CAPÍTULO SETENTA E OITO

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Acordei com risadas perto de mim e lentamente abri meus olhos, e tava todo quase to mundo lá. Anahí, Alfonso, meus pais, minha irmã, Maite e Christian, enquanto Christopher fazia questão de contar pra eles o quão divertido tinha sido o parto. O hospital precisava revisar isso de deixar tanta gente visitar um paciente ao mesmo tempo.

Esfreguei bem o olho, e vi algo rosa no colo do meu pai enquanto ele olhava vidrado para a neta. Minha mãe se aproximou dele provavelmente para ajudar em alguma coisa, mas logo se afastou.

— Espero que tenham muitos presentes para compensarem a bagunça aqui no meu quarto.

Resmunguei. Eu acordei pelo menos três vezes com Beatriz chorando, hora com fome, hora por que precisava trocar a fralda e eu sentia que um caminhão tinha passado com todas as rodas em cima de mim.

— Olha quem acordou.

— Imagina se você tivesse espirrado? Ia ser muito engraçado.

— Há, há, há! — Revirei os olhos enquanto Christian ria da própria piada. — O que fazem aqui tão cedo?

— Já é mais de meio dia, Dulce. Cedo pra quem?

— Pra quem passou a noite toda acordada pra um parto que não durou nem dois minutos. — Contestei.

— Como você está, amor?

— Cansada e com fome, e com muita, mas muita sede.

— Tem água aqui. — Christian pegou uma garrafinha e se sentou na beirada da maca. — Quer sentar? — Assenti.

Ele arrumou a maca, erguendo-a por um botão. Peguei a garrafinha e tomei pelo menos metade do líquido que estava dentro dele. — Diz pra mim que ainda não passaram com a comida, por que na fome que eu estou, até a comida daqui vai ficar gostosa.

— Daqui a pouco devem passar.

— Como ela está?

— Resmungona. — Meu pai veio até mim e me entregou o pacotinho cor de rosa. — Ela é muito agitada.

— Desde antes de nascer. — Olhei bem para o rostinho dela, procurando algum traço de Alice, mas ela não tinha nada, além do formato do nariz.

Arrumei a touca dela que estava saindo, e pude perceber que até o cabelo era de uma tonalidade diferente, algo mais puxado para o loiro. — Acho que ela puxou você, Chris.

— Eu não tenho cara de joelho.

— Dá pra parar de falar que sua filha tem cara de joelho? Que saco!

— Mas é verdade. — Ele deu de ombros. — Um joelho fofinho, e ela tem seus olhos.

— Como chegou a essa conclusão?

— São puxadinhos e castanhos.

— O seu também é castanho.

— Sei lá, parece o seu. — Ele pegou a mãozinha dela. — Ela é tão pequena, pelo tamanho da sua barriga achei que ia nascer maior.

— Né. — Continuei olhando pra ela, que se mexia freneticamente nos meus braços e empurrava as perninhas com uma força incrível.

Poucos minutos depois, a enfermeira chegou com meu almoço, expulsando todo mundo que não fosse da família do quarto, fazendo o silêncio voltar a pairar sobre o ar, e enquanto eu comia, Christopher ficou sentado na poltrona com Bia nos braços, conversando tão baixo com ela que eu não conseguia entender suas palavras.

Depois do meu almoço, fiquei teoricamente sozinha no quarto, porque meus pais foram embora após eu insistir muito, e Christopher apagou depois que deixou Beatriz dormindo perto de mim. Ele com certeza estava exausto e pelo que percebi, até aquele momento ele não tinha pregado os olhos.

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora