CAPÍTULO SESSENTA E NOVE

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Depois que recebi alta, Anahi fez questão de me levar para a casa, e quando cheguei lá, Ana estava brigando com Alice, que corria sem parar de um lado para o outro em seu quarto, pelada. Eu queria rir daquela cena, mas eu estava tão abalada que não fui capaz de esbanjar um sorriso sequer.

— Olha só, a sua mãe chegou, vem se vestir mocinha!

Mas quanto mais ela tentava pegá-la, mais ela corria, como se já soubesse andar a muito tempo, o que era engraçado. Deixei-me sorrir por um instante, mas então dei meia volta e saí do quarto, deixando as três no cômodo antes que minha filha me visse chorar.

Fui até meu quarto, deixei a bolsa cair no chão e me sentei na beirada da cama, e foi então que notei a porta do closet aberta. Meu coração palpitou quando vi aquilo, e logo fui até lá. A maior parte das roupas dele tinham desaparecido, assim como a mala.

— Ana?

— Oi, Dulce? — Ela já estava atrás de mim e quando me virei para vê-la, ela estava completamente sem graça.

— Quando ele veio?

— Pouco depois que você saiu, ontem. — Soltei um suspiro. — Eu sinto muito.

— Não tem que sentir. Eu... eu preciso sair, tá bom?

Passei por ela, voltei a pegar minha bolsa e saí de casa. Não fui muito longe. Eu só precisava respirar um pouco e tentar aceitar a situação.

Santiago fora levado por seu pai biológico, o qual tinha total direito sobre ele, e se eu não tivesse tentado descobrir o que realmente havia acontecido naquela maldita noite, talvez ainda sustivéssemos os quatro em casa, decidindo o que iríamos jantar.

Mas não... eu tinha que cavar o buraco mais fundo que devia e acabar num vale profundo. Novamente mãe solteira, grávida de um segundo filho e odiada pelo pai deles.

Deixei-me afundar nas lágrimas enquanto assistia vídeos dos dois no meu celular. A risada dele, o modo como ele andava ou como ele adorava ficar no meu colo. Meu coração se apertou quando cheguei num vídeo em que Christopher perguntava a ele quem ele amava, e ele sem hesitar dizia mamãe. Ele era meu filho, meu menino e naquele instante eu senti um ódio incontrolável dentro de mim.

Girei a chave do carro e dirigi até o bar onde tudo começou. Pelo horário e pouco movimento, tinha acabado de abrir.

— Onde ele está? — Perguntei séria no balcão.

— Pois não? O que deseja? — Questionou o garçom. Eu me lembrava vagamente da presença dele ali na última vez que estive no local.

— Onde o Matías está?

— Desculpa, moça, eu não sei do que está falando.

— Pelo amor, não faça de desentendido, sabe bem do que estou falando. Você estava aqui da última vez que.

— Desculpa, eu não posso te ajudar.

Ele deu as costas para mim e eu dei um murro na bancada, aquilo doeu infernalmente e com certeza tinha deslocado meu punho. — O que você quer? É dinheiro? Eu te dou, mas me diga para onde ele foi com o meu filho. — Abri minha bolsa, peguei minha carteira e tirei um bolo de notas de dentro. — É tudo o que tenho aqui.

— Talvez eu saiba onde ele está...

Ele tomou o dinheiro de minha mão e o guardou no bolso. Aquilo era tão nojento! Depois ele pegou um papel e anotou algo, antes de me entregar.

— Olha moça, eu nunca te dei essa informação, tá? — Assenti. — A senhora gosta mesmo do moleque? Por que se gosta, acho que deve se apressar.

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora