Capítulo 27

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Meu Deus! Está sendo ótimo ficar com meus filhos, leva-los a todos os lugares,  mas estou agoniada. O Comandante não dá retorno nenhum. Não quero perguntar a ele para não parecer ansiosa, por mais que esteja. Só sei que meu tempo está passando e se não tiver uma resposta, não sei se terei coragem de largar tudo e me arriscar tendo 3 pessoas dependendo de mim. Sim, Ana, apesar de trabalhar para mim, a tenho como uma irmã mais velha e, portanto, minha responsabilidade. 

Léo me mandou mensagem no zap, perguntado se era isso mesmo que eu queria, que sentia minha falta, que queria algo sério e que sentia falta não só de mim, mas das crianças também. Olha, confesso que essa parte me balançou, mas também sei que a qualquer momento ele pode ter que entrar em missão disfarçada. Imagina, numa dessa sem querer darmos de cara com ele e outra família, como tive o desprazer de  ver. 

Só de lembrar dele de braços dados com aquela lambisgoia já me dá vontade de socá-lo. A peste ainda está na cadeia, e a considerar que ainda hoje estão descobrindo crimes da quadrilha, vai demorar para ela sair da cadeira.

Bom, o fato é que minha vida está em suspenso, tudo aguardando uma resposta do Comandante. Quer saber? Não posso só ficar passiva. Não entrarei em contato com o Comandante, mas com meu chefe imediato não deve haver problema.

Conto até 3, respiro e ligo. O não já tenho, o que vier é lucro. Ligo e sou muito bem atendida . Antes que pergunte algo, ele logo me dá as noticias.

- Que bom que você ligou. Estava mesmo para te ligar. O Comandante pediu para marcar uma reunião com você, mas estava tão ocupado com uma operação aqui que realmente esqueci, você sabe como é.

- Sei sim, estou disponível, basta marcar que estarei lá.

No dia seguinte fui á reunião no horário estipulado. pouco aguardei e logo fui chamada para a sala do Comandante. Após os cumprimentos iniciais ele não perdeu tempo, típico dele.

- Alessa, analisamos bem e com muito cuidado a proposta apresentada. Ela é realmente oque buscávamos, mas não poderíamos  deixar tarefa tão importante na mão de terceiros, por mais confiança que tenhamos em seu trabalho e supervisão e poder de decisão que tenhamos em todo o processo. 

Sabe aquela música - Meu mundo caiu! era a trilha sonora do momento.

Porém,  diante de trabalho de tanta qualidade foi consenso que não poderíamos ter pessoa mais adequada no nosso quadro para esse trabalho. 

- Como assim Brasil? - estava atordoada  e apenas prestava atenção.

- O Marechal Barros está a frente do treinamento a muitas décadas e  não está ficando mais jovem. Ele hoje quer mais curtir os netos e a esposa. Já deu o tempo dele se reformar mas ainda não tínhamos ninguém em vista. 

- Certo, o Sub Azevedo vai assumir, certo?

- Se fosse essa alternativa, não resta dúvida que seria melhor terceirizar. Sejamos sinceros.... Ele é ótimo para cumprimento de metas administrativas, rígido e metódico, mas não tem o nível de dedicação e envolvimento . Precisamos de alguém lá que esteja atualizado com as mais novas tecnologias, que busque o aperfeiçoamento da tropa e essa pessoa se apresentou a nós: você. 

Menina, segura a onda. Vai ver é coisa da sua cabeça ou pegadinha.  Vai ver te querem como assistente do Comandante, ai menina, presta atenção e não viaja! 

- Vi sua ficha, na verdade tenho te observado de perto faz tempo. Você teve ótimas referencias desde o curso de formação e olha que para arrancar algum elogio da equipe que te treinou tem que merecer muito. Todo o tempo que a equipe esteve conosco, não foram elogiadas nem 10 pessoas.

- Além das férias, folgas e licenças, nesse anos de serviço seus superiores deixaram passar suas promoções, por isso a demora em te contatar. A junta superior avaliou sua ficha e ficaram muito impressionados de ainda constar como Segundo Tenente, mesmo depois de ter atuado de forma tão relevante em operações de alta complexidade e periculosidade. Por isso, tem 15 dias que a senhora deixou de ser Segundo Tenente para ser Tenente- Coronel e estamos te redirecionando para a  Junta Superior de Treinamento e Reciclagem.

Opa! Perai, Brasil, o que está acontecendo? estou muda de de incredulidade. 

- Alessa, a senhora está acompanhando?

- Senhor, confesso que estou tentando. Quer dizer que o Exército não irá mais terceirizarão treinamento, que o Marechal Barros vai se reformar e eu serei promovida a Tenente - Coronel e deixarei de trabalhar no treinamento direto dos agentes para compor a Junta de Treinamento? 

- É, quase isso. Saiba que na Junta será a de menor patente e, portanto, terá que se fazer valer perante os demais. Claro que com isso você deixa de participar das operações disfarçadas para atuar também no Comando das operações, quando exigido, e  tenho certeza que conseguirá conciliar com sua função de mãe. 

- Claro, entendi perfeitamente. Confesso que a principio fiquei decepcionada, mas essa proposta é muito melhor do que qualquer uma que pudesse sequer cogitar.

- Que bom que você gostou. Agora você deve se direcionar para o Recursos Humanos para pegar todas as orientações  quanto a nova patente e claro, seu soldo atual. Procure a  Tenente Leila que ela já está a par de seu caso. 

Agradeci, mais do que agradecida e claro, fui ao RH. Quase caí para trás ao saber que eu receberia a diferença retroativa das minhas promoções. Eu preocupada com o futuro e olha só o que o futuro me reservou. Claro que não receberia tudo de uma vez, mas parcelado e a partir desse mês já receberia como Tenente- Coronel. 

Claro que esse dinheiro me faria muito bem. Vou dar um reforço na poupança das crianças e , quem sabe, pensar em algo ,mais efetivo para ajudar no futuro de Ana. Passou da hora. Quem sabe não aplicar para ela abrir um negócio no futuro?

No final do dia  não recebi a notícia que queria, mas nunca uma negativa deixou alguém tão feliz. Claro que liguei para meu pai assim que estava no carro. Não consegui me conter e nem ele. Senti o orgulho que ele transmitia em sua voz embargada e isso me fez muito mais feliz.

Claro que hoje teríamos que sair para comemorar. Levei Ana e as crianças para lanchar no shopping e claro, os dois quiseram aquele lanche que vem com surpresa e as crianças adoram. Eu e Ana embarcamos também, claro que houve disputa pelo brinde, mas no fim tudo deu certo. 

Bom, minha vida profissional estava  muito bem, mas a emocional.... Ai, e agora como seria ter que encarar o Léo no quartel?  Bom, vou pensar nisso depois. Agora preciso comemorar essa boa fase.

Eu mereço! 



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