CAPÍTULO TRÊS

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Nove meses antes...

— Eu já disse que estou bem!

Disse mela milionésima vez enquanto a doutora Kelly insistia que eu devia ir para a casa. Não é porque eu já estava com nove meses completos e com a barriga quase explodindo de tão grande que eu tinha que tirar licença.

— Dulce Maria, é uma ordem. Não me faça te carregar até em casa, ok? Eu vou chamar um taxi, não deveria nem estar aqui.

Bufei e entreguei minhas fixas a ela. Eu estava bem, estava muito bem e eu queria ficar ali até o último minuto, mas pelo visto não deixariam. Sem contestar mais nada, eu fui embora. Minha gravidez foi complicada no início, mas foi porque eu estava mal, mas graças a Deus e aos meus amigos, eu estava bem no final dela. Minha filha estava saudável e tinha certeza que era a coisa mais linda do mundo.

Passei a tarde e a noite sozinha no apartamento apenas deitada no sofá com os pés para cima assistindo TV e às vezes conversando com o único ser que me fazia companhia naquele momento. Eu continuava morando sozinha depois do que houve, mesmo que meus pais tivessem insistido para eu ficar na casa deles. Mas não era justo, nunca foi. O trato era este, eu seguiria minha vida e eles me ajudariam no que fosse preciso. Seguir minha vida incluiria seguir nos estudos e na minha carreira e continuar como antes, só que com uma pessoa a menos na minha vida.

Eu senti uma fisgada forte em meu ventre e isto parecia não ter fim. Aquilo doeu tanto que meus olhos se encheram instantaneamente de água.

— Tudo bem, tudo bem.

Acariciei minha barriga. Kelly me mandou embora porque provavelmente sabia que isto estava prestes a acontecer, mas não pensei que fosse tão rápido. Na verdade, eu não pensava muito que poderia ter aquele projeto de ser humano tão cedo em meus braços. Será que ela iria me amar como eu a amo? Será que ela se pareceria comigo? Será que ela se pareceria com ele? Seria difícil não olhar todos os dias para ela, sabendo que ela tem os olhos ou o nariz dele, porque isso me machucaria.

Eu cometi uma tremenda baboseira ao me enfiar dentro de uma banheira de água quente quando a dor se intensificou e começou a vir mais frequente. A água quente fez com que eu acelerasse o processo natural do meu corpo então fui obrigada a ligar para a primeira pessoa em minha lista de contatos, mas já passava de duas horas da manhã, então minha ligação fora completamente ignorada.

Paco estava nas minhas últimas chamadas, então foi para ele que eu liguei desesperadamente pedindo ajuda. Vinte minutos depois ele estava lá e cinco minutos depois que ele chegou, a ambulância também chegou.

— Sua bolsa rompeu?

— Eu... eu acho que não.

— Vamos levar você, tudo bem?

Assenti. Meu rosto já estava molhado, tanto de suor, quando de lágrimas.

— Olha, vai ficar tudo bem. Você vai com a ambulância e eu vou colocar as coisas no meu carro e ligar para os seus pais.

— Não me deixa sozinha, por favor! — Segurei a sua blusa e ele suspirou.

— Eu prometo que estarei lá, não vou demorar. Você precisa ir para saber se está tudo bem, eu já liguei para o seu obstetra.

— Tá bom, mas por favor, não demora.

— Não vou.

Como prometido, ele estava lá e depois que chegou, não saiu do meu lado. Nem mesmo depois que meus pais, minha irmã e Christian chegaram. Foi ele quem fez massagem nos meus pés e me ajudou a caminhar para ajudar a diminuir a dor e foi ele quem ofereceu sua mão para eu apertar quando vinha alguma contração.

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora