Capitulo 7

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Assim que desembarquei e liguei o celular vi que já tinha mensagem do Leo.

Já com saudade. Assim que acabar essa missão estarei c vc.

Não posso negar, além de lindo, divertido e inteligente o cara sabe deixar uma mulher caidinha.

Ansiosa para esse dia chegar.

Respondo e vejo que ele visualizou. Sigo para meu apartamento e encontro tudo como sempre esteve e me incomodo com tanta previsibilidade. Já está de noite, mas sou picada pelo bichinho da mudança e começo a trocar os móveis de lugar e jogar fora tudo que esteja quebrado, lascado e que não me agrada. Sei que lá pela meia noite a barriga ronca e tenho sacos e sacos de lixo para descer. Peço um trio big bob e enquanto espero a entrega desço com o lixo, dou para o Sr. Joaquim alguns móveis e utensílios que estavam bons e peço para ele pegar meu lanche quando for entregue.
Tomo um banho relaxante e ponho uma roupa confortável. Assim que acabo de me vestir seu Joaquim me entrega meu lanche. Como vendo uma comédia romântica e vou deitar. Amanhã quero comprar umas roupas e itens de decoração bonitos para no dia seguinte me apresentar no quartel.

Acordei no dia seguinte e ainda não havia mensagem nenhuma dele, mas como ele está em missão deve estar bem enrolado. Nádia foi comigo e compramos umas roupas bacanas e itens novos de decoração para minha casa. Hei! Não pensa que estou podendo não. Sou a rainha da pechincha e me divirto buscando as melhores ofertas e cavando descontos. Não falamos de homem, parece que ela e Charles eram só um passatempo, um pente e rala como ela diz.

Fomos para casa carregada de pacotes e fizemos um almoço bem legal e rápido - macarrão com calabresa ao molho branco . Delícia!!! Dormi cedo e me apresentei no quartel no dia seguinte. Agora fui designada para auxiliar a Polícia Federal em uma investigação de desvio de dinheiro público por parte de alguns deputados e teria que trabalhar infiltrada no Congresso como assistente administrativo.

Meus pais sabiam que minha vida seria assim e já estavam acostumando. Teria que passar pelo menos 1 ano em Brasília. Trabalharia super monitorada com escutas e câmeras escondidas 24 horas por dia. Moleza!

Me apresentei na quinta feira para o serviço e até que gostei. Fiquei no escritório de um deputado e em 1 mês já tinha ganho a confiança de todos, com isso passei a acompanhar tudo que acontecia lá, para minha tristeza. Eu até simpatizava com o deputado, mas depois da reunião que ele teve com um grupo de deputados e senadores do partido, passei a odiá-lo.

- Senador, não recebemos ainda a merenda desse mês. - disse o meu chefe para um dos presentes. - Avisa lá o Fubá que desse jeito vai ficar difícil segurar as coisas.

- Pode deixar, vou mandar uma mensagem para ele. Opa!!! Ele disse que em 10 minutos a sua merenda estará aqui. Já saiu de lá e já passou da portaria. 

- Alessa, por favor, pegue a merenda que o Fubá mandou entregar aqui e nos traga. - disse o deputado. Sai para atender o pedido pensando como eu carregaria essa merenda.

- Deve ser um embrulho grande para ter merenda para todos da reunião, qualquer coisa pego um carrinho. - pensei. Qual não foi minha surpresa ao ver Leo vestido em um terno de grife carregando uma mala. Minha boca abriu e meu queixo quase caiu no chão. Primeiro porque ele estava L-I-N-D-O e porque não nos falávamos desde a despedida no aeroporto. - Leo!!! - foi apenas o que consegui dizer.

- Trago a merenda do deputado que o Fubá mandou. - disse ele sério, mas seus olhos diziam outra coisa. Ali vi desejo, saudade e um pouco de preocupação. Somos ambos da inteligência e assim como eu, ele deve estar em missão e monitorado. Resolvi confiar!

- Claro, senhor. Ele está no aguardo. Levarei até ele tão logo receba. - disse e em seguida Leo me entregou uma maleta e virou as costas sem dizer uma palavra e saiu de cabeça baixa. Ainda esperei ele voltar com a tal merenda mas me vi em pé na sala com uma maleta na mão e o coração na boca.

- Ooo menina! O deputado esta te esperando na reunião. - disse a mais velha das secretárias me despertando da minha passageira viagem.

- Deputado, desculpe mas só me foi entregue esta maleta.

- Obrigada menina! Senhores, nossa merendinha desse mês. - disse o deputado abrindo a mala e quase caio para trás quando vejo que a tal merendinha nada mais é do que uma mala abarrotada de notas de 100 reais arranjadas em maços. O deputado começou a distribuir entre os presentes.  No final a outra assistente que estava comigo na reunião ganhou um maço e ele apontou o último para mim. Ali deveria ter pelo menos uns 5 mil reais. Peguei e fiquei olhando sem saber o que fazer. Todos se levantaram depois da distribuição e foram embora ficando apenas eu com meu maço na mão e o deputado na sala. As surpresas do dia não acabavam.

- O que foi Alessa, não me diga que não sabia. Está aqui a quase 4 meses. Você acha que esses empresários entram e saem da minha sala por que? Guarde logo isso e bico fechado. - com a reprimenda me recompus e lembrei que estava em missão. Tinha que aproveitar para obter o máximo de informações possível.

- Desculpe Senhor, fiquei emocionada com sua generosidade. - disse e ele riu, demonstrando que estava satisfeito. - É por isso que o admiro, sabe das coisas. Só me pergunto porque merendinha. - digo tentando parecer o mais natural possível e com o estômago embrulhado de tanto nojo.

-  Digamos que nas suas mãos estão a merenda de pelo menos 1 ano de uma criança remelenta.  - se não fosse o sangue frio que adquiri com o treinamento militar voaria no pescoço dele. Ao invés disso, tentei demonstrar admiração.

- Senhor, como consegue tal façanha? Nunca pensaria numa coisa dessas, o senhor é um gênio.

- Fácil! Aprovei uma emenda para liberação de verba suplementar para a merenda escolar de um estado, mas já estava combinado com o governador que ele faria a licitação, a empresa do Fubá ganharia com um preço X, mas forneceria -X e a diferença fica 10% com a empresa, 20% com o governador e  os 70% restante foi essas maleta que dividimos. Agora vai guardar isso e se prepara! Se continuar na minha de onde veio esse ainda vem muito mais.

Minha fé no ser humano acabou ali.





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