A Ilha Walgonrei

Difícil decisão

Thierry se sentia preso mesmo estando sem algemas. A irritação era visível em seu rosto, ele não conseguiria sair daquela Ilha facilmente, mas quem disse que seria fácil? Ele poderia sim conseguir um barco, mesmo que não fosse do modo mais cortês. O que seria no caso, roubar. Mas aprendeu durante seu treinamento que vale tudo pela sobrevivência, ele não podia confiar naquelas pessoas. Ser filho do homem que era conhecido como um monstro nos mares? Ele só podia esta louco se achasse que Thierry iria aceitar aquele pedido.

A noite havia caído, e com ela a incerteza. Ele havia tirado sua jaqueta e ficado apenas com a blusa branca. Estava inquieto, pensativo, não podia agir pelo impulso como fez durante o almoço, tinha que ser mais esperto que aquilo e ele sabia que era. Durante toda a tarde, Thierry não saiu do quarto. Achou melhor não se misturar tanto com aquele povo. Darlan, Otto e Romazi haviam sido bons com ele, bons até de mais, mas Thierry não podia abrir mão de sua liberdade para tentar recompensa-los.

Ouviu passos se aproximar do quarto e a porta se abrir, dando-lhe visão de Sora com uma expressão gentil adentrando o local.

- O dia hoje para você foi muito difícil não foi, meu querido? - ela andou lentamente até Thierry que estava sentado no centro da cama e a fitou sem expressão. - Sinto muito se meu marido não telha lhe dado muito escolha...

- Ele não me deu escolha alguma, senhora. - Thierry interrompeu a mulher que soltou um suspiro pesado.

- Sim... e receio que isso tenha te chateado. - ela deduziu ao abaixar seu grande corpo do lado da cama de Thierry. Dobrando seus joelhos para trás e o fitando com compaixão.

- Eu só quero voltar para Paris. Esse não é o meu lugar. - respondeu-lhe o rapaz.

- Agora é, meu menino. - ela respondeu com calma, mas aquilo incendiou ainda mais a irritação de Thierry que sentiu seu controle para manter a educação ir se rachando até romper de vez.

- Eu não sou seu menino! Eu não sou uma criança! Céus, o que fazem vocês pensarem que podem me tratar desse jeito? - Ele indagou saindo da cama e andando em passos duros pelo quarto. - Eu sou um homem! Senhora, um homem!

- Meu bem, calma... Não é como se...

- Como você acha que eu me senti quando você forçou a me lavar daquele jeito hoje mais cedo? - ele indagou fitando a mulher com seriedade e havia irritação em sua voz. Muita irritação. - Você não me conhece e eu não te conheço, e mesmo assim você me tocou nas minhas partes íntimas como se eu fosse um bebê que não sabe se lavar no banho!

- Thierry, não seja injusto, você poderia ter desmaiado na banheira. Acha mesmo que eu deixaria isso acontecer com você?  - a voz de Sora saiu um pouco ofendida e ao mesmo tempo surpresa com o comportamento do garoto diante dela.

- Deveria ter pelo menos respeitado o meu espaço! - ele elevou um pouco a voz. - Eu não sou uma criança que precisa dos seus cuidados.

- Não é o que parece. - O rosto de Sora endureceu e ela apoiou-se na cama para se levantar e olhou para o jovem mosqueteiro, agora um tanto rebelde, o fazendo levantar o rosto para fita-la. - Esta nesse exato momento se comportando como uma criança que teve algo lhe negado. Sim, você pode ser um homem, e eu percebi isso pelo tamanho do seu pênis.

O rosto de Thierry ficou corado no mesmo instante, sentiu as bochechas esquentarem como dois pimentões ao ouvir Sora falar da sua nudez com tanta naturalidade.

- Mas aqui, meu doce menino, você não passa de uma criança. Eu tenho mais anos do que você pode imaginar e você deve ter algo na faixa dos vinte... Nós podemos nos defender sem armas, você ainda não. - ela cruzou os braços o olhando de cima com firmeza e isso fez Thierry se sentir muito menor, mais do que ele já era perto de Sora. - Não me tome por alguém insensata que não se importa com o que você sente... Eu me importo sim, e muito. Mas eu não vou ficar de braços cruzados sem fazer nada vendo um garoto precisando de mim!