CAPÍTULO SESSENTA E QUATRO

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Sentei-me de lado no colo de Christopher, que me abraçou pela cintura, e deitei minha cabeça em seu ombro, enquanto observava meu pai brincar com Alice e Santiago no jardim. O dia estava quente, entretanto, nublado e sabia que era questão de pouco tempo até o céu começar a despejar água em cima da gente.

Na cozinha estava minha mãe, que terminava de preparar o almoço. O cheiro forte de tempero estava me deixando nauseada, então nem quis fazer companhia a ela do lado de dentro. 

 — Por que é que não se deita um pouco? Você não dormiu nada essa noite.

Isso era um fato, mas apesar de parecer que um caminhão tinha passado em cima de mim, eu não conseguia dormir, nem depois de tomar um monte de calmantes. A menos de uma semana da audiência eu literalmente dei um ataque de histeria de madrugada e Christopher precisou me encher de calmantes para eu não ter um outro ataque cardíaco. 

 — Que perfume você está usando? Tá tão gostoso o cheiro.

—  Nenhum. É só desodorante e sabonete.

—  Ah! Eu gosto. —  Dei uma cheirada no pescoço dele e ele se arrepiou, fazendo eu rir. —   Tá excitado, é? —  Dei uma mordida rápida na orelha dele e ele soltou um suspiro.

  —  Para com isso.

— O que acha de irmos lá pra cima?

—  A última vez que fizemos isso resultou em um bebê. — Olhei para Alice que agora tava pendurada no pescoço do meu pai.

— Não vai repetir, aquilo foi um equívoco. Um acidente. — Voltei a mordiscar o pescoço dele. Ver a pele dele se arrepiar estava me deixando excitada.

— Até hoje tenho vergonha de encarar sua mãe, Dulce. Aquilo foi constrangedor.

— Minha mãe já foi jovem, Christopher. Como acha que ela teve três filhas? Inseminação artificial que não, né!

 — Em casa eu resolvo esse seu fogo, aqui não vai rolar, então abaixa essa bola.

  — Tem certeza? Eu estou de vestido, o banheiro é logo ali. Ninguém vai sentir nossa falta.

— Absoluta. —   

  —  Eu quero transar, tô toda excitada, quer sentir? — Peguei a mão dele e levei até minha perna, sem tirar o olho da direção do meu pai. 

—  Dulce!  Para com isso! —  Ele se levantou rápido, deixando-me de pé. —  Vou ver se sua mãe precisa de ajuda, sua pervertida. 

Ele saiu, totalmente incrédulo com minha ousadia e eu fiquei rindo. Voltei a me sentar e fiquei olhando meu pai brincar com as crianças. O velho parecia outro quando estava com eles, e até as dores que ele vivia reclamando sumiam quando se tratava de rolar no chão com os dois.

Senti uma gota de água cair em meu ombro e olhei para cima. Uma nuvem preta se formara bem acima de nós e então começou a cair gotas grossas por todos os lados. Ouvi um estrondo e então Santiago começou a chorar, se escondendo atrás do meu pai.

  — Opa! Acho que alguém tem medo de trovão.

— Eu que o diga. —  Resmunguei, lembrando-me da noite que a tempestade interrompeu uma transa maravilhosa. —  É melhor entrarmos, daqui a pouco o almoço fica pronto.

Fui até eles para judar meu pai, mas quando me abaixei para pegar Santiago no colo, me senti tonta demais para voltar a me levantar com o peso dele. Senti como se todo meu sangue tivesse sumido de mim e então cambaleei para o lado. 

—  Você tá bem?

— Sim, só fiquei um pouco tonta. —  Dei algumas piscadas, tentando voltar a mim.  

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora