Assim que os rapazes entraram na sala, Renato sentiu-se aliviado por vê-la completamente deserta. Era como se tivesse ganhando um pouco mais de tempo antes da batalha que se anunciava. O coração que andava acelerado foi, aos poucos, voltando ao ritmo normal e ele tentou disfarçar seu contentamento. Não queria que Wesley achasse que ele fosse um covarde ou coisa do tipo. Wesley estava animado com a súbita tomada de coragem de Renato, e o rapaz não queria desapontá-lo. Não queria que pensasse que ele estava fugindo daquela situação, embora, na prática, ele estivesse.
- Ué, onde foi parar todo mundo? – perguntou Wesley, girando sobre o calcanhar, buscando por sinal de alguma alma viva.
- Devem estar escondidos em algum canto da casa, esse lugar é enorme... normal que as pessoas se percam por aí – comentou Renato, torcendo para que ninguém aparecesse de repente. – Vou subir para tomar um banho.
- Também preciso de uma boa chuveirada. A gente se vê? – perguntou Wesley, passando a mão pelo rosto de Renato, fazendo-o gelar. Alguém poderia entra na sala, de uma hora para outra, e pegá-los naquele clima de intimidade. Seu pai poderia aparecer ali a qualquer momento.
- Com certeza...
- Beleza, então.
- Beleza... – repetiu Renato.
Renato acompanhou Wesley com os olhos, enquanto ele se dirigia ao seu quarto, próximo à biblioteca e, em seguida, subiu as escadas apressado. O desejo de não ser flagrado na sala, e convidado para uma conversa que não queria ter, era tal, que ele pulou os degraus de dois em dois.
O corredor, no segundo andar da casa, também estava mergulhado no silêncio e se achava completamente deserto. E, outra vez, Renato agradeceu à própria sorte. Não havia sinal algum de pai, mãe... de ninguém. Com medo de que um parente surgisse de uma das várias portas, ele foi diretamente para o seu quarto, virou a maçaneta e entrou, fechando a porta atrás de si rapidamente (Agora estou em segurança!). Somente quando se sentiu completamente a salvo (de ter que enfrentar seu próprio destino), foi que ele soltou o ar dos pulmões, aliviado.
- Tudo bem, maninho?
Renato deu um pulo e virou-se assustado na direção da voz às suas costas. Levou alguns segundos para se recompor do susto e conceber a imagem de Suzy deitada em sua cama, sorridente e feliz. Niall Horan, segurando um violão, parecia muito à vontade olhando para Renato direto da camiseta da irmã.
- O que você tá fazendo no meu quarto?
- Vim te fazer uma visita. Estava com saudade. Você sumiu o dia todo, estava preocupada. Cheguei a imaginar que você tivesse sofrido um acidente.
- Pra seu azar, não sofri.
- Afff, credo. Eu nunca que ia desejar isso, imagina. Não quero que você morra num acidente, maninho.
- Pena que eu não posso dizer o mesmo – murmurou Renato, sem pensar muito no que estava falando.
- Mas, agora eu tô mais calma, sabendo que você tá bem...
- Pronto! Já viu que eu estou muito bem, obrigado. Agora pode ir.
Suzy passou a mão pelo lençol da cama, alisando-o com gestos exagerados.
- Relaxa, a gente nem conversou direito. Gosto do seu quarto. Ele é confortável.
- Vaza! – disse Renato, apontando a porta para irmã.
- Credo. Não é assim que a gente deve tratar uma visita, Renatinho.
- Some daqui, inferno!
- Caraca, precisa ser tão grosso?
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Entre Meninos (Romance gay) - Concluído
Roman pour AdolescentsQuando a mãe de Renato o avisa de que eles passarão o mês de férias na fazenda da avó, o rapaz fica indignado. Amante de roque, cinema, séries e literatura; Renato é um típico menino da cidade. Passar um período entre vacas e cavalos, no meio do mat...