Quinze minutos de viagem e Renato continuava imóvel na cabine da velha camionete S10 da avó. Quando viu o cowboy dirigindo o carro da avó, ele ficou surpreso. Wesley, percebendo a curiosidade estampada na cara do rapaz, revelou que sempre usava o carro de Vanda para ir a Rio das Pedras – inclusive em festas.- Prometi para sua avó que a gente ia se divertir muito hoje – disse Wesley, enquanto entrava no carro.
Lembrando da promessa de Wesley à avó, Renato achou graça, mas tinha dúvidas se iria se divertir mesmo. Tudo levava a crer que não. Pensando friamente e avaliando a situação, sua presença em uma festa de igreja era uma tragédia anunciada. Por que ela tinha aceitado participar daquela merda toda?
Um solavanco no carro, trouxe Renato de volta à realidade. Ele percebeu que seu corpo estava ficando dormente, tamanha a tensão que sentia naquela cabine da S10. Wesley mexeu no rádio e sintonizou uma estação local, que passava tocava uma dessas duplas sertanejas, que para Renato, sempre pareciam as mesmas. De repente, ele se viu movendo a cabeça em tom negativo, mesmo sem querer.
- Que foi? Não gosta de Jorge e Matheus?
- Quem?
- Jorge e Matheus – Wesley apontou para o rádio.
- Não tenho a menor ideia de quem seja esse Jorge Matheus.
- Jorge e Matheus – Wesley fez questão de enfatizar o E. – É uma dupla, não uma pessoa.
- Tudo bem, então.
- Eles são ótimos... você deveria ouvir de vez em quando...
Renato olhou incrédulo para Wesley.
- Obrigado... eu passo.
- Precisa ouvir coisas diferentes, rapaz. Fica preso a essas bandas gringas que só sabem gritar. Isso não é saudável.
- Não são gritos, são músicas. Músicas muito boas, diga-se.
- Para mim, parece gritaria.
- Primeiro, crítico de moda... agora é crítico de música. Tem mais algum talento escondido aí, moço?
Wesley deu de ombros.
- Quem sabe. Talvez, até o final da noite, você descubra algum.
Enquanto Wesley riu, Renato voltou a retesar o corpo e olhar para frente fixamente. Era melhor parar por ali, ficar quietinho. Aquela conversa poderia levá-los a lugares desconhecidos e arriscados. Sem dizer, que ainda existia a possibilidade de Wesley estar aprontando alguma coisa para ele.
Renato tentou se manter firme, mas o perfume delicioso de Wesley o torturava. Um breve olhar e ele sentiu seu corpo se arrepiar ao ver a barba mal feita do rapaz e aquela pele morena. Por que ele tinha que ser tão lindo, tão sexy, tão atraente e tão cheiroso?
O incômodo aumentou na cabine da S10. Renato tentou controlar até a própria respiração
- Está tudo bem com você?
- Sim. Por que não estaria?
- Sei lá, você parece tenso.
- Impressão sua.
Wesley se ajeitou no banco da camionete.
- Olha, se você não estiver se sentido à vontade, a gente pode voltar para a fazenda. Não quero que se sinta obrigado a fazer nada.
- Relaxa, eu estou de boa.
- A ideia, hoje, é que a gente se divirta como se não houvesse amanhã. Por isso, preciso que você fique bem relaxado.
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Entre Meninos (Romance gay) - Concluído
Ficção AdolescenteQuando a mãe de Renato o avisa de que eles passarão o mês de férias na fazenda da avó, o rapaz fica indignado. Amante de roque, cinema, séries e literatura; Renato é um típico menino da cidade. Passar um período entre vacas e cavalos, no meio do mat...