CAPÍTULO CINQUENTA E NOVE

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— Caramba, a sua mãe vai querer matar você! — Ouvi Christopher exclamar isso e abri meus olhos. — Quem foi que fez isso? Hein?

Apesar de todo o cansaço dos últimos dias, eu tinha que continuar minha vida, apenas esperando pelo pior enquanto Alfonso tentava fazer algo que pudesse ser usado a nosso favor.

Sentei-me na cama e olhei a cena. Na porta do banheiro, Christopher estava parado segurando algum objeto que não consegui identificar. Esfreguei os olhos enquanto descia da cama e fui até ele.

— Mas o quê... — Passei a mão pelo rosto. A cena era a seguinte: Alice e Santiago estavam dentro do banheiro, Alice com a cara toda vermelha de batom e Santiago com a cara toda preta, provavelmente de rímel. Ver aquilo doeu lá na alma, principalmente por ver toda minha maquiagem quebrada e espalhada entre o chão do banheiro e o vaso sanitário.

Dei algumas piscadas tentando entender a cena, enquanto Alice apontava com a paior cara de pau para Santiago, que continuava passando a coisa preta na cara.

— Só pode ser brincadeira!

— Santiago, foi você que fez isso? —Christopher se abaixou à altura deles, olhando nada satisfeito para eles. Santiago negou, já fazendo um biquinho de quem ia chora.

— Não precisa chorar, Santi. —Abaixei-me no chão. Como ele podia ser tão sensível.

— Alice? — Ela correu e se escondeu atrás do vaso tapando o rostinho. Eu devia rir daquilo ou brigar? — Muito bem, os dois vão ficar de castigo, pra aprender a não mexer nas coisas da mamãe, entenderam? Agora, banho os dois. — Ele apontou para dentro do box e Santiago foi o primeiro a ir, enquanto Alice continuava pensando estar escondida. —Alice, eu não estou brincando. — Ele se manteve sério, mas oela afeição dele estava prestes a começar a rir do que estava acontecendo.

— Nossa! Eu vou comer alguma coisa, depois eu arrumo isso aqui.

Saí meio atordoada do banheiro, com uma vontade quase incontrolável de voltar a dormir. — Dulce, você tá ligada que hoje é sábado, né? Ainda são seis e meia da manhã. —Parei de andar e olhei pra ele.

— Ah é? Tem certeza? — Ele assentiu, puxando Alice pelos braços e já começando a tirar a roupa dela. — Nossa!

— Volte a dormir, tá? Você tá exausta, não sabe nem em que dia está vivendo.

Foi difícil conseguir dormir novamente com os dois cantarolando no banheiro enquanto Christopher falava pelos cotovelos e resmungava porque tanto meu rímel quanto meus batons eram à prova d'água.

— Christopher, tem demaquilante no armário, não adianta esfregar a cara deles assim. Pega um algodão e limpa eles.

Gritei e depois escondi a cabeça no travesseiro. Bateu até uma pequena vontade de chorar de ver minhas coisas todas destruídas daquela forma. Rímel, delineador, a base toda espalhada no chão, o pó quebrado dentro do vaso. O que eu tava criando não eram seres humanos, e sim pequenos monstrinhos.

Já era tarde quando voltei a acordar, e quando desci as escadas, Christopher estava sentado no sofá, conversando com Alfonso enquanto Alice e Santiago estavam sentados no cercadinho chorando.

— Bom dia? Ou boa tarde?

Cheguei, já me jogando no colo dele e deitando a cabeça em seu peito.

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora