CAPITULO QUATORZE

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A noite fria ficou ainda mais longa com o fato de que Alice novamente insistia em ficar em meu colo. Passei horas seguidas tentando fazê-la dormir e colocá-la no berço, mas sem êxito algum, pois sempre que cogitava a possibilidade ela acordava e voltava a chorar.

Já tive tantas noites assim nos últimos meses que eu já deveria estar acostumada, mas naquele momento eu estava cansada, exausta e desssperada. Eu só queria tomar um banho quente, deitar em baixo do meu cobertor quentinho e adormecer com a cabeça em leu travesseiro macio, mas nem aquilo eu estava conseguindo.

Quando consegui finalmente deitar, já passava de quatro horas da manhã e mesmo assim foi apenas pelo fato de que ela dormiu deitada em coma da minha barriga, então eu mal pude me mover o restante da madrugada.

O que resultou foi uma Dulce completamente mal humorada e cheia de dores no corpo que ainda chegou mega atrasada mo serviço no dia seguinte.

Sem cumprimentar ninguém, bati o meu ponto e segui para a minha sala, desejando no fundo da alma que naquele doa eu não tivesse tanto trabalho. Tomei um comprimido para dor e depois fiquei na minha mesa analisando a pilha de resultados de exames que haviam chegado para mim enqianto beberricava um café preto extra forte para me manter desperta. As letras e números dançavam à minha frente e eu estava tão grogue que parecia estar drogada e nem mesmo conseguia entender o que eu lia.

Ouvi a porta se abrir de maneira nada gentil e então bati os olhos no ursinho branco que fora colocado bem à minha frente.

— Acho que precisamos conversar.

De alguma maneira a voz nada simpática dele ecoou em meus tímpanos e o café que estava em minha boca desceu queimando por minha garganta. O cansaço me fez esquecer por alguns minutos que eu estava prestes a ter uma discussão com ele sobre o que eu havia escondido e, embora estivesse errada, eu não estava disposta a dar o braço a torcer.

— Quando pretendia me contar?

Soltei a pilha de papeis em minha mão sobre a mesa e soltei gradativamente o ar em meus pulmões. Eu estava cansada, só queria silêncio e não uma discussão. Não ali e nem naquele estado.

— Eu estou falando com você! — Ele gritou como eu nunca havia visto, batendo as duas mãos sobre a minha mesa e fazendo meu copo cair e derramar o líquido marrom. Sorte a dele não ter molhado nada além da mesa, ja que à essa altura o copo ja estava quase vazio.

Meu coração palpitou e travei meu maxilar. Não podia deixar ele gritar comigo daquela maneira e eu tinha motivos para isso.

— Como ela se chama? Por que ninguém me falou dela? Por quê nem mesmo a minha mãe quis falar?

Sua voz estava alterada e eu temi que ele fizesse algo. Seria ele capaz de encostar em mim?

— Será que dá para me responder?

— Será que vou precisar chamar o segurança? Isto aqui é um hospital. — tentei transparecer calma, mas no fundo eu estava nervosa.

— Foda-se! Eu só quero respostas e tenho total direito disso!

Sem que ele percebesse, pressionei o botão de pânico localizado na parte inferior da minha mesa e esperei que os seguranças viessem.

— Quando pretendia me contar? Quando ela tivesse dez anos?

— Com licença, doutora Saviñon, algum problema? — Então eu levantei meus olhos em direção a ele. Seu rosto estava vermelho de raiva e seus olhos estavam negros. Eu nunca tinha visto tanta ira em seu olhar.

Arrumei minha postura e me mantive firme. Não podia demonstrar medo algum. — Pode acompanhar esse senhor até a saída, por gentileza?

A cara de incredulidade que ele fez enquanto foi acompanhado até o pado de fora da minha sala ficou estampada em minha mente. O ódio e a ira dele quase me comoveu, mas aí eu me lembrei do que ele havia feito comigo.

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora