Cap. 44 - A ESTRATÉGIA DO PREDADOR

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Se tivesse prestado um pouco mais de atenção, quando deixou o prédio de Wesley, Renato teria notado o Corolla preto parado no estacionamento, ao lado do prédio vizinho. De dentro do veículo, protegido pelos vidros escuros, Manuel observou o filho deixar o local e seguir em direção à Avenida Universitária. Esperou que o rapaz sumisse atrás dos outros prédios, que serviam de residência para os alunos. Uma vez fora da visão do pai, dificilmente Renato voltaria e isso o deixaria livre para fazer o que tinha que fazer.

Certo de que a barra estava limpa, Manuel pegou o casaco jogado no banco do passageiro, abriu a porta do carro e saiu. Embora o sol estivesse forte, o vento que soprava no começo da tarde já era gelado o suficiente para justificar o uso do casaco, e o casaco daria a proteção necessária.

Manuel acionou o botão da chave, travando o Corolla e seguiu confiante pelo estacionamento. Poucos metros o separavam do prédio para o qual ele se dirigia. Duas moças extremamente magras e que poderiam muito bem se passar por vendedoras de miçangas na orla do Rio Estige vieram em sua direção, seguiram reto e foram para o prédio onde ele havia estacionado.

Caso tivessem parado para ver, as meninas teriam percebido que uma careta quase imperceptível se formou no rosto de Manuel, quando ele passou por elas. A imagem, exageradamente hippie das meninas, causava-lhe repulsa. Ele não entendia por que precisava pagar impostos caríssimos para sustentar aquele tipo de gente na universidade.

Aquelas eram os tipos de moças que, com certeza, estudavam artes ou qualquer coisa inútil. Elas também lhe lembravam que Renato tinha uma quedinha por artes. Algo que ele nunca conseguiu aceitar. Para falar a verdade, havia muitas coisas na vida do filho que eram difíceis de aceitar, mas em pelo menos uma delas ele daria um jeito naquela tarde.

Manuel subiu as escadas e chegou ao corredor, conferiu o número anotado no papel, aproximou-se da porta e bateu.

Poucos minutos, que pareceram horas intermináveis, passaram até que a porta fosse aberta. Wesley arregalou os olhos espantado e conferiu se havia mais alguém no corredor, antes de falar.

- Pois não...

- Boa tarde, Wesley, posso entrar?

Entre Meninos (Romance gay) - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora