Thierry não sentia mais tanta dor em seu ombro e em sua cocha, mas ainda doía, pouco, mas doía. O jovem mosqueteiro ainda chegou a acordar na noite de todos os acontecimentos, dolorosos e constrangedores, e foi alimentado com sangue de sua mãe por alguns minutos, isso iria aumentar sua cicatrização e faria suas feridas doerem bem menos. Mas, por recomendação de Zephora, Thierry não estava usando calças e isso o deixava constrangido e irritado. Constrangido por so ter sua manta lhe cobrindo as partes íntimas, e irritado por querer vestir uma calça e sua "avó" não permitir que Sora o vestisse. Zephora era autoritária e sabia o que fazia, mas Thierry não queria passar mais um dia pelado no quarto de seus pais, ele não tinha acostumado com isso ainda e era ruim ainda a sensação de vergonha e vulnerabilidade.
O menino adormeceu depois de beber o sangue da mãe e acordou no dia seguinte bem melhor, Sora o banhou em seu quarto mesmo, em uma bacia grande, a mesma que ela havia banhado Otto no dia em que descobriu os ferimentos causados por ele. A loira rosada deixou a água um pouco mais morna que o habitual e deu banho em seu filho com calma e carinho, com todo cuidado do mundo com suas feridas. Thierry não fazia mais escândalos nos banhos ja fazia um tempo, mas isso não significava que ele estava acostumado a ser banhado ainda, ele se comportava, mas ainda chorava. Chorava quando sua mãe precisava lhe lavar a intimidade traseira, e Sora compreendia isso. Ele estava no início de sua vida praticamente, ela não poderia esperar agora que ele brincasse no banho assim como Darlan e ela respeitava as lágrimas de Thierry.
Terminado o banho, Sora limpou bem as feridas de Thierry e isso causou alguns gemidos dolorosos do pequeno e talvez algumas lágrimas, mas ela fez tudo com muita ternura enquanto cantarolava a canção que Thierry ja havia aprendido desde que chegou na Ilha. Sora estava calma, e começou a passar as pomadas nos locais baleados e os enfaixou novamente, permitindo que pelo menos ele vestisse uma camisa branca bem larga e de tecido fino. Enrolou a cintura de Thierry com um pano mais escuro e se sentou na grande cama ao trazer o pequeno homem para seu colo, Thierry corou na mesma hora e sentiu suas bochechas esquentarem ao achar que sua mãe tinha intenção de lhe amamentar. Mas suspirou aliviado quando Sora levou seu dedo mindinho até a boca e fez uma pequena perfuração no mesmo com uma de suas presas e o levou até a boca de Thierry, que aceitou de bom grado o remédio mais eficaz.
- Isso, meu doce... - Sora elogiou ao ver o menino engolindo o sangue oferecido, com uma certa fome na verdade. Thierry ainda estava aprendendo a controlar sua sede de sangue e em momentos assim ele podia passar da cota de apenas beber uma vez por semana. - Bom menino - ela dizia calmamente ao acariciar os cabelos molhados do seu bebê o vendo sugar fechando os olhos.
Aquilo acalmava Thierry, e por pouco tempo ele esquecia que estava machucado. Eram momentos delicados, ele sabia, maternos que ele só tinha com sua mãe e adorava. Tinha que admitir, ele adorava. Sora havia se tornado mais que sua mãe, ela era seu porto, a quem ele sabia que sempre estaria ali para ele. Thierry sem lembrava do quanto havia sido injusto com ela no início, do quanto havia sido ingrato e orgulhoso, achando-se melhor que isso e naquele momento ele estava ali, no colo aconchegante dela e bebendo de seu sangue. Ele gostava de conversar com ela, e secretamente adorava ser chamado de "acalento", o fazia se sentir melhor e aceito de todas as formas. Thierry se ataca construindo uma ótima relação com seu pai, Dardeno estava mudando como havia prometido e Thierry via os esforços dele. E apesar de ja gostar muito dele como seu pai, de respeita-lo e de até mesmo já ter gritado por ele, ele ainda amava muito Sora como sua mãe. Foi uma relação construída em cima de confiança, Thierry confiava nela a sua vida agora, e estava passando a confiar em Dardeno também. Pela primeira vez em sua vida, ele podia dizer que tinha "pais".
A porta do quarto do casal foi aberta e Sora olhou com curiosidade para ver quem entrava. Thierry abriu os olhos mas não se moveu, ainda estava com o dedo mindinho de sua mãe na boca. Mas quem a grande mulher avistou foi seus três meninos, Darlan, Romazi e Otto, adentrando o quarto e avistando sua mãe com seu irmãozinho no colo enquanto ele se alimentava.
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A Ilha Walgonrei
VampireUm mosqueteiro aventureiro ganha um mapa que o levaria a um tão almejado tesouro perdido. Mas em uma tempestade o seu barco acaba afundando, e ele se torna o único sobrevivente do naufrágio em uma grande ilha paradisíaca no meio do nada. A Ilha Walg...