Particularmente, eu odiava até passar em frente àquela loja. Eu odiava escutar o nome daquela loja. E agora eu me via obrigada a entrar nela.
Alguém pode me explicar por que a Cani's Sports tinha de ser a melhor loja de artigos esportivos da região? E por que meu irmão tinha que exigir que eu comprasse a prancha de surf dele lá? Era típico de Thomas viajar para o Brasil quando chega o inverno aqui em Londres. Ele fugia da neve e ia surfar no litoral carioca.
Quem me dera poder fazer o mesmo. Mas ele que me aguarde, quando eu terminasse minha faculdade seria tão bem sucedida quanto ele e poderia viajar para onde quisesse. Mas tudo bem, esse não é o meu problema principal agora. O sacrifício é que terei que entrar na loja do meu ex-namorado. Olhar para o meu ex-namorado. Falar com meu ex-namorado. E tentar me controlar para não agarrar meu ex-namorado.
Flashback On:
- Ah, thomas, por favor! Por que você não pode comprar? - eu implorava enquanto andava atrás de meu irmão, que arrumava suas malas.
- Porque eu não tenho tempo, Aria! Tenho que terminar de arrumar as minhas coisas, terminar de ajeitar tudo para a viagem e ainda resolver alguns problemas de última hora na empresa. Eu preciso que você faça isso por mim. - ele me olhou com cara de cachorrinho que caiu do caminhão de mudança.
- Tudo bem, mas por que justo na loja dele? - bufei frustrada, me sentando em sua cama.
- Porque é a melhor loja de artigos esportivos da região e com o melhor preço ainda por cima. - ele se sentou ao meu lado.
- É, você se esqueceu de mencionar o fato de que também é a loja do meu ex-namorado! - ergui os braços indignada e thomas riu.
Lancei-lhe um olhar mortal.
- Aria, vocês terminaram há um mês, já deveria ter superado isso, não? - Thomas acariciou meus cabelos.
- Com certeza, se você ignorar o fato de que namoramos por cinco anos e que eu ainda o amo. - suspirei, deitando no colo de meu irmão.
- Ta mais que na cara que ele te ama também. - começa a alterar a voz. - Então você pode me explicar por que vocês terminaram? Meu Deus. - eu podia perceber a incompreensão no tom dele.
- Porque sim! - respondi como uma criança mimada fazendo-o rir. - Terminamos porque nós dois somos ciumentos demais e isso não estava dando certo. - dei de ombros.
- Um motivo completamente bobo. Eu aposto que vocês dois ainda vão voltar. - senti a provocação em sua voz.
- Mas nem sob tortura. - me pus de pé. - Quando você quer que eu compre a maldita prancha?
- Hoje. - ele me olhou com receio.
- Hoje? Thomas, olha a tempestade de neve que está lá fora! - apontei indignada para a janela de seu quarto de onde se podia ver os numerosos flocos de neve caindo.
- Mas, Aria, eu viajo depois de amanhã. E a loja não abre amanhã, e nem antes do horário do meu voo, enão, por favor, tem que ser hoje. - Thomas juntou as mãos e novamente me olhou com cara implorante. - Por favor, Aria. Por favor, por favor, por favor, por fa... - o interrompo.
- Tá bom! - grito colocando a mão sobre seus lábios. - O que eu não faço por você, afinal?
Ele abriu um imenso sorriso e me abraçou fortemente. Foi impossível não sorrir.
- Mas tem um detalhe. - ele me olhou com atenção. - Vou com o seu carro. Afinal, se for para ficar atolada na neve, que seja com o seu e não com o meu. - cruzei os braços e vi thomas semicerrar os olhos.