CAPÍTULO SETENTA E TRÊS

1.5K 112 32
                                    

Christopher puxou uma cadeira e se sentou à minha frente, segurando a minha mão. Seu semblante era de preocupado, principalmente depois que Paco disse a ele que eu estava delirando.

— Eu não estou delirando, não dá ideia pro Paco, Christopher. — Resmunguei, tirando a máscara de oxigênio. — Fica tranquilo, tá? Eu estou bem.

— Dulce, se estivesse bem não estava aqui agora. 

— Foi só o estresse, eu juro. — Trouxe a mão dele até meu rosto e deitei minha cabeça ali. — Eu fiz uma coisa hoje e acho que você vai ficar muito, mas muito puto comigo, mas quero que saiba, que agora está tudo bem e que brigar comigo não vai adiantar em nada, por que não dá mais pra voltar atrás.

— O que foi que você fez? — Ele chegou a ficar pálido imaginando o que eu poderia ter feito de tão grave para dizer iss.

— Vou te contar do início, mas por favor, espera eu terminar pra surtar? — Fiz um biquinho e ele assentiu, já impaciente. — Quando eu cheguei em casa e vi que você tinha ido embora, eu surtei. Saí de casa sem falar com ninguém e quando dei por mim eu estava no bar onde Matias trabalhava. Ele não estava lá, mas eu já esperava isso.

— O que foi fazer lá? — Pousei meu dedo indicador sobre os lábios dele, fazendo-o se calar.

— Eu precisava saber se tava tudo bem com o Santi, e o cara que trabalha lá me deixou apavorada. Disse que ele não era uma boa pessoa e que o juiz errou ao entregar o Santi pra ele e que tudo que ele queria era o dinheiro dele, Chris.

— Você foi atrás dele, Dulce? — Assenti. Ele travou o maxilar e se segurou muito para não brigar comigo.

— Ele mora num bairro estranho, cheio de pessoas mal encaradas e quando eu entrei na casa dele, me deu nojo. Tudo muito sujo, tinha até camisinha usada jogada no chão. E ele tava usando maconha, o cheiro parece que tá grudado em mim até agora.  

— Você tá brincando, né? A assistente social foi na casa dele, jamais deixaria o Santi morar lá nessas condições.

— A casa em si é boa por dentro, mas a sujeira, que nojo! — Fiz uma careta sentindo minha boca amargar. — Enfim... eu pedi a ele que deixasse eu ver o menino. Eu estava apavorada com essa situação toda. Eu precisava ver que ele realmente estava bem.

— E como ele estava?

— Doente, triste, como mais ele podia estar? Ele nem reagiu quando me viu, Chris.

— Doente?

— Sim. Nenhum remédio, nada. Ele é um irresponsável, mas dado a situação, não duvidaria muito que ele ia deixar ele jogado no berço até morrer. — Pensar nessa possibilidade machucava, e muito. Santiago era apena uma criança indefesa, e não poderia fazer nada se o pai dele deixasse ele às mínguas.

— Caramba, e você não chamou a polícia? — Ele passou a mão pelo rosto, pude ver o desespero estampado em sua cara.

— Eu estava num lugar perigoso, a violência naquela parte é bem grande, não podia arriscar. — Molhei os lábios com a língua e continuei tentando manter a calma, por que só de lembrar daquilo eu já começava a me sentir mal. — Eu perguntei a ele o que eu precisava fazer para ele devolver o menino pra gente e adivinha?

— Dinheiro? — Assenti. Christopher fechou os olhos enquanto abaixava a cabeça e respirava lentamente. Acredito que se Matias aparecesse na frente dele agora não sobraria nada dele pra contar história. — Como isso poderia ser mais óbvio? 

— O Santi tava dando trabalho pra ele, não rendeu nenhum dinheiro e cara, se algo acontecesse a ele, acidente não iria ser. Ele tava deixando o nosso filho doente sozinho no berço enquanto estava com uma vagabunda drogada.

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora