CAPÍTULO SETENTA E DOIS

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Estacionei o carro e apoiei minha cabeça sobre minhas mãos que se encontravam no volante. Eu estava insuportavelmente enjoada naquele dia em especial e muito, mas muito eufórica.

O local marcado ficava entre a minha casa e onde Matias morava, localizado em um bairro movimentado, cheio de prédios enormes e avenidas sempre cheias de carros nos dois sentidos.

Depois de contar até dez, na intenção de fazer meu coração parar de palpitar tão forte, peguei minha bolsa e saí do carro. Atravessei o estacionamento e entrei na lanchonete, já procurando por Eddy. Ele estava sentado um pouco afastado da entrada, e estava lendo alguma folha enquanto tomava distraidamente alguma coisa que de longe eu não podia identificar.

Olhei o celular no meu bolso para verificar as horas. Matias deveria chegar em uns dez minutos, horário combinado para ele estar ali com Santiago. Mas, e se ele não aparecesse? Tudo bem, eu precisava pensar positivo.

Fui até ele e o cumprimentei, depois sentei-me ao seu lado e pedi um chá de camomila para ver se eu me acalmava, por que já começava a sentir que estava prestes a desmaiar.

— Pode trazer um sanduiche natural pra ela, por favor? — O olhei sem entender e ele sacudiu os ombros, voltando a olhar para o papel em sua mão.

A garçonete se afastou e eu tomei o papel dele. — O que você tanto lê?

— Estou procurando algum furo no contrato. Já li e reli inúmeras vezes, acho que está tudo certo.

— Posso ler?

— Deve.

— Por que você pediu um sanduiche pra mim? Eu não estou com fome.

— Já se olhou no espelho hoje? Tá mais branca que esse papel na sua mão.

— Nossa. — Dei algumas piscadas e voltei minha atenção ao texto à minha frente.

Quando conversei com Eddy, há três dias atrás, ele não aceitou o que eu estava querendo fazer, por que isso poderia complicar pra nós dois, e o pior, eu poderia perder Santiago de vez, e esse era o motivo que, em algum lugar perto da gente, tinham dois oficiais da polícia, esperando o momento exato que Matias me entregaria Santiago em troca da maleta de dinheiro falso que estava escondida em baixo da mesa.

Eu não fazia ideia de quem eram os oficiais, porque se Eddy me dissesse, eu poderia estragar tudo, mesmo sem querer. Poderia ser o casal sentado na mesa ao lado, ou o senhor sentado atrás da gente, poderia ser qualquer um.

Li atentamente o que tinha naquele documento, que logo seria assinado por Matias, por mim, e futuramente por Christopher. Era esse documento que garantiria que ele nunca mais chegaria perto do menino e que oficializaria a mim e a Christopher como pais adotivos dele, com direito a alteração no sobrenome e tudo que tínhamos direito.

— Santiago Hernández Tellez, isso é tão estranho.

— Logo será Saviñon, você vai ver.

— E se ele não vier?

— Eu acho que ele já veio. — Levantei a cabeça e olhei para a entrada.

Matias estava entrando na lanchonete, empurrando um carrinho de bebê e com uma bolsa azul pendurada no ombro.

— Eu não sei se estou pronta pra isso.

— Acho bom você estar, e se acalmar, não vá estragar tudo, Dulce.

Antes que ele conseguisse chegar até a gente, a garçonete colocou meu chá e o sanduiche à minha frente. Agradeci e logo peguei a xícara para tomar o chá, e, na euforia, queimei minha língua.

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora