Capítulo 9

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Nada como uma noite de sono mal dormida para reafirmar nossos objetivos. Levantei cedo da cama e fui para a academia do prédio. Malhei a manhã inteira. Graças a Deus era domingo e ninguém frequentava a academia hoje. 

Voltei para meu apartamento, tomei um banho e fiz uma comida para mim. Liguei para meu comando e pedi mais informações do caso. O comandante queria falar sobre o Leonardo, mas o impedi e pedi para que não tocasse nesse assunto a menos que fosse fundamental para a operação.

Durante todo o resto do dia estudei as informações do caso e planejei com o comando uma estratégia para pegarmos esses canalhas. Quanto mais estudava o caso mais nojo eu tinha daquele rato. Não bastasse roubar da merenda de crianças, havia sérios indícios de que tinha parte no esquema de aposentadorias fantasmas, empréstimos ilegais para aposentados e pensionistas, desvio de verba destinada para asilos, além do recebimento de propinas de banqueiros e clínicas médicas. 

O cara era um traste e só queria saber de  dinheiro. Fiquei com certa pena da mulher dele ao lembrar daquela doce senhora. Se via o olhar de amor e adoração que ela tinha pela filha e marido. Me identifiquei com ela pois sei como é amar sozinha e se sujeitar a tudo por esse amor, mas ainda assim faria meu trabalho e que doa a quem doer.

O deputado tinha uma diversidade de esquemas e não poderia fazer isso sozinho. Descobri que Fubá era o cara por trás do esquema das merendas, que atendiam não somente as escolas, como asilos e orfanatos, ou seja, a merendinha do deputado deixava não só crianças com fome, mas também idosos.

Um asilo era dirigido por uma ONG fundada pelo deputado e sua família juntamente com alguns voluntários cuidavam de tudo. No documento constava que a sua esposa era a presidente e sua filha a administradora financeira. Iria verificar bem de perto isso aproveitando a confiança que tinha obtido dele. 

No dia seguinte começa minha atuação. Cheguei cedo ao escritório e logo o deputado chegou fui até ele agradecer o convite para a festa e dizer que adorei estar com ele e conhecer pessoas tão influentes. Se tem uma coisa que ele é, é vaidoso e essa vaidade será a sua ruína. Falei que gostaria de ser tão esperta quanto ele e isso o fez me colocar como sua assessora direta. Agora sim, estaria bem perto dele.

No primeira mês fiquei sabendo dos detalhes do desvio de verba das merendas escolares. O esquema era grande, muito dinheiro rolava e tinha prefeitos, funcionários das prefeituras, deputados, senadores e empresários no esquema. Todos mordendo  um pouco da merenda das crianças. Muitas eram as reuniões que frequentei e a cada uma minha raiva e asco pelo deputado aumentava.

As reuniões políticas então! Um nojo. Vocês tinham que ver como eram acertadas a aprovação das leis. Pouco, ou melhor, nada se discutia sobre o impacto na vida dos brasileiros e muito se discutia sobre os benefícios que determinado grupo teria com essa ou aquela lei.  Alguns poucos deputados se safavam dessa safadeza, mas dava até pena deles, pois eram engolidos por aqueles que só legislavam em causa própria.

Quanto mais tempo passava, melhor era minha atuação, digna de Oscar de melhor atriz de todos os tempos. Em um ano já conhecia bem o deputado e passei a frequentar sua casa. Algumas poucas vezes cruzei com sua filha pedante, mas nenhuma com Leonardo, graças a Deus. Parece que o casamento deles estava marcado para daqui a 6 meses e seria o casamento do ano.

Me voluntariei para ajudar a esposa dele com os preparativos do casamento e com isso aprofundar minha investigação sobre os esquemas e saber o papel de cada uma neles. A esposa dele ainda era aquele doce de pessoa, sempre educada e amorosa. Todas as tardes, após as várias providências para o casamento, tomávamos uma xícara de chá com biscoitos e conversávamos sobre a vida. Ela parecia uma avó querida sabe? Daquelas que te enchem de guloseimas escondido dos pais.

Em uma dessas tardes, estávamos conversando sobre o bolo a encomendar quando a filha dela entra pela porta batendo o pé como uma criança birrenta.

- Sua idiota! Fui no Clube de Golfe e ainda não está agendado meu casamento lá. Aquela besta da Maiara vai casar lá, na data do meu casamento. Tudo isso é culpa sua! - disse a filha para a mãe.

- Calma filha, é que...

- Calma o caralho. Você é uma inútil. Vai ver que acha que eu vou me casar como você em uma capelinha de comunidade e fazer um bolinho com refrigerante no quintal. Eu mereço muito mais que isso, terei a festa do ano, custe o que custar. Não sou uma mulherzinha idiota, pobre e medíocre como você, uma idiota...

Não aguentei ver tamanha ofensa àquela que em 30 dias de contato direto nunca vi ofender uma mosca sequer.

- Hei! Respeito com sua mãe. Se você está acostumada a tratá-la assim o problema é seu, mas na minha frente nunca mais faça isso. Agora senta e escuta. - disse com toda autoridade e confiança que adquiri.

- Quem você pensa... - tentou ela argumentar

- Você senta por bem ou por mal? - disse a encarando de cima. Abençoada altura! A intimidei e ela se sentou quietinha.

- Primeiro, você deve desculpas à sua mãe, que está a 30 dias se matando para fazer o seu casamento enquanto você só sabe criticar. - ela tenta argumentar, mas com uma olha da minha se desculpa a meia boca com a mãe. - Segundo, o clube já estava alugado para um casamento, mas conseguimos um lugar muito melhor pois houve um cancelamento no Castelo Florença e a data é nossa. - os olhos da mulher até brilham quando ouve que seu casamento será no lugar mais chique e caro do país. Celebridades tentaram se casar no local, mas poucos afortunados conseguem.

- Terceiro, nunca mais quero ver tal tratamento com sua mãe ou qualquer outra pessoa. Não admito está ouvindo? E se quiser reclamar com seu pai fique a vontade, mas creio que ele não se oporá a isso.

A mulherzinha sai sem sequer um agradecimento à mãe, mas pelo menos sem ofendê-la.

- Obrigada. Não sei onde errei com essa menina. Nem sempre fomos bem de vida, mas sempre nos esmeramos para dar a ela o que de melhor podíamos além de muito amor. Lavei muito banheiro em casa de família antes do primeiro mandado de vereador do bem. Quando nossa condição melhorou ele me obrigou a parar de trabalhar e agora só me deixa comandar os funcionários, mal sabe ele que ainda faço uma coisa ou outra. Para mim, apenas mudou não ter que fazer a conta de quantos grãos de arroz cada um tem que comer para não faltar no fim do mês, mas para minha filha... Ela parece ter sido engolida por esse novo mundo e se tornou outra pessoa, mas ainda assim a amo. -desabafa ela.

- Seu amor é visível e mesmo sendo uma mulher adulta, tem que respeitar a quem lhe deu a vida e amou. Me desculpe, mas não podia deixá-la tratar a senhora assim.

- Obrigada minha filha - diz ela chorando e secando as lágrimas. - Vamos voltar aos nossos planejamentos.

- Claro.


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Menin@s... Que bafão! Leonardo vai se casar com a nojenta. Quem ficou com dor no coração levanta a mão?  Não gostei disso, mas não manipulo a história, apenas deixo ela acontecer como os personagens me contam. Parece loucura, mas é assim mesmo.

Quem está gostando comenta e me dá uma estrelinha.

Bjus e até a próxima onda de inspiração.






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