueteiro surpreso.

- Minha mãe me disse, ela pediu para vir lhe buscar para tomar banho. - ela cruzou os braços e o olhou com curiosidade. - Você estava tentando escapar do banho?

Seria bastante cômico mas não seria a primeira vez que ela veria um dos garotos fugir do banho. Ele sorriu pelo pensamento infantil que ela teve em relação a ele.

- Do banho, não. Dessa fortaleza, sim. - disse-lhe Thierry. - Eu não sou daqui, e não tenho vontade de ficar aqui. Sua mãe tem sido muito gentil comigo, mas eu quero voltar para minha casa.

- Oh, você não iria conseguir nem se quisesse. A fortaleza é bem protegida pelos nossos irmãos, nada entra ou sai daqui em o papai saber.

- É reconfortante saber disso... - respondeu Thierry com ironia. - Mas eu preciso das minhas armas, não posso ficar sem elas.

- Pode e vai. Não espere que a mamãe ou o papai lhe dêem seus brinquedinhos antes do tempo, pois isso não vai acontecer. Se você acha que nós sabemos onde elas ficam, desista, ninguém aqui sabe onde o pai guarda as armas dos meninos, além da mamãe é claro. Mas não adianta pedir a ela, ela não vai lhe dizer. - a moça arqueou uma das suas sobrancelhas e analisou o jovem rapaz.

Era sempre assim com os recém chegados na Ilha, especialmente quem chegava no Norte e se tornava responsabilidade do pai e da mãe dela. Ela suspirou profundamente e soltou os braços.

- Eu me chamo Flea, e entendo que você esteja muito confuso e que não queira ficar num lugar que não conhece ainda, mas se quer um conselho, tenta colaborar. Será mais fácil para você. - avisou Flea estendendo a mão para Thierry que a olhou com uma das sobrancelhas arqueadas. - Vem, a mamãe deve esta nos esperando e estamos demorando aqui, logo a água vai ficar muito fria.

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora