O primeiro conhecido

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Os olhos castanhos de Thierry abriram-se mais uma vez, mas agora ele via luz. Bastante luz. Luz até de mais. Levantou seu tronco e percebeu que estava em uma superfície macia e quente, passou sua mão e olhou para baixo. Ele estava em uma cama? Olhou ao seu redor, era um quarto espaçoso, com o teto bastante alto e iluminado por bastantes velas. Tinha uma aparência rústica, mas suas pareces eram claras, e o chão era avermelhado. Onde ele estava? Não havia ninguém naquele quarto além dele. Thierry retirou o cobertor branco que estava sobre seu corpo e se sentou na cama colocando seus pés no chão.

Ele não estava com suas roupas, pelo contrário, usava uma camisa folgada protegida por dois suspensórios de couro e uma calça não tão apertada que ia até suas canelas. Olhou de um lado para o outro e nenhum sinal de suas vestes. Franziu o cenho.

Avistou uma grande porta de madeira, então se levantou e foi até ela a abrindo. Um vento frio atingiu seu corpo mas ele pode ver que estava de dia. Colocou a mão para proteger seus olhos, e saiu do quarto. Era um enorme corredor, com várias portas viradas para janelas abertas iluminando o local. O tempo era agradável, não tão quente, mas também não tão frio. Thierry foi até uma das janelas em frente ao quarto em que estava e olhou a região. Havia bastante verde, mas dava para ver focos de fumaça em alguns lugares distantes uns dos outros. Seriam moradores? A vila podia ser habitada por pessoas normais e não selvagens canibais.

Suspirou pesadamente encostando sua testa na madeira da janela quando ouviu passos em sua direção.

- Olá!

Ele virou os olhos rapidamente e avistou um homem de aparência forte, com uma jaqueta de couro parecia com as que os mosqueteiros usavam e calças pretas acompanhas de botas escuras. Era apenas um pouco mais alto que Thierry, tinha uma pele bastante morena, cabelos negros curtos encaracolados, acompanhados por uma barba não tão cheia em baixo do queixo do mesmo e um bigode grosso. Olhos escuros com uma cicatriz que lhe riscava o olho direito. Mas apesar dessas características, ele tinha um ar jovem.

- Vejo que já acordou, sorte sua que consegiu sobreviver até chegar aqui, não são muitos que conseguem. - sorriu animadamente ao encostar seu corpo na parede e encarar o jovem mosqueteiro. - Eu me chamo Darlan, eu e o Otto encontramos você na areia da praia a poucos metros daqui. Para falar a verdade, achávamos que você estava morto. Mas quando voltamos, você estava em pé apontando uma espada para nós. Você não se lembra disso, lembra?

Thierry percebeu que o homem era bem falante, suspirou absorvendo cada palavra que ele havia dito sem pausa e o olhou de canto de olho.

- Sinceramente...Lembro-me de poucas coisas. - respondeu-lhe virando-se e sentando no chão.

- Imagino, você engoliu tanta água salgada que poderia acabar virando um peixe. - comentou Darlan olhando para fora da janela, mas de canto de olho via o jovem rapaz passar as mãos pelo seu rosto com inquietação. - O que foi? Sempre acorda de mau humor assim?

- Eu não estou de mau humor.

- Não é o que parece.

- Você não me conhece, tudo bem? Não sabe quando estou de bom ou mau humor. - disse Thierry ríspido ao colocar suas mãos sobre seus joelhos. Percebeu que não tinha sido nem um pouco educado, Jean provavelmente diria para ele ficar calmo diante aquela situação, mas ele estava sozinho e entre desconhecidos. Não tinha como ter muita calma. - A propósito, já que eu sou prisioneiro de vocês, por que não estou com algemas?

- Prisioneiro? - Darlan franziu o cenho. - Algemas? - gargalhou alto. - Você não precisa disso, se quiser sair eu tenho certeza que o pai e a mãe vão respeitar seu desejo. Bom, mas você não terá como ir tão longe, e da Ilha você não vai conseguir sair. Ninguém vai lhe dar um barco.

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora