Cap. 49 - BECO SEM SAÍDA

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- Situação difícil, parça – disse Guilherme, enquanto pegava uma latinha de cerveja na geladeira e voltava à pia para mexer na cafeteira nova.

- Nem me diga – concordou Wesley, sentado à mesa com ar de derrotado. – Tá tudo bem aí?

- Essa maldita máquina tá me deixando louco... desde ontem que tento fazê-la funcionar e nada.

- Você comprou uma cafeteira que nem sabe como usar?

- Comprei coisa nada. Ganhei. A Rebeca que me deu. Ela disse que preciso aumentar minha dose de cafeína para melhorar minhas notas.

- Namorada rica é um luxo – brincou Wesley, tomando o lugar do colega junto à cafeteira. – Deixa eu tentar. Vai cuidar da sua cerveja.

Guilherme afastou-se da máquina, lavou a latinha na pia e puxou o anel. O líquido dentro da embalagem chiou, formando uma pequena espuma na superfície da lata. Que o rapaz fez questão de consumir também.

- Vem cá – disse, limpando a boca na manga da camisa, que trazia "Universidade de Paraíso" estampado em letras grandes. – Você acha mesmo que o cara seria capaz de cumprir a ameaça? Pensa bem, ele é pai do moleque.

- Pai é força de expressão. Aquilo ali não é pai coisa alguma...

Guilherme concordou com a cabeça.

- Que parada desagradável... Mas – Guilherme fez uma cara pensativa – como será que ele ficou sabendo desse lance de vocês dois? Vocês são tão discretos, tão reservados.

Wesley encaixou algumas peças da cafeteira e apertou uns botões.

- Ele deve ter seguido o Renato.

- E o Renato nem percebeu? – Guilherme fez uma careta.

- O cara é policial, Guilherme. Ele deve ter as técnicas dele de seguir as pessoas, sei lá.

Guilherme tomou outro gole de cerveja e arregalou os olhos.

- É verdade, tem esse detalhe aí: o cara é da PM. Meu irmão, a coisa tá feia pro seu lado.

Wesley balançou a cabeça em tom positivo e ligou a cafeteira.

- Prontinho.

- Irmão, você é um gênio!

Wesley riu.

- Estranho é você, estudante de engenharia, apanhar de uma cafeteira elétrica.

- Engenharia mecânica, ok? Meu lance é mexer em motores de automóveis, não ficar fuçando em cafeteiras!

- Sei...

- Agora teremos café quentinho o dia todo... e a noite toda também...

Wesley soltou um risinho de canto de boca e foi sentar-se à mesa. Pegou uma laranja que estava na fruteira sobre e começou a jogá-la de um lado para outro, em uma tentativa infantil de controlar a ansiedade.

Guilherme terminou a latinha Heineken enquanto namorava a nova cafeteira. Dois minutos depois, lembrou-se de jogou a latinha no cesto de lixo e foi se juntar ao colega de apartamento, sentado à mesa.

- Mas e aí? O que tá passando pela sua cabeça? Como você vai sair dessa enrascada?

- Não faço a mínima ideia.

- Irmãozinho, cê não tá pensando em jogar tudo para o alto não, né?

- Como assim?

- Pô, esse cara aí num pode vencer vocês não, meu irmão. Como eu sempre disse: o amor tem que vencer!

Entre Meninos (Romance gay) - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora