CAPÍTULO VINTE E SETE

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Enquanto empurrava o carrinho de compras, minha cabeça estava a mil por hora lembrando da conversa que tive mais cedo com a doutora Kelly. Eu deveria aceitar a proposta?

Quando cheguei no hospital para trabalhar de manhã eu me senti um pouco perdida depois de ficar alguns dias em casa de licença médica.

Eles não podiam me demitir por isso, mas eu estava deixando minha vida pessoal afetar o meu trabalho. Estava ficando exatamente como fiquei quando Christopher me traiu, então eu tinha duas opções. Ou eu aceitava a total mudança no meu trabalho, atendendo apenas consultas agendadas e nos dias de semana durante o dia e aos sábados pela manhã - o que sem sombra de dúvidas deixaria meu salário relativamente mais baixo e me impossibilitaria de crescer profissionalmente -, ou eu deixaria de misturar minha vida com o trabalho. Eu não poderia em hipótese alguma deixar meus problemas pessoais atrapalharem a minha carreira e eu não queria isso, mas era algo que eu não tinha controle.

Peguei os últimos produtos que estavam na lista e me dirigi ao caixa torcendo para chegar logo em casa.

Quando cheguei, Alice estava dançando apoiada ao sofá e olhando para a TV que passava um dos DVDs de música infantis que ela tinha. Ana tentava dar comida a ela, mas ela estava tão entretida com a TV que Ana precisava enficar a colher na frente dela para ela abrir a boca.

Eu sorri tentando controlar a vontade de morder aquelas perninhas minúsculas e fui deixar as sacolas na cozinha.

— Nossa, você me parece muito cansada.

Ana disse enquanto eu me sentava no sofá. Tirei meu casaco e em seguida meu sapato e me deixei afundar ali. Eu queria pegar minha menina no colo, mas eu precisava de um banho para relaxar um pouco.

— E estou. Foi um dia bem pesado. Será que pode ficar até eu tomar um banho?

— Claro. Ann, Dulce, um tal de Christopher ligou. Mais cedo.

— O que ele queria.

— Saber da Alice. Ele disse que é o pai dela, é verdade?

— É sim.

— Eu não sabia, você nunca falou nele. É aquele cara que eu vi saindo aqiele dia?

— Sim.

— Quando ele voltou?

— Há alguns dias.

— E vocês dois... desculpa ser inconveniente, mas eu não vi mais o Paco aqui.

— É uma história complicada. Qualquer dia eu te explico.

Tomei um banho demorado e depois fui ficar com Alice. Só então eu a peguei no colo e comecei a enchê-la de beijos enquanto ela tentava se soltar resmungando. Ela estava crescendo tão rápido que eu fiquei triste.

— Não seja chata, a mamãe sentiu saudades.

Ela se esticou até conseguir escapar dos meus braços no sofá e ir para o carpete.

— Tá bom então. Fica aí, depois não venha chorar atrás de mim querendo colo. Só quer saber desses brinquedos aí e não dá atenção pra mim.

E foi exatamente como imaginei. Ela só quis vir no meu colo mais tarde quando o sono bateu e ainda ficou chorando até conseguir dormir.

Depois que ela dormiu eu fui guardar as coisas que comprei no supermercado. Primeiro guardei as coisas da cozinhas, a da despensa e depois meus produtos de higiene pessoal, e foi aí que vi que eu tinha uma embalagem de absorvente ai da fechada na gaveta. Senti um frio no estômago ao ver aquilo e e fui conferir a data. Faltavam dois dias para o meu aniversário e minha menstruação já deveria ter decido, e o pior, pela segunda vez.

[Revisão] Forgive (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora