CAPÍTULO VINTE

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Acordei no dia seguinte antes do despertador tocar e a primeira coisa que vi quando abri os olhos fora Christopher, deitado de bruços e com as costas despidas. Lembrei-me então da noite passada, do que havia deixado acontecer.

Levantei-me sorrateiramente temendo acorda-lo e fui ver se Alice já tinha acordado, mas como ela ainda dormia eu fui tomar um banho. Depois fiz um café e a mamadeira de Alice e fiquei no sofá, tomando meu café e esperando os primeiros sinais de vida dentro do apartamento.

— Bom dia. — A voz incrivelmente rouca dele invadiu o ambiente. Senti suas mãos pesadas descansarem sobre meus ombros e quando percebi que ele iria me beijar, virei o rosto na direção contrária. — A Alice ainda não acordou?

— A hora que vi, não.

— Você está bem?

— Sim.

— Quer que eu vá ver se ela acordou?

Dei de ombros e apontei a mamadeira na mesa de apoio e tomei mais um pouco de café. Eu sentia que minha cabeça estava prestes a voltar com a dor do dia anterior.

— Eu vou lá.

Esperei ele sair da sala e então fui me vestir para o trabalho. Depois, quando voltei à sala, ele estava lá, sentado no sofá e terminando de dar o leite a ela, enquanto ela olhava vidrada para ele escutando alguma história infantil que eu desconhecia.

— Acho que é a sua deixa.

— O quê? — Ele olhou e eu desviei o olhar.

— Não estava no contrato você passar a noite aqui. — Fingi mexer na minha bolsa.

— Não tem nenhum contrato!

— Eu estou sendo irônica, Christopher, mas que seja. Eu tenho que ir trabalhar e você também tem uma vida para seguir.

— Não significou nada pra você, né? — Ele me olhou novamente por um instante e depois voltou a olha a filha.

— O que quer que eu diga? Que está tudo bem agora só porque nós transamos? O buraco é mais em baixo do que você imagina, meu bem. Você não pode vir aqui e achar que o que você tem entre as pernas é o suficiente para apagar o que houve.

— Talvez se eu fosse o velhote do seu namorado, ou seja lá o que ele é seu, fosse mais fácil. — Seu tom de voz se alterou.

Só me faltava essa agora. Ter uma discussão sobre quem eu ficava ou deixava de ficar. Quem ele achava que era para falar assim? Não tínhamos mais compromisso algum há muito tempo.

— Primeiro olha como você fala do Paco. Ele esteve aqui esse tempo todo, ele cuidou da gente enquanto você estava sabe-se lá onde e ele merece todo respeito do mundo e segundo que você não tem o mínimo direito de ficar com essa crise de ciúmes idiota.

— Fala como se realmente gostasse dele. — Ele riu, ainda sem tirar os olhos dela.

— E se...

— Você não gosta. Pode estar me odiando e tem motivos para isto, mas sei que ainda sente o mesmo por mim e que se gostasse dele, não teria deixado o que houve ontem ter acontecido.

— Como você há dezessete meses atrás? É... deve ser isso mesmo. Está explicado o porquê de não ter aguentado ficar sem um rabo de saia. — Fui até ele e peguei Alice.

— Deixa eu...

— Só vai embora, por favor! Não me faça seguir com essa conversa na frente da minha filha.

Praticamente implorei que ele fizesse isso. Por que era tão difícil assim para mim? Por que eu não podia simplesmente perdoá-lo e ficar com ele? Por que tinha que doer tanto toda vez que eu me lembrava da cena?

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora