CAPÍTULO UM

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 Dezesseis meses depois...

Levantei às pressas quando o choro dela me acordou. A noite anterior não havia sido das melhores e eu tinha menos de uma hora para fazer a mamadeira dela, me arrumar, tomar café e estar no hospital. Cheguei no quarto dela e ela estava em pé no berço segurando-se na grade olhando em direção à porta.

— Oi meu amor, desculpa, a mamãe dormiu demais.

Peguei Alice no colo e fui direto para a cozinha com ela enquanto ela resmungava no meu colo. Coloquei o leite dela no micro-ondas e liguei a cafeteira.

— Não precisa chorar amor, a mamãe já acordou, tá? E a tia Ana já está chegando.

Assim que a mamadeira ficou pronta eu a levei para o meu quarto e a deixei na minha cama tomando a mamadeira enquanto eu me arrumava às pressas. Sem dúvidas eu chegaria atrasada e iria levar uma bronca por isto. Eu estava quase terminando minha residência e não podia vacilar depois de tudo o que houve.

Comi algumas torradas e tomei café quando Ana chegou e ficou com Alice, depois me despedi dela e segui meu destino.

Me cortava o coração ter que deixar minha filha de apenas nove meses com Ana todos os dias, mas era necessário. Não podia pedir aos meus pais para cuidarem dela porque isso não era obrigação deles e eu tinha que continuar minha luta que estava chegando ao fim.

Os últimos meses foram agitados, mas valiam apena quando no final do dia eu estava com o ser que mais importava para mim. Se não fosse por ela eu não sei se teria chegado até onde estou.

— Bom dia.

Desejei na recepção quando cheguei já assinando meu ponto.

— Está atrasada.

— Eu sei. Não ouvi o despertador.

Respondi a Paco que estava bem atrás de mim. Ele me deu um beijo na bochecha e eu ri.

— Como está a Alice?

— Bem. Se não fosse a Ana eu estava ferrada.

Virei-me de frente para ele e lhe roubei um selinho.

— Preciso ir, tenho uma consulta para agora e estou atrasada.

— Vai lá.

Ele depositou um beijo em minha testa e eu entrei. Paco é clínico geral ali no hospital e divide seu tempo entre lá e um pronto-socorro. Nos encontramos ali pelo menos duas vezes na semana e o conheço desde antes de saber que Alice era menina.

Nosso primeiro encontro foi quando eu desmaiei no meio do corredor do hospital e ele me segurou e me levou para um dos quartos. Na época eu ainda estava tentando superar a traição de Christopher e ele foi de boa serventia. Desde então nos tornamos amigos e depois que Alice nasceu começamos a ficar. Até hoje não era nada sério, mas não por que ele não queira, e sim porque eu tinha medo. Ele era especial, mas por mais que eu quisesse, eu não conseguia corresponder ao sentimento dele por mim. E ele era simplesmente incrível quando se tratava da minha filha e adora a menina.

No horário do almoço, Paco me pegou e me levou até um restaurante próximo do hospital. Fizemos o pedido e ficamos conversando um pouco.

— Ela está tão chatinha com isso do dente crescendo.

— Mas é lindo, né?

— Harram. Preciso tirar um tempo para ela, sabe? Passear um pouco.

— Esse fim de semana você não está livre?

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora