Pendências

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- Eu posso saber, porque em nome dos céus, você não deu o chá de Faben para sua irmã?! - perguntou Zephora com irritação ao encarar sua filha mais velha na sala. A mãe segurava em sua mão a varinha com que puniria seus netos e observava a expressão calma de Dara e o nervosismo de Lira logo ao lado da irmã. - Sora não dormiu nem um pingo essa noite! Ela está cansada, não deveria ter mais preocupação!

- Mãe, eu entendo que a senhora ache a criação que Sora dá aos filhos uma criação mais leve do que a que você nos deu. Porém, minha mãe, ela é a mãe deles. A senhora é a avó, tem direitos? Tem. Tem autoridade sobre eles? Tem. Mas nesse caso em específico, é a Sora que deve lidar com eles. - disse Dara formalmente ao cruzar seus braços e fitar sua mãe que a olhava com descrença. - Sora não é totalmente indulgente, mamãe. Ela me disse que vai ter uma conversa seria com os dois meninos, essa história pode acabar.

- Vocês estão tirando a minha autoridade! - esbravejou Zephora. - Eles precisam ter consciência do que fizeram! Foi algo grave! Vocês viram o estado que sua irmã fico! Viram pelo que ela passou por causa daqueles dois moleques irresponsáveis!

- Sim, mamãe, nós sabemos! Mas... - Lira começou finalmente a falar recebendo o olhar irritado de sua mãe e dando um goto a seco. - Sora é a mãe deles... Ela tem o direito de decidir como eles devem ser castigados pelo que fizeram, eu conheço a minha irmã, mesmo que ela odeie ter que fazer isso ela não vai poupa-los de umas boas palmadas!

- Mãe, confie na Sora. Por mais que o jeito dela de educar os filhos não é o jeito que você aprova, ela consegue manter uma fortaleza cheia de crianças em total controle. Ela cria e educa sem precisar ser tão dura, apenas com amor e compreensão. - afirmou Dara ao se levantar do sofá que ela estava sentada e soltou um suspiro cansado. - Eles precisam disso, eles precisam da mãe deles e Sora precisa ficar com eles agora. Fazê-la dormir para poder castigar os meninos mais severamente não parece certo para mim, mamãe.

- Nem pra mim. - Lira afirmou ao fitar sua mãe com um pouco de receio. - Além disso, a senhora vai querer que eles fiquem com medo?

- Oque? Como assim? - Zephora indagou confusa.

- Nenhum dos seus netos já apanhou de varinha da senhora, isso é tipo, a pior surra! Eles são pequenos, mamãe! Como a Sora disse antes, eles são crianças. Otto esta com problemas, e Thierry a conheceu não faz nem três dias. Quer mesmo deixar essa impressão para o menino? De que a senhora é muito dura? E pro Otto? Que a senhora não tem compaixão pelo estado dele? - Lira perguntou calmamente, para não soar algo grosseiro com sua mãe. A grande mulher piscou os olhos várias vezes e rapidamente negou com a cabeça.

- Não! Claro que não! - Zephora respondeu quase que nervosa. - Eu só...

- Eles vão acabar tendo medo da senhora, mãe. - completou Dara. - E a senhora mesma nos ensinou que o respeito não pode ser adquirido através do medo. Eles vão te respeitar, te obedecer, mas terão medo da senhora.

Zephora levantou a cabeça e respirou profundamente. Mas quando voltou o rosto para a posição normal, aliviou seus ombros e sua expressão. Ela tinha humildade o suficiente de saber que suas filhas estavam certas, ela estava tão irritada pelo que seus netos fizeram sua filha passar inconsequentemente que achava que eles mereciam uma surra mais dura. Mas se ela fizesse isso, iria acabar machucando seus netinhos e era a última coisa que ela queria na sua vida. Ela amava aquelas crianças.

Zephora caminhou lentamente até a mesa da sala principal da fortaleza e colocou a varinha sobre ela. Lira e Dara soltaram o ar de seus pulmões, aliviadas e felizes que seus argumentos haviam sido válidos e ouvidos por sua mãe. Mesmo por trás daquela carranca dura, Zephora tinha um bom coração. As duas comemoraram com sorrisinhos, mas quando a mãe se virou para elas, os sorrisos sumiram imediatamente.

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora