Caminho pelo quarto, apenas usando minha cueca favorita. A cueca favorita dela.
Eu e a Monnie namoramos há dois anos, mas tem dois meses que não a vejo. Dois meses sem seu sorriso. Dois meses sem sentir seu abraço. Dois meses sem sentir o gosto de seus lábios. Pego meu celular pela milésima vez em apenas trinta minutos esperando, pelo menos, uma mensagem, como ela faz todos os dias nesse horário, mas a única coisa que eu vejo é uma foto dela segurando o ursinho que eu a presenteei no dia do seu aniversário. Vou em contatos e procuro seu número, mas, antes que possa apertar "chamar", Harry, meu irmãozinho, entra no meu quarto apenas de bermuda e com um sorriso estampado no rosto.
- Hey, dud! - largo meu celular em cima da escrivaninha e pego-o no colo - Froy! - reclama ele, socando meu ombro - Me coloca no chão! Eu já tenho doze anos! - solto uma risada alta e faço o que ele pede.
- O que te traz ao meu humilde quarto? - pergunto bagunçando seus fios castanhos claros fazendo ele mesmo esboçar uma careta em reprovação.
- Humilde quarto? - ri olhando em volta. - Isso está mais para um chiqueiro!
- Não enche, Harry! - me jogo na cama, encima das cobertas desdobrada. - Vamos, desembucha! Oque você quer?
- Quanto carinho, meu Deus! - ele joga as mãos para o alto, revirando os olhos - A Monnie ligou. - arregalo os olhos e pulo da cama, parando em sua frente.
- E você me fala isso assim!? - seguro em seu ombro. - Ela ligou quando?
- Hum... - ele faz uma cara de pensativo, colocando a mão no queixo.
- Fala logo, Harry!
- Eu acho que tem de uns dez à quinze minutos. - diz ele, depois de um tempo - Ela disse que ia ligar de novo e... - não deixo ele terminar a frase e saio correndo do quarto, em direção a escada, que leva até à sala, no andar de baixo. - Froy? - chama Harry, atrás de mim, mas eu não viro.
Desço as escada, pulando de dois em dois degraus, e quando piso no último degrau o som do telefone ecoa pela casa, fazendo minha mãe aparecer da cozinha, secando as mãos em um pano de prato.
- Eu atendo! - digo, colocando a mão na frente de seu corpo, impedindo-a de continuar.
- Okay - dá de ombro e volta pra cozinha.
Me jogo no sofá e tiro e telefone do gancho.
- Monnie? - pergunto, sorrindo, depois que aperto o botão verde do telefone.
- Alô? Quem está falando? - no lugar da voz que eu esperava ecoar pelo meus tímpanos, a única coisa que ouço é uma voz grossa e grave, que responde, do outra lado da linha.
Desde quando a voz dela ficou tão grossa? Franzo a sobrancelha, confuso, e tiro o sorriso dos lábios. - Froy. - respondo ríspido - Froy Gutierrez. Quem é?
- É da Playland - responde o cara. - Da loja de videogames e... - não o deixo terminar de falar.
- Harry! - grito, afastando o telefone da orelha.
- O que? - pergunta meu irmão, descendo pelo corrimão da escada.
- Quandas vezes o papai já disse pra você não fazer isso? - o repreendo. - Aqui, é pra você. É de uma tal loja de videogames. - coloco o telefone em suas mãos e caminho até a cozinha.
- Playland! - grita ele animado, depois que eu atravesso a porta, que leva pra cozinha.
Um aperto toma conta do meu coração. Ela se esqueceu de ligar pra mim? Ou o Harry mentiu? Se for mentira, depois eu pego esse garoto.
