Cap. 40 - Há algo de estranho

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Renato digitou as últimas linhas de um trabalho de Filosofia que ele precisava entregar no dia seguinte. Releu o parágrafo final e achou que estava bom. Não ótimo mas bom e isso bastava naquele momento. À noite faria uma última revisão no texto, ante de imprimi-lo. Talvez até melhorasse algumas passagens, mas não estava muito a fim de se dedicar àquela atividade com tanto afinco. Ele salvou o trabalho e baixou a tampa do notebook, pegou o celular ao lado, sobre a escrivaninha e se jogou na cama.

O WhatsApp avisava que Elvis estivera online há vinte minutos, mas Renato resolveu arriscar, enviando uma mensagem para o amigo.

Renato: cinema hoje?

O status de Elvis voltou a indicar online quase instantaneamente.

Elvis: depende. Posso escolher o filme?

Renato: pq?

Elvis: pq vc tem um péssimo gosto, viado.

Renato: não mesmo. Só pq eu curto filme nacional?

Elvis: viu soh? Ninguém gosta de filme nacional. Só a senhora pra curtir esses fracassos.

Renato: tem filme nacional que faz muito sucesso, sabia?

Elvis: onde? Nos seus sonhos, neh? Soh se for.

Renato: tudo bem. Vc escolhe o filme.

Elvis: arrasoooooooooou... vai convidar o boy magia?

Renato: ele tá atolado se preparando para um seminário a semana que bem.

Elvis: sério q o cara tá estudando em plena sexta?Nossa! Vcs dois se merecem mesmo.

Renato: como assim?

Elvis: certinhos, estudiosos, melosos... se bem q vc nem é tão nerd assim, só é estranha mesmo...mas vcs são dois chatos.

Renato: chato, mas vc me ama.

Elvis: fazer o q, neh? Agente num escolhe essas coisas.

Renato: a gente...

Elvis: o q?

Renato: na sua frase anterior, o correto seria A GENTE e não AGENTE.

Elvis: meu cu, professora helena!

Renato: kkkkkkk

Elvis: a gente se encontra q hora? Escrevi certo agora?

Renato: simmmmm, aprendeu direitinho. Que tal às 18h em frente ao cinema do Paraíso Shopping?

Elvis: anotado, mana. Bjs.

Renato: bjs.

Renato jogou o celular do lado na cama e ficou ali parado de braços cruzados, pensando em nada. Naquela sexta-feira, ele não tinha encontrado Wesley, eles apenas se falaram por mensagem de voz. Estavam ambos ocupados com suas responsabilidades escolares e, como bem lembrou Elvis, Wesley era um aluno aplicado e focado. Embora estive com saudade, Renato achou melhor não importunar o cowboy.

A presença física de Wesley, naquele momento, seria impossível, mas Renato tinha outras alternativas. Lembrando-se dos desenhos que fizera do rapaz, enquanto o observava na fazenda da avó, ele foi até a escrivaninha para pegar seu moleskine. Ao abrir o compartimento, Renato franziu a testa e remexeu o conteúdo no interior da gaveta. O pequeno caderno que ele usava para fazer seus esboços não estava ali e Renato podia jurar que o havia colocado lá. Ou, talvez, ele tivesse se engando. Confuso, ele vasculhou a segunda e a terceira gavetas. Nada.

Entre Meninos (Romance gay) - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora