Os cinco estavam sobre a cama enquanto Sora terminava de enfaixar novamente o braço de Otto, dessa vez ele estava cuidado, ela havia costurado os cortes mais sérios e passado um pouco da pomada de calendula sobre eles. Em um dia ou menos seu filho estaria totalmente bem, ele era um menino forte, mesmo estando passando por aquele problema interno.
- Vou lhe dar meu sangue, assim você vai sarar mais rápido. - disse Sora calmamente ao terminar as bandagens e guardando seus materiais para cuidar de feridas dentro do seu baú.
- O pai está muito zangado... - murmurou Otto de cabeça baixa, ainda com o rosto vermelho e com cheiro de sabão.
A grande mulher loira rosada soltou um suspiro cansado e frustrado, seu marido sempre fora mais rígido com as crianças até por que ele era um homem antigo, e isso ela podia compreender. Mas desde que Thierry se machucou no banho, até aquele momento, com Otto se cortando por ter as piores memórias da sua vida de volta a sua mente, Dardeno se mostrou inflexível. Se mostrou mais duro que seu habitual e não estava querendo muita conversa, ele só estava agindo e agindo. Mas se isso assustava seus filhos, então ela teria que intervir.
- Ele... talvez ele deva ter se assustado, Otto. Afinal de contas, nenhum de nós fez isso. - comentou Romazi um pouco mais calmo ao esticar seu corpo na cama de seus pais e apoiar sua cabeça na barriga de Darlan, que estava deitado de lado, fitando com preocupação o irmão mais velho.
- Ah, por favor, Romazi! Estava bem evidente que ele estava irado, ele não quis escutar, ele se quer respeitou o fato do Otto esta nos braços da mamãe. - rebateu Darlan com irritação, vendo o olhar de Otto se levantar para ele ainda timidamente. - A questão aqui é como ele soube de tudo...
- Talvez alguém tenha nos visto andando pelos corredores enquanto traziamos o Otto pra cá e foi contar rapidamente para Dardeno. - comentou Thierry, sentado em posição de lótus ao lado do irmão que segurava o braço ferido e quieto.
- Alguém nos dedurou! - Darlan se irritou socando o ar.
- Certamente, mas existem 37 irmãos aqui, não tem como sabermos quem foi. Pode ter sido qualquer um. - Thierry respondeu ao cruzar os braços.
Eles sentiram a mãe voltando a se sentar na cama com uma expressão de chateação e os fitou com suavidade.
- Esta perto de servirem o almoço, acho melhor vocês se lavarem para irem para o salão. - disse Sora ao soltar seus longos cabelos ondulados do coque que havia feito antes.
- Não. - respondeu Thierry rapidamente. - Eu não vou sair daqui, vou ficar com vocês. Não me sinto confortável para encarar Dardeno.
- Nem eu. - confirmou Romazi.
- Muito menos eu. - disse Darlan. - Eu vou ficar aqui com meu irmão, não vou sair de perto dele. Nós fizemos uma promessa.
Sora não poderia se sentir mais orgulhosa, aqueles seus filhos tinham uma cumplicidade, uma ligação que ela admirava, e agora eles haviam aceitado Thierry, o mais novo da família, em seu meio. O apoio fraterno era tão importante quanto o apoio dos pais, e isso Otto tinha de sobra pelo que ela estava vendo.
- Eu agradeço, irmãos. De verdade. - respondeu Otto forçando um pequeno sorriso. O primeiro depois de toda a confusão.
- Eu entendo que vocês queiram ficar aqui, meninos. Mas vocês não podem ficar sem se alimentar. - avisou Sora calmamente. - Mas tudo bem, vocês podem ficar aqui o tempo que quiserem. Eu vou buscar o almoço de vocês e vocês podem comer aqui, o que acham?
Os três assentiram satisfeitos com a proposta da mãe, era isso que eles queriam desde o início.
- Otto, vem, meu amor. - ela chamou, segurando seu filho embaixo dos braços e o trazendo para o seu colo. Otto não protestou, ele queria mesmo fazer com quer a dor de seu braço parasse. Naquela altura, ele há havia se arrependido amargamente de ter feito aqueles cortes.
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A Ilha Walgonrei
VampiroUm mosqueteiro aventureiro ganha um mapa que o levaria a um tão almejado tesouro perdido. Mas em uma tempestade o seu barco acaba afundando, e ele se torna o único sobrevivente do naufrágio em uma grande ilha paradisíaca no meio do nada. A Ilha Walg...