CAPÍTULO SESSENTA E TRÊS

1.2K 107 7
                                    

  — Desculpem a demora, tive uma emergência hospitalar. —  Disse, sentando-me na cadeira ao lado de Christopher. 

Ainda com toda a atenção voltada para mim, por ter chegado bem atrasada na audiência, encolhi-me em meu canto. Não era minha intenção chegar tão tarde, mas precisaram de mim no hospital bem na hora que estava saindo. 

— Como estava dizendo, cada caso será analisado particularmente pelo juiz. — Disse a assistente social que esteve em nossa casa há poucos dias atrás. 

À minha frente estava Matías e uma mulher de meia idade, muito bem arrumados. O olhar dela era de total superioridade e eu tinha quase toda certeza de que já a tinha visto em algum lugar. Do outro lado de Christopher estava Alfonso, que anotava algo em algum papel. E o juíz estava sentado numa mesa à minha direita, apenas observando-nos.

— Como solicitado, a visita social foi feita na residência das duas partes. — A assistente pegou duas pastas pretas sobre a mesa e entregou ao juíz. Ali dentro continha o relatório de suas visitas às duas casas.

 Enquanto ela falava coisas das quais eu já tinha ouvido antes, minha cabeça viajava longe. Christopher ficou com ela no escritório da casa por mais de hora e eu sequer podia estar presente. Eu não sabia nada do que ele tinha dito lá, porque ele simplesmente não quis falar. 

Ele estava triste demais e eu não sabia o que fazer ou falar. Nem mesmo Alfonso conseguia fazer isso, porque sabia o quanto esse caso era complicado. Estávamos cuidando de uma criança que não nos pertencia e o pai biológico só descobriu do paradeiro dele à essa altura. Se ele tivesse renegado a criança, talvez, apenas talvez, tivéssemos alguma chance, mas cada dia que se passava, a esperança diminuía.

— Dou por encerrada a audiência de hoje.  

  Aquilo foi rápido demais, o que não poderia ser bom. Dentro de uma semana teríamos a audiência final e independente do resultado, ninguém poderia recorrer. Nos levantamos para que o juiz se retirasse e então, saímos da sala em silêncio antes de Matias e sua advogada.

  — Eu estraguei tudo, não foi? — Perguntei, parando no meio do corredor.

—   Você... —  Christopher colocou as mãos nos bolsos e se virou para mim. —  Eu vou pra casa aproveitar os últimos momentos que me restam ao lado do meu filho.

— Chris... — Dei um passo na direção dele e ele recuou. 

— Você sabe onde mora, sabe o caminho. 

  —  Christopher! —  Alfonso o chamou, mas ele seguiu o caminho sem falar mais nada.

— Eu sou um monstro. —  Ele vieo até mim e me abraçou.  

  —  Aquela é Helena Ortiga, simplesmente a advogada mais requerida e mais cara do país, Dulce. Ela nunca perdeu um caso.

—  Eu sabia que conhecia ela de algum lugar. — fastei-me dele e o olhei. — Como ele conseguiu dinheiro para pagá-la? Ele é um barman.

  — E precisa? Vocês têm a galinha dos ovos de ouro em casa.

—  Espera... ah meu Deus, isso não. —  Recuei um pouco, sentindo minha mente girar. 

Claro que era isso, o que mais poderia ser? Tudo se tratava de dinheiro. Ele não precisava ter uma boa casa, um bom trabalho, porque o menino vinha com o pacote completo. O apartamento no nome dele, o carro, e todo o dinheiro que Natália tinha deixado para o filho. O filho da puta tava tão certo de que ganharia o caso que não pensou duas vezes antes de contratar a melhor advogada do país. 

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora