Capítulo 52

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LUA


No parapeito da janela do quarto observo o celular em cima da cama tocar insistidamente. Eu devo acabar logo com isso, mas sinceramente não sei se posso aguentar outra rodada.

— Coragem, garota. — respiro fundo.

Ao pegar o celular de imediato aperto o atender antes que perdesse a coragem.

— "Hayley?" — fico muda. — "Filha?"

— Oi, pai. — respondo caindo sentada na cama.

Só em ouvir sua voz sinto lágrimas se formando em meus olhos. Meu pai era um homem difícil e rígido. Eu tenho certeza que às palavras que vierem dele destinadas a mim serão mil vezes piorem do que foram as da minha mãe.

Aguardo agora o que vem a seguir.

— "Grávida! É isso mesmo, Luara?! Está grávida?" — exclama ele parecendo descrente.

Estremeço por ouvi-lo me chamar pelo o nome que quase nunca usa. Desde que criança ele sempre preferiu Hayley.

— Sim, pai. Estou grávida. — a linha fica num silêncio desesperante. Solto um soluço involuntário. Não conseguindo me controlar deixo que lágrimas caiam. — Pai? — nenhuma resposta. — O senhor também não, por favor. Já basta a mamãe. Sinto muito por decepcioná-lo novamente.

— "Por que não veio falar comigo? Hayley eu soube pela sua mãe que simplesmente invadiu meu escritório descontrolada. Ela não parava de gritar que a filha sujou o nome da família engravidando de um caipira ignorante."

— Ele não é um caipira ignorante. Tudo que mamãe falou não passa de um monte de besteira. — rosno ao lembrar-se das palavras ditas dela ao Bryan. — E não é difícil de adivinhar por que eu não fui falar com o senhor. Sabe pai eu posso contar nos dedos quantas vezes nos encontramos neste ano. Sempre era por causa de algo que fiz. Nenhuma destas vezes o senhor deixou que eu me explicasse. Nem mesmo vinha em meu apoio. Apenas me julgava como todos sempre fizeram. Não sou nenhuma santa, tendo sim minha cota de culpa. Mas o que sempre doía em mim era ver que em momento algum buscou querer saber a real verdade.

Ele nunca quis saber o que me motivou. Não me orgulho dos nossos encontros serem feitos depois que a polícia esteja no meio ou uma nota de fofoca que saiu. É triste saber que seu próprio pai aparece (nem sempre) quando "apronta" algo que nunca foi para ser de propósito. E não quando você o convida para o seu aniversário ou das irmãs, datas comemorativas, feriados e até mesmo para um simples almoço. Nem em minha formatura apareceu. Praticamente eu e minhas irmãs estamos sem nenhum convívio com nossos pais.

— "Hay... Luara." — se corrige para meu espanto. — "Eu..." — suspira demonstrando cansaço. — "Filha, sei que nesses últimos anos eu e sua mãe não fomos os melhores pais. Sempre viajando focados em nossas carreiras não estando presente na vida de vocês. Deixando os cuidados de você e das suas irmãs nas mãos dos outros. Não me orgulho do pai que me tornei. Reclamei tanto do meu prometendo para mim mesmo que nunca seria como ele quando tivesse meus filhos. E veja no que me tornei uma cópia fiel dele."

— Uh, pai... — realmente não estava sabendo o que lhe dizer.

Ele nunca comentou sobre o seu passado. Meu avô não era um homem muito presente na vida das netas, na verdade percebo que não tenho nenhuma recordação nítida dele em mente. Somente tenho dele alguns cartões postais que mandou quando eu ainda era bem pequena.

— "Você não me decepcionou, Luara. Sempre me tirou do sério, mas nunca me decepcionou." — ele declara. — "Toda vez que eu recebia uma ligação sabendo o que aprontou ficava furioso e brigava contigo só que no final depois quando tudo passava estando sozinho no meu escritório ria por que você é a única das minhas três meninas Imperial a ter coragem suficiente para se arriscar. A única a bater de frente comigo. Fico satisfeito que nunca tenha permitido que sua mãe tivesse controle sobre sua vida. Ainda pequena sempre se mostrou assim carregando este gênio forte."

Laçada Pelo CowboyOnde histórias criam vida. Descubra agora