Capítulo 17

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Dedicado à todas que dedicam alguns minutos de suas vidas para ler o que escrevo. Muito obrigada a todas, em especial @SimoneQueiroz7 e @Tatalili34, que nos últimos dias me animaram e deram o gás que eu precisava para continuara escrever. 


Dois anos depois

Eu sabia que não seria fácil. Ser mãe exige de mim dedicação maior do que a que dou ao serviço, mas mesmo cansada ao final do dia depois de trabalhar  e me dedicar às crianças além de ter que cuidar da casa e das necessidades de todos, durmo feliz e  realizada. 

Meus pais não falham um final de semana, mas eles estão ficando cansados. Ainda bem que logo os dois aposentam. Meu pai está esperando apenas minha mãe poder aposentar para se aposentar também e do jeito que meus pais estão babando nos netos é capaz deles se mudarem para cá. 

No trabalho estou bem:  estou na parte administrativa, mas começo a sentir falta da ação. Agora fico acompanhando os colegas em missão e monitorando como uma vez fizeram comigo. Vez ou outra troco o plantão e vou para o período noturno, mas são raras as vezes. Agora não sou apenas Alessa, sou conhecida na vizinhança e na escolinha como mãe da Gabi e do Davi. 

Gabi está uma mocinha. Vaidosa que só, adora rosa e brincar de boneca no parquinho com as amiguinhas. Ultimamente tem brincado de modelo e se dou bobeira lá está ela passando batom e maquiagem. Já Davi, mesmo com apenas pouco mais de 3 aninhos já se mostra como um cavalheiro e cuidador da irmã. Ai de quem se aproxima da Gabi! Gosta de brincar de carrinho, mas mais ainda de subir em árvore, correr e se sujar de todas as formas que se possa imaginar. 

Os dois fazem natação e com a piscina em casa, são os peixinhos do clube.  Se não fosse Ana, não daria conta de tanta coisa: escola e natação, para as crianças além do judô e da dança para a Gabi. 

Hoje estou de folga pois acabamos uma missão bem complicada e o Comando nos concedeu uma semana de merecida folga então vamos de passeio na casa dos avós. Sei que uma alimentação saudável é necessária, mas um dia de bobeira não faz mal. Ana também merece essa folga.

- Boa tarde, meus amores! - digo aos meus filhos assim que os recebo na porta da escola. - Vamos dar folga para a Ana hoje e passear com a mamãe? - Nem ouvi resposta, mas considerando a algazarra que eles fizeram acho que a resposta é sim.

Em casa, Ana está começando a preparar o almoço. - Ana, deixa isso ai!

- Mas Dona Alessa...

- Ai ai ai.. você e esse dona! Não precisa fazer nada para o almoço não! Vamos passear e comer na rua. 

- Dona Alessa!

- Se quiser fazer alguma coisa para si mesma como dormir, passear ou alguma coisa nesse sentido ta dispensada.

- Não tenho nada para fazer, posso arrumar o quarto de brincar das crianças que ainda não consegui.

- Nem pensar! Pode se arrumar e vir conosco então. Assim me ajuda com eles- falei para Ana que desde que veio para cá não quis tirar um segundo de folga. Só assim para ela relaxar um pouco.

Saímos de casa 5 minutos depois. Foi só o tempo de preparar uma mala com mudas de roupas para levarmos para o fim de semana que ia começar para nós hoje, plena quarta feira. Paramos no shopping para comer e as crianças se fizeram com seu lanche do Bob's, nem sei se gostaram mais do lanche ou do brinde. 

Não muito tempo depois paramos em frente á casa dos meus pais, que até se assustaram quando nos viram chegar pensando que algo tinha acontecido, mas logo expliquei que passaríamos o fim de semana com eles. Como seria feriado na minha cidade natal e eles estariam de folga a partir de quinta, resolvemos ir para a praia pela primeira vez com as crianças. Finalmente!

No dia seguinte acordamos cedo e partimos. Mamãe, é claro, tinha lanche para todos e bendita a hora em que troquei meu carro por um Doblô. Meu pai vai ao meu lado na frente e a farra lá  atrás estava boa! 

No final  da manhã chegamos e as crianças ficaram encantadas com a praia! Ainda bem que estavam cheios com os lanches que mamãe levou pois não queriam de forma alguma sair da água e só saíram de boa vontade da água quando já estavam esgotados e o sol já estava quase se pondo. 

Fomos para o hotel e como Ana nem meus pais quiseram sair e estavam tão esgotados quanto as crianças, foram para a cama cedo. Me deitei e dormi depois de todos. Durante a madrugada acordei e mesmo que tentasse não pegava no sono. Algo me agitava e o barulho das ondas arrebentando na praia me seduziam mesmo que à distância.

Um tempo sozinha iria me fazer bem! Amo meus filhos e minha vida, mas uns poucos minutos para pensar e relaxar me fariam bem. Não há mal algum em dar uma caminhada na praia. 

Ainda está escuro, mas logo o dia começa. Quem sabe não arrisco uma corridinha? Estou meio enferrujada depois de ir para a área administrativa. Deixo um bilhete para Ana não se preocupar se acordar cedo e vou para a praia, claro que munida de meu celular para tirar muitas fotos. As crianças ainda são muito novas para apreciarem o nascer do sol.

O frio da manhã me abraçou e me entreguei àquele clima correndo. Dois quilômetros depois parei e resolvi curtir. Fui para a beira da praia e andando na beira da água  comecei a pensar na minha vida.

Na minha vida profissional estou bem, minha vida de mãe tem seus percalços, mas amo. Agora, a vida amorosa não existe desde o Léo. Porque fui pensar nele justo nesse momento?

Mesmo sem querer a lembrança do nosso tempo em Fernando de Noronha me volta à cabeça e sem perceber lágrimas rolam pela minha face. Meu peito dói quando lembro dele com aquela mulher. Será que ele casou? Como ele deve estar? Decido não pensar mais nisso, não quero sofrer ou me dar falsas esperanças. 

O calor do sol me faz levantar a cabeça e perceber que um novo dia nasce! Automaticamente saco meu celular para registrar esse lindo espetáculo que a natureza me fornece.  Me banho nessa energia e a dor que antes me dominava vai sendo mais uma vez adormecida. 

Me recomponho e volto para o hotel. Meus peixinhos têm que tomar café e logo vão querer voltar para a praia. Chego ao quarto e estão já de pé loucos para sair. Vamos tomar café e de lá direto para a praia. Ai meus peixinhos! Estou com Davi e Gabi correndo em volta de mim na praia gritando - Me pega mamãe, me pega! 

Claro que dou uma colher de chá para eles e finjo que não consigo os alcançar. Meus cabelos se soltaram e o vento os deixam revoltos. Sorrio da alegria dos meus peixinhos e tudo estava ótimo até que uma voz do passado me chama

- Alessa! 

Reconheço a voz, páro e olho na direção do chamado. Não fosse Gabi e  Davi que vendo meu espanto correm até mim e me dão a mão peguntando porque parei, teria desmaiado.

Na minha frente, direto do meu passado, lindo como sempre, com uma sunga preta cobrindo pouco daquele corpo sarado e aqueles lindos olhos me olhando com tanta intensidade que me paralisam.

Ele está de volta. Ali na minha frente, como que trazido pelos meus pensamentos: meu Léo. 


Do meu tamanhoOnde histórias criam vida. Descubra agora