Sentei-me em uma das espreguiçadeiras enquanto tomava um pouco de chá que Christopher me obrigou a tomar, enquanto observava ele e Alfonso brincarem no gramado com as crianças e o novo cachorro. Anahí se sentou na beirada, observando a afilhada e Santiago rirem animadamente enquanto rolavam no chão.
— Acho que o Christopher acertou em pedir o cachorro. Hoje eles dormem cedo.
— Maravilha! Tô precisando de um tempo a sós com o Christopher.
— Danadinha! — Ela deu um tapa leve na minha perna e eu revirei os olhos.
— Mente poluída, não é por isso. — Ela me fitou e eu balancei os ombros, tomando mais um gole de chá. — Tem tanta coisa a ser conversada.
— Você quer conversar? Sabe que pode falar o que quiser comigo, né? — Assenti. — Eu não sei muito bem o que houve, o Poncho não me contou tudo. Ele não costuma de assuntos profissionais, por que é coisa de cliente, sabe...
— Pensei que ele tinha dito, por que são nossos amigos, né? Mas enfim... — Olhei os quatro brincando. — Eu descobri que o Christopher nunca me traiu, Annie, tem noção de como tô me sentindo?
— Ah, Dulce, não é por que o Santiago não é filho dele que significa que ele não te traiu.
— Não, Annie. Ele realmente não me traiu. — Mordisquei o lábio inferior. — Eu descobri o que houve aquele dia, e vai por mim, ele é tão vítima quanto eu, na verdade, acho que foi pior pra ele.
— Não entendi. O que houve naquele dia, Dul? Ele bebeu, não bebeu? O que a Natália tava fazendo na casa dele? Na cama dele?
— Ele bebeu sim, um copo de suco com sonífero dentro. Eu vi os vídeos da câmera de segurança daquela noite, e vai por mim, nada do que ele tenha feito foi por que quis. Ele tava quase inconsciente e duvido que ele tenha transado com ela.
— Então... ele foi dopado? — Assenti. — Nossa! E eu que pensei que ele não tinha mudado.
— Ele ía me pedir em casamento, sabia? — Minha voz falhou, mas que diabos eu tava tão sensível? — Saiu sim para beber com uns amigos, mas ele não bebeu, nem mesmo estava lá mais quando eles chegaram. Foi tudo rápido demais, pelo que me contaram.
— Caramba, Dulce, eu não sei o que dizer. — Ela fitou o chão e vi suas bochechas corarem levemente. — Acho que devo desculpas a ele, né?
— Vai por mim, não é você que deve desculpas a ele.
— O quê? — Ela me olhou incrédula. — Espera, você não podia nem sonhar nessa possibilidade, né? O que você viu... quem imaginaria?
— Eu sei, mas mesmo assim. Ele dizia que não se lembrava e eu não conseguia acreditar. Escondi a Alice dele até ele descobrir de uma maneira nada agradável, eu quis que ele morresse e odiei ele ter voltado e trazido um filho junto. Eu falei coisas horríveis pra ele, e no final, ele é completamente inocente de tudo.
— O que importa é que agora vocês estão juntos, né? Você perdoou ele sem saber que isso tudo era uma mentira, isso é o que conta.
— E eu continuo fazendo merda.
— O que você fez, Dulce Maria?
— Resumindo tudo? Se não fosse por mim, a gente não estaria assim agora. Já sabíamos que o Santi não era filho de sangue dele, por que a mãe dele fez um teste de DNA sem nossa autorização, eu fiquei brava, o Chris também e proibimos ela de ver a Alice. Ela enlouqueceu, foi atrás pra saber o que houve e me chamou pra conversar, e eu, ingênua, fui. Acabei entregando tudo, por que no final, o cara que ela descobriu que sabia da história toda, é ninguém mais, ninguém menos que o pai biológico do Santiago.
— Caralho, o que tu foi fazer lá, menina?
— Pois é. Eu até tentei sair, mas ele viu a foto dos dois com o Christopher no meu celular, e depois eu saí, ou melhor, fugi. A Alê veio atrás de mim, e acabei gritando e me entregando. O cara ouviu.
— Putz! O Christopher deve tá uma fera com a mãe dele.
— Tá brincando? Ele não quer nem ouvir falar na mãe, e tenho certeza que ele tá se segurando para não falar umas boas verdades pra mim.
— Ah, mas você não imaginava que ela ia fazer isso né? Se você não fosse, talvez ela mesma contaria do menino. Você só... estourou.
— Sim, mas e daí? No final, quem falou fui eu, e não ela, então parte da culpa é minha. Eu não devia ter ido lá e agora eu vou fazer ele perder o Santi.
— Vocês não vão perder ele, vai dar tudo certo, e pare de se culpar, tá bom? Se a Alexandra não tivesse feito isso de ir atrás da história, vocês estariam bem.
— Claro! — Desviei o olhar até o chá. — Eu não quero mais beber isso, não tá gostoso.
— Não é pra ser gostoso, é pra você não surtar e sofrer um pirepaque de novo.
— Eu estou bem.
— Harram! Você tava chorando a hora que eu cheguei, só não comentei.
— Hmm... é que pediram o exame de paternidade e eu surtei. Por falar nisso... — olhei para Christopher que agora estava deitado no chão, com Santiago sentado em cima de sua barriga. Mesmo de longe era possível ver o modo como ele olhava para o filho, um misto de amor e medo. — eu acabei descontando a raiva nele, como sempre, por que é isso que eu faço. Disse que a culpa era dele.
— Caramba, mas você também, hein? Podia segurar sua língua dentro da boca às vezes.
— Eu tava com raiva, sei que ele não tem culpa.
— Vocês deviam voltar pra viagem, estavam ótimos lá. Ah, sei lá, como vocês estão sexualmente? — Ergui minha sobrancelha, aliás, a gente não conversava muito sobre isso, pelo menos há um bom tempo.
— Devíamos ter ficado por lá mesmo, e levado as crianças pra lá. Mas nem tudo dura pra sempre, né? — Forcei um sorriso. — A gente não tem feito desde o que aconteceu, sei lá, tudo que a gente faz é ficar calado, cada um num canto, dando atenção para as crianças, e eu tô sempre cansada demais, então qualquer brexinha, eu durmo.
— Vish, tá precisando transar, amiga. Deve ser difícil, né? Dois bebês em casa.
— Dois empata sexo. Já perdi as vezes de quantas vezes estávamos quase lá e eles começaram a chorar. — Ela deu uma gargalhada.
— É por isso que desistir de ter filhos, pelo menos por agora. Gosto das minhas noites prazerosas com meu gatinho, então, enquanto puder adiar, eu vou. Já tenho minha afilhada linda e fofinha e que não atrapalha minhas noites de sexo.
— Você devia ficar à noite com ela, né? — Ela negou e eu ri. — Madrinhas são pra isso, Annie.
— Tô fora! Você que fez, agora aguente. Ninguém mandou não usar camisinha.
— Dentro do armário de roupa da minha mãe.
— Vocês têm problemas sérios, não é atoa que ela é uma peste. — Fiz um biquinho enquanto pensava. Ela tinha razão, talvez Alice fosse assim por que foi gerada em um momento muito fora do contexto.
— Eu tô com fome. — Passei a mão na barriga involuntariamente. Com certeza já era mais de meio dia e tudo que eu tinha eram poucos goles de um chá nada gostoso no estômago.
— Eu também, pensei que não ía comentar sobre isso, o que tem pra comer?
— Sei lá, acho que nada pronto. Vou ver o que tem pra fazer pra gente poder almoçar.
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[Revisão] Forgive (Vondy)
FanfictionA traição de Christopher Uckermann é algo que Dulce Maria nunca conseguiu superar. Ver o amor de sua vida na cama com a mulher que ela mais odiava, lhe causou uma ferida que ninguém, apesar do tempo que se passou, conseguiu sarar. Mais de um ano s...