CAPÍTULO QUARENTA E SETE

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Sentei-me na cama e pisquei algumas vezes. O remédio que Paco me dera enquanto esteve ali não estava fazendo efeito e ele já tinha partido. O sol já estava nascendo e minha cabeça parecia estar prestes a explodir.

  — Christopher?

Chamei-o mas ele sequer havia se dado ao trabalho de voltar ao quarto desde que Paco esteve ali. Soltei um suspiro e me arrastei para fora da cama. Pé a pé eu consegui chegar na porta do quarto e então precisei me apoiar na parede do corredor até a porta seguinte.

O caminho entre a porta do meu quarto e a porta do quarto de Santiago nunca fora tão longo. Estava fechada e como a de Alice, costumava ficar entreaberta. Tentei abrir, mas estava trancada po dentro.

— Chris... por favor. —  Apoiei minhas costas na porta. Eu estava fraca, me sentia tonta e mal podia parar com os olhos abertos. —  Ab... abre... —  Tava doendo... tava doendo tanto. —  Não... não fui eu Chris, não fui eu!

Minha voz saiu um pouco mais alta, mas ainda sim, fraca. Perdi o controle das minhas lágrimas, e elas simplesmente insistiram em sair.

— Eu sei que tá me odiando, mas eu não ligo se ele não tem o seu sangue. O nosso sangue. Ele é meu filho também, meu menino. — Eu não conseguia ouvir nada. Na verdade, eu mal podia enxergar, porque estava tudo meio embassado à minha frente.

Senti um tranco atrás de mim, e caí para trás. Desta vez em algo macio. Pisquei algumas vezes e vi o rosto dele.

—  Não fui eu, eu juro.

— Vem, você precisa deitar.

— Tá doendo muito, faz parar!

—  Eu vou levar você para o hospital.

— Não, a gente tem que viajar!

— Deixa de ser boba, mulher. Se você morrer, o lugar mais longe que vai é o cemitério. 

— Me desculpa, eu não queria chatear você.

— Shh, não fala mais nada, tá? —  Ele me tirou do chão e então me carregou de volta para o quarto.

Senti-me minimamente aliviada quando meu corpo foi posto sobre o colchão quentinho e macio. Christopher se sentou ao meu laro e começou a procurar algo na cama.

— Precisamos esperar alguém chegar e ficar com as crianças. Você aguenta? Vou ligar pra alguém.

— Sim, mas só se ficar aqui comigo. Eu não quero perder você de novo por um erro meu Uckermann!

— Vou ficar. Quer comer alguma coisa? Acho que pode ajudar.

—  Foi... foi a sua mãe. —  Meus olhos estavam pesados, então não podia mais mantê-los abertos. —  Ela fez o exame sem a gente autorizar. Ela veio me falar que ele não era seu filho e ela não quer saber dele.

— Por que ela faria isso?

— Eu não sei. Não pedi pra ela fazer isso, acredita em mim, por favor. —  Apertei minhas têmporas. —  Tá doendo muito, Chris.

—  Shh, para de chorar, só vai piorar. — Vi ele olhar para a tela do celular fixamente por um tempo, depois ele continuou a fazer o que estava a fazer. — Eu já volto, tá? Cinco minutos.

Assenti. Me encolhi na cama enquanto estava sozinha. Eu queria dormir, mas não conseguia. Talvez fosse melhor mesmo ir para o hospital e ver a gravidade da minha queda. Mas eu queria viajar, eu precisava de um tempo só com ele. Precisávamos conversar tanta coisa, precisávamos um do outro, sem mais ninguém.

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora