Sua mochila pousava em cima da mesa, onde continha seus materiais de luta. Eu o olhava, me perguntando, o que ele via de bom naquilo? Ele não percebia que a qualquer hora poderia se machucar?
Ele sempre gostou de lutar, desde que nos conhecemos, agora é um profissional e sempre fica se gabando por isso. Não entendo o objetivo desse jogo, é só bater e bater até que um saia ferido.
- Amor, estou indo. - ele disse por trás de mim, depositando um beijo em meu pescoço e pegando sua mochila. - Você vai também, não é?
- Hoje não dá, Cody. Eu também tenho um trabalho. - esse não era o único motivo, eu poderia ligar para o meu chefe e dizer que precisava faltar mas eu odiava box, sério, esse esporte me aterrorizava, e eu também não suportaria ver ele se machucando.
- Tudo bem, então. Te vejo a noite.
Ele pôs sua mochila em seu ombro, indo até a porta.
- Cody, não vá - eu disse puxando seu braço. - Por favor.
- Alisha, já conversamos sobre isso.
- Eu sei, mas eu fico preocupada.
- Eu sou profissional, vou ficar bem.
- Você não é o único profissional, Cody, tem muitos melhores que você.
- Tá dizendo que não sou bom o suficiente?
- Cody, eu não... - ele me interrompeu.
- Olha, estou ficando atrasado. Se não se importa, eu vou indo.
Ele abriu a porta e foi. Iria acontecer algo ruim com ele, eu sentia isso.
Chegando no meu trabalho me deparei com enormes pilhas de pastas em minha mesa. E pensar que tenho que fazer isso tudo só hoje não me deixava nada bem. Quanto mais o tempo passava mais pastas se amontoavam na mesa, quanto mais eu terminava um mais apareciam vários. Fui arrumando de um em um, o suor já escorria pela minha testa. Quando chegar em casa irei tomar um longo banho, meia hora no chuveiro se puder.
- Alisha. - Lauren, a secretária do escritório, adentrou exasperada na sala, sem ao menos bater na porta.
- Lauren, o que foi?
- É um telefonema, do hospital. Querem falar com a senhora e disseram ser urgentemente grave.
Puxei o telefone da mão de Lauren.
- Alisha falando, o que foi?
Em um instante o telefone escorregou da minha mão, indo bater no chão. Eu sabia que algo iria acontecer. Peguei minha bolsa e saí do escritório com certa rapidez, deixando Lauren terminar o trabalho. Que se foda, não vou deixar meu marido por causa de relatórios idiotas.
Fui até a garagem e entrei no carro, seguindo direto para o hospital. Eu o avisei. Será que ele não podia me escutar por um minuto? Ele teria que levar uma pancada no estômago para me ouvir? Porque eu o amo tanto assim ao ponto de sentir a mesma dor que ele?
Depois de um bom tempo dirigindo, eu estacionei o carro próximo ao hospital. Desci do carro e fui direto falar com a secretaria do hospital.
- Onde ele está? O Cody, onde ele está? - eu estava desesperada.
E se fosse um ferimento grave?
- Senhorita, se acalme.
- Me diga onde Cody Christian está?
Ela olhou em seu computador e me disse o número do quarto, não esperei ela terminar de falar e fui direto para o quarto.
Entrando nele, pude vê-lo deitado na maca, de olhos fechados, havia um grande curativo em sua cabeça. Caminhei até a maca, fiquei de joelhos e deixei as lágrimas caírem
- Sra. Christian? Eu sou o Dr. Lucas.
- Qual é o estado dele?
- Ele levou uma enorme pancada na cabeça, por um de seus adversários. Teve hemorragia, mas conseguimos melhorar a situação. Sem dúvidas isso deixará uma marca nele para sempre. Ele receberá alta em dois dias.
- Alisha? É você? - Cody abriu os olhos e eu depositei minha mão em cima da sua.
- Eu vou deixá-los a sós, mas voltarei para trocar o curativo. - disse o doutor saindo do quarto de hospital
- Eu avisei, Cody, eu te disse.
- Eu sei. - ele falhava um pouco na hora de falar, fazendo sair como um sussurro alto. - Me perdoa.
- Por favor, promete não lutar mais, não quero passar por isso de novo.
- Eu não vou. Prometo. - me sentei ao seu lado, na maca, e lhe dei um longo selinho, em seguida beijei sua testa.
- Alisha?
- Hm?
- Eu te amo. - com meus lábios colados em sua testa, eu dei um pequeno sorriso.
- Eu te amo mais, Cody.