Ela ficou me encarando, surpresa com a minha presença. Com certeza ela não estava esperando por isso, sinceramente, eu acho que ela esperava nunca mais me ver na vida dela.
- O que você está fazendo aqui? - perguntou.
- Olá, prazer em te ver também. - sorri, forçadamente, para ela, que rolou os olhos.
- Acho que já tinha deixado bem claro que eu nunca mais queria olhar na sua cara. - ela ia fechar a porta na minha cara, mas eu coloquei meu braço antes.
- Por favor, me escuta. Eu só vim aqui para te ajudar.
- Eu não quero a sua ajuda. - falou.
A voz dela estava mais grave que o normal. Eu dei um longo suspiro e olhei diretamente nos olhos dela.
- Não seja dura, Elisa.
Ela parou de tentar fechar a porta e olhou nos meus olhos. Senti uma coisa estranha queimar dentro de mim, mas não vai ser nada bom se eu der atenção para esse sentimento. Afinal, ele não irá me levar a lugar nenhum.
- Diga logo o que você quer, eu não tenho tempo para conversas. - disse, dando-me as costas.
Ela deixou a porta aberta, foi andando, se enfiou no corredor e entrou no quarto, que pertencia à ela, antes de ir morar sozinha. Eu entrei e fechei a porta. Fui até o quarto dela e a encontrei sentada em uma cama de solteiro, dobrando pequenas roupas de crianças. Um berço já está montado, apenas com o colchão. O quarto foi todo pintado de azul. Já vim muito aqui para ficar com Elisa e, ao lembrar-me disso, um sentimento de culpa tomou conta de mim. Talvez eu tenha errado, e é difícil ter que admitir isso.
- Aqui ficou legal, eu gostei da cor da parede. - fiz força para sair um sorriso da minha boca, mas acho que agora não é motivo para rir, ainda mais depois de ser fuzilado pelo olhar dela.
- O que você quer Louis? - ela foi direto ao ponto.
Olhei para todos os cantos do quarto, menos para o berço e para ela. Ela é mãe agora, ela tem cara de mãe, ela está com barriga já. Ela está com 5 meses e a barriga dela já está aparecendo bastante. Eu não sei descrever o que está acontecendo comigo.
- Eu quero te dar um dinheiro, por favor, Elisa, aceite, eu estou me sentindo um lixo. A Lottie falou que encontrou com você hoje, e eu quis te ver.
- Lógico que eu não vou aceitar. - respondeu, sem olhar diretamente nos meus olhos.
- Por quê?
- Você não teve nem a decência de querer assumir o seu filho, agora me diz que quer me dar dinheiro? Olha em volta Louis, você acha que eu realmente preciso disso? O Troy já tem tudo do que ele precisa e o principal de tudo é que ele tem uma mãe que o ama. Não precisa mais de nada. - começou a cuspir as palavras, com raiva, para cima de mim.
Eu não consigo discutir ou simplesmente me defender dos insultos que ela me da. Eu realmente não sei o que fazer em relação a esse assunto. É muito delicado e envolve a vida de uma criança. Mas, que merda! Por que eu estou me preocupando com isso logo agora?
- Você não me entende. Eu estava com a cabeça quente naquele dia e falei aquelas coisas. Eu sei que você me odeia e tudo mais, mas eu realmente não sei. Eu estou confuso.
- Louis, se você está confuso, imagina eu. Eu estou carregando essa criança e estou fazendo de tudo para comprar as coisas dela. Trabalho de manhã até a noite e, às vezes, fico como segurança feminina em uma boate aos finais de semana, só para ter dinheiro extra. Imagina como a minha cabeça está, Louis. - não consegui decifrar o tom de voz dela, talvez esteja segurando o choro.