Mais que um casamento

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Todos estavam tomando seus lugares no grande jardim da fortaleza Newgate, haviam flores de todos os tipos pelos arredores do local preparado para a cerimônia de casamento. Tinha um forte cheiro doce no ar, os bancos de madeira estavam devidamente decorados com panos brancos com alguns puxando para a tonalidade rosa ou azul, e na divisão do meio entre as linhas dos bancos haviam pétalas vermelhas jogadas pelo chão. Tudo era simples, mas tudo era bonito. Thierry se viu curioso ao não ver nenhuma autoridade no lugar de deveria ser o altar da cerimônia e logo tomou seu lugar ao lado de Darlan e Otto. Ele precisava se manter longe dos olhos de sua mãe, para que ela não se lembrasse as pétalas de rosas que ele não havia pegado por motivos óbvios: Ele ter testemunhado a fornicação de sua irma com aquele homem que mais era um animal na concepção do mais novo.

- Você está pálido, Thierry. - comentou Darlan curioso ao se virar para o jovem mosqueteiro - Viu um fantasma ou viu a vovó? - quis saber com humor, conseguindo até tirar um sorriso do mais novo.

- Nenhum desse dois. Mas o que vi foi bem mais... explícito. - Thierry respondeu com um pouco de desgosto, afinal de contas Flea era sua irmã para todos os efeitos agora, por mais que ele não gostasse dessa ideia ainda.

- Algum problema? - quis saber Romazi ao esticar seu pescoço para ouvir a conversa dos irmãos.

- Aqui não é o melhor lugar para falar sobre isso. Quando a cerimônia acabar, eu conto tudo a vocês. - respondeu o jovem rapaz ao receber olhares curiosos de seus irmãos mais velhos. - Não terá um padre ou um juiz para realizar esse casamento? - perguntou apontando para o dito altar.

- Os casamentos aqui são diferentes, Thierry. - explicou Otto com calma. - O casal apenas diz os votos um para o outro, todos os convidados são testemunhas da concretização do casamento. Não precisam de um padre nem de juiz.

- Pensei que o ministro realizaria o casamento... - comentou o rapaz ao levar seus olhos escuros até o homem alto com cara carrancuda e sentiu um calafrio só de o ver se mover. Aquele homem dava medo, muito medo.

- A função do ministro nessa Ilha é totalmente diferente disso... - comentou Darlan com uma voz baixa ao cruza os braços sem olhar para o homem esbelto. - Digamos que ele seja responsável pela a aplicação das leis familiares e das leis da Ilha e quando elas são desobedecidas inúmeras vezes, ele se torna o responsável pelo castigo que o infeliz mal educado sofrerá. 

- Oque? - Thierry ficou chocado. - Ele tem autoridade para nos bater?

- Enquanto estivermos com nossos pais, não, ele não tem autoridade para nos bater. - continuou Romazi entrando na conversa. - Porém, se alguém ficar sobe a tutela dele, então aí sim ele terá toda a autorização para bater.

- Ele é um disciplinador. - disse Darlan vendo a expressão atônita no olhar de seu irmãozinho. - Pega os casos mais difíceis de crianças que mesmo sendo castigadas pelos pais, não obedecem, não mudam o seu jeito de agir e as leva para a fortaleza Ketryel. Onde ele se torna responsável por reeducar essas crianças e assim que ele achar que elas estão prontas, irá devolve-las aos pais.

- Dardeno e Sora...

- Eles nunca deixaram um filho ser levado por ele. - afirmou Otto, causando um pouco mais de alívio em Thierry. - Mesmo que o filho seja difícil, eles sempre vão querer lidar com ele.

- Diferente das outras famílias. - Darlan sorriu de canto de boca. - Os Voronof são os que mais mandam crianças para a fortaleza Ketryel, ouvi dizer que Garlen Voronof não tem muita paciência com crianças e a esposa dele não tem muita voz.

- Tenho pena que quem aparece no Leste. - resmungou Romazi. - Não há muita escolha para eles. Tivemos sorte de chegarmos no Norte da Ilha.

- Tivemos mesmo. - concordou Otto.

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora