Capítulo 41

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Estava perdida em meus pensamentos. E pensar que há uns meses atrás nunca sequer pensaria em casar com Léo. A vida estava ótima com ele que praticamente morava conosco.  Ele estava amando o trabalho novo, eu estava realizada no meu  e nossas noites eram perfeitas.

Com todo meu cansaço, quando se tratava de dar um trato no meu noivo, eu tirava disposição sei lá de onde.  Cada dia ficávamos mais  e mais ousados. ontem o marrei na cama e que delícia tê-lo sob meu julgo para fazer o que quisesse. Essa sensação de poder era extremamente excitante e ele é tão seguro de si que  mesmo nessa situação ele não perde sua auto confiança.

- Alessa! - sou despertada de meus devaneios pela médica me chamando. - Pode entrar.

-  Obrigada.

Entrei no consultório e Dra. Camila me recebeu como sempre muito simpática.  Expliquei tudo que estava acontecendo  e por me acompanhar há muitos anos não buscaria um, especialista sem antes saber sua opinião. 

Depois de auscultar meu coração e pulmão, aferir a pressão e a glicemia e constatar que estava tudo normal ela começou com perguntas pessoais.  Tive que assumir que estava tendo relações sexuais desprotegidas, mas que não acreditava ser gravidez pelo meu problema hormonal. Falei sobre a pressão do trabalho e dos meus hábitos alimentares e dos planos do casamento.

A princípio ela suspeitava de stress, mas antes de indicar qualquer tratamento ela pediu uma série de exames de sangue e urina. Ela me fez prometer que os faria o mais rápido possível e pediu urgência ao laboratório nos resultados . 

Guardei meu jejum e na primeira hora da manhã colhi os exames. A urgência dela me preocupou. Alegria de pobre dura pouco mesmo. Só porque estava feliz  com meu trabalho, minha família e a poucos meses de casar tinha que me acontecer algo. como não sabia do que se tratava, achei melhor dar um tom de normalidade para que não se desesperem sem necessidade. 

Cumpri automaticamente  minhas obrigações até o fim do dia, quando retornaria à Dra. Camila para saber seu diagnóstico. Cheguei na hora combinada e encontrei o consultório vazio. Não demorou e fui convidada a entrar.  

Nesse momento comecei a ficar nervosa. Dra.Camila está com o semblante compenetrado, o que  me deixa agora irremediavelmente preocupada.  Sento tensa e o silêncio da sala só é cortado pelo som do teclado. Finalmente  ela deixa o teclado e me olha com certa leveza,mas ainda não fico tranquila.

- Ai Doutora, me conta   que eu tenho. Estou ficando preocupada. 

- Calma, não é nada demais.  Mas não vou te contar, vou te mostrar. Deite-se na maca, tire e abra um pouco a calça. 

Fiz o pedido e vi que ela faria uma ultrassonografia. Será que teria um tumor em algum lugar? Ai não! Ela passou o gel e foi explicando.

- Aqui está sua trompa e aqui seu útero. Está vendo esse pontinho aqui? 

- Ai doutora, um tumor? 

- Não minha linda, não é um tumor, mas um bebezinho e pelos meus cálculos você está de dois meses.

oi? Hei, podem revelar as câmeras. Não vou cair nessa pegadinha. Começo a rir, essa doutora Camila é terrível. Vendo o seu olhar sério e ouvindo o som de batidas bem apresadas de um  coração minha risada se tornou um choro compulsivo. 

Ela me limpou e me abraçou tentando me acalmar. Há muito tempo atrás a notícia de que somente poderia ser mãe depois de passar por um procedimento médico me destruiu e tirou as esperanças de qualquer dia gerar uma vida e de repente, sem querer, esperar ou fazer qualquer tratamento eu tinha um bebezinho no meu corpo. 

Aos poucos fui me acalmando e assim que estava um pouco mais recomposta pude conversar melhor com a médica. Segundo ela eu estava de 2 meses e os enjoos logo acabariam ou, na pior das hipóteses, diminuiriam. Ela me recomendou vitaminas  e começar imediatamente um pré natal. 

Por mais que tentasse, ainda estava meio boba e não conseguia tirar a mão da minha barriga, acariciar meu pequeno carocinho. Ainda bem que ela estava escrevendo tudo. Definitivamente não teria a mínima condição de dirigir para casa. Liguei para Ana que atendeu com as crianças fazendo bagunça ao fundo. 

Um sorriso foi inevitável. Em breve a bagunça seria maior. Como Léo estava em casa, pedi para Ana vir me buscar. Ela ficou preocupada mas dei como desculpa que tinha esquecido de abastecer e que amanhã arrumaria isso. Não demorou muio e ela estacionava com seu carro. Pedi para antes de ir para casa ela tomar um suco comigo. 

Ainda que desconfiada ela topou e assim que sentamos em uma lanchonete pedi desculpas por dar tanto trabalho a ela.

- Imagina que me dá trabalho. Vim te buscar com prazer. 

- Ah, não sei se você vai dizer isso daqui a um tempo. 

- Alessa, não estou entendendo. Seja mais clara.

- Então, você terá mais trabalho em breve. A família vai aumentar. Estou grávida.

A mulher começou a gritar e pular na cadeira e tive que pedir para ela se conter. Assim que ela se centrou  expliquei que tinha acabado de saber e que ela era a primeira a saber e que ela tinha que me ajudar a contar para todos.

Corremos para o shopping em busca do que precisaríamos. Minha preocupação seria deixar meus pais no escuro e não aguentaria deixar essa noticia em segredo um dia que fosse.  Finalmente fomos para casa com um pacotão em mãos. 

Cheguei em casa, beijei meus bebês e fomos todos para a sala.  Lá liguei para meus pais e chamei Léo para fazer mostrar o primeiro presente de casamento que ganhei. Com todos na sala, meus pais vendo pelo celular, pedi para Léo  abrir o presente. 

Ele abriu a caixa e quando notou o que era ficou parado, mudo e quando minha mãe perguntou o que era ele largou tudo e me abraçou e beijou. Meus pais já estavam ficando nervosos.  peguei Ana a caixa e tirei dela o macacão branco com os dizeres

"Helo galera, estou chegando."

 As crianças agora que ficavam sem entender nada enquanto meus pais choravam . 

Vendo o olhar das crianças expliquei que a mamãe estava carregando na barriga um irmão ou irmãzinha para eles e só ai elas participaram da festa. 

Passada a comoção fui sabatinada por diversas perguntas 

-Como você descobriu?  - Mas não era impossível? - Está de quantos meses? - E o casamento? 

Ana tomou a frente e disse que tinha acabado de descobrir e que precisava descansar. Amanhã ligaria para minha mãe para contar tudo, mas que agora eu iria tomar banho, comer e descansar.  todos entenderam que já estava realmente ficando cansada e só faltou me carregarem no colo, mas no fim consegui me preparar e deitar para no dia seguinte continuar a responder perguntas e viver meu conto de fadas. 

Do meu tamanhoOnde histórias criam vida. Descubra agora