Por volta das 16h, o trio formado por Joana e os dois filhos já havia percorrido grande parte de Rio das Pedras (algo fácil de se imaginar, visto que toda a cidade tinha a extensão de três bairros de Paraíso colados um ao outro, ou menos). Ignorando o mau humor de Renato, a médica apresentava cada canto do município como se fosse o lugar mais incrível do planeta.
- Isso ainda vai demorar muito? – perguntou Renato, com a cara amarrada.
- Vem me dizer que não está gostando do nosso city tour? Não é todo dia que você tem uma guia de turismo tão boa quanto eu – brincou Joana.
- Nem tão modesta.
- Confessa: o passeio está bem agradável, não é?
- Você quer que eu seja simpático, ou que diga a verdade?
- Você sabe ser sem graça, quando quer, né, Renato? – lamentou Joana.
- Eu estou amando conhecer Rio das Pedras, mãe – intrometeu-se Suzy, arrancando uma careta do irmão. Era evidente que ela estava mentindo. – Acho essa cidade tão interessante.
- Que bom, meu bem... olha essa praça – Joana apontou de dentro do carro. – Eu amava passear aqui nos finais de semana. Vamos descer um pouco?
Antes que Renato pudesse qualquer coisa, Joana já havia manobrado o Honda e estacionado junto a um conjunto de banco e mesa de concreto, onde dois simpáticos velhinhos jogavam damas. Sem opção, o rapaz se obrigou a sair do carro e seguir Joana e Suzy, que já estavam animadas rodopiando pela praça, como duas crianças.
- Tem certeza de que quer fazer isso, mãe? Olha pro céu, acho que vai chover.
- Renato, relaxa. É só uma voltinha. Olha que praça linda – Joana acenou mostrando a extensão do lugar: uma praça circular, bem arborizada, salpicada de bancos e mesinhas de concreto como aquelas em que os dois senhorzinhos jogavam, além de um coreto bem no centro.
- Nossa, emocionante! Mas eu prefiro meu quarto.
- Você é um chato, sabia? – Joana riu.
- O que vocês faziam aqui nesta praça, mãe? – perguntou Suzy, fingindo interesse.
Joana solto um risinho desconfiado e continuou.
- Era aqui que a gente se encontrava para namorar...
- Ai, meu Deus, é sério isso? – Renato pareceu desconcertado. – Você não vai falar da sua vida amorosa agora não, né?
- Qual o problema?
- Nenhum filho gosta de ficar sabendo sobre a vida sexual da mãe não, tá ligada? Geralmente, a gente pensa que a mãe nem transa.
- Como você acha que você e sua irmã nasceram, Renato?
Renato estacou de repente, com a cara espantada.
- Mãe! Para! Não quero ouvir mais nada!
Joana riu do filho e eles voltaram a andar pela praça.
- Foi aqui que você conheceu meu pai, mãe? – quis saber Suzy.
- Não. Eu conheci seu pai na faculdade... na verdade, seu pai veio pouco a Rio das Pedras. Ele sempre achou que a cidade fosse caipira demais para ele.
- Nossa, será vou ser obrigado a concordar com alguma coisa que aquele lá falou?
- Renato! – repreendeu Joana. – Não fala assim do seu pai.
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Entre Meninos (Romance gay) - Concluído
Teen FictionQuando a mãe de Renato o avisa de que eles passarão o mês de férias na fazenda da avó, o rapaz fica indignado. Amante de roque, cinema, séries e literatura; Renato é um típico menino da cidade. Passar um período entre vacas e cavalos, no meio do mat...