A Ilha Walgonrei

Aceitação

- Pelos céus! Como isso aconteceu?! - Sora perguntou sentindo os nervos do seu corpo começarem a lhe trair quando ela avistou seu marido e seus filhos adentrando a fortaleza por um local mais reservado, apenas a mãe e as irmãs de Sora haviam ficado no Norte pois souberam do que havia ocorrido através da loira rosada e acharam melhor ficarem lá.

Dardeno segurava Thierry contra seu peito e com sua outra mão ele segurava a mão de Flea, a menina tinha o rosto baixo enquanto o caçula do casal gemia de dor no braço do pai.

- Mikhail baleou ele duas vezes. - avisou Dardeno com um ar de cansado, porém ele estava preocupado com o estado de seu menino que o percurso todo veio tentando segurar seus gemidos de dores.

Thierry era um rapaz forte para aguentar dor, mas com duas balas alojadas em seu corpo não tinha como ele fingir que não estava doendo. Estava doendo miseravelmente! Ele segurava a roupa de seu pai com tanta força que quase ja sentia as juntas de seus dedos começarem a doer também, mas ele tinha que se apegar em algo e durante a volta para o Norte o seu pai era o único em que ele podia se apegar.

- Ele perdeu muito sangue...- avisou o homem grisalho ao ver sua esposa correr em direção a eles, com os olhos marejados e com nervosismo a flor de sua pele. - Sabe que ele não corre risco de vida, querida. Mas ele precisa de cuidados.

- Não precisa se preocupar, mamãe... - Thierry tentou forçar um sorriso para passar tranquilidade para sua mãe, porém todo movimento que ele fazia, sua perna e seu ombro doíam como o inferno.

Como um mosqueteiros, ele sabia como era a dor de uma bala em seu corpo. Ele mesmo já havia sido atingido várias vezes em suas missões junto com seus companheiros de guarnição, e sobreviveu a todos aqueles ferimentos, porém nem sempre eles estavam prontos para uma bala, Thierry poderia passar por isso mil vezes e todas as mil vezes seriam malditamente dolorosas como a primeira.

A loira rosada não acreditou nem um pouco no que seu filho havia lhe falado pois ela via em sua face a expressão de dor que ele estava sentindo. Ela estendeu as mãos para seu menino e começou a traze-lo para si com calma e cuidado para não machuca-lo ainda mais.

- Vem, meu amorzinho. Vem com a mamãe... - Sora só queria seu filho em seus braços, ela não podia acreditar que em uma hora o seu bebê estava bem e agora ele estava machucado! - É claro que eu vou me preocupar, você está machucado! Sangrando! Céus!

Thierry se soltou de Dardeno, por mais que ele se sentisse bem nos braços de seu pai, ele só queria o colo de sua mãe naquele momento. A grande mulher trouxe seu filho mais novo para seus braços e avistou a roupa de seu marido que estava muito manchada de sangue, sentiu medo. O jovem mosqueteiro inalou o cheiro inconfundível e reconfortante de sua mãe, ele sabia que já estava bem, afinal de contas ele já estava em casa e seus pais tomariam a frente de tudo.

- Vamos cuidar de você, meu bebê, vai ficar tudo bem... já vai passar...já vai passar... - Sora dizia quase como um mantra para si mesma e não para Thierry, pois ela estava inquieta e nervosa, enquanto Thierry só queria ficar quietinho em seus braços para não sentir tanta dor.

- Sua mãe ainda está na fortaleza, chame-a para lhe ajudar a cuidar dele. Precisam tirar essas balas o quanto antes e você está muito nervosa para fazer isso... - Dardeno tocou o ombro de sua esposa e lhe pressionou um beijo em sua testa, vendo-a acariciar os cabelos de Thierry com doçura. - Depois eu lhe contarei tudo com mais precisão.

Sora assentiu ao puxar bastante ar para seus pulmões e olhar para seus filhos que tinham acompanhado seu pai.

- Por favor, chamem a vovó para ela vir me ajudar a cuidar do irmãozinho de vocês. - ela pediu.