Capítulo 19

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- A noite foi boa! Areia na roupa, dormindo até agora- sou acordada pela voz da minha mãe.

- Mamãe! - digo indignada com tanta liberdade. Cadê aquela mãe que me dizia para não namorar, tomar cuidado com os meninos e tudo o mais?

- Alessa, vamos conversar. – diz ela sentando na minha cama. – Quando era adolescente, não queria que fosse como tantas alunas minha que engravidam cedo, largam a escola e, mesmo a maternidade sendo uma benção, acabam limitando suas chances na vida. Graças a Deus você é uma filha maravilhosa, tem uma profissão que me apavora e me faz rezar todos os dias pedindo a Deus para que te proteja,se tornou uma mulher linda não apenas de corpo como de alma e me deu os netos mais lindos que uma avó pode querer. Você só não pode se esquecer que é antes de tudo uma mulher e que tem necessidades. Por mais que esteja aqui e seja sua amiga não posso te atender nessa parte.

-Mamãe! – digo novamente demonstrando meu constrangimento sabendo para onde a conversa está indo.

- Mamãe nada! Te amo, mas à noite que esquenta meus pés é seu pai e você precisa desse conforto. Mais do que precisa, necessita como toda mulher. Sei que a mulher que é não se entregará para qualquer um, nem se deixará enredar em um relacionamento abusivo. Hoje na praia eu vi e senti os olhares daquele seu amigo para você e de você para ele. Sei que já aconteceu algo entre vocês e por algum motivo não estão juntos, mas não se feche. Se não for ele, que seja outro, mas não feche seu coração. – minha mãe termina me acariciando e limpando as lágrimas que nem senti escorrerem.

Mãe sabe de tudo mesmo NE? Como ela conseguiu me desvendar? Como ela sabia que estava me fechando para relacionamentos?

- As crianças estão bem, vamos à praia. Encontre-nos daqui a uma hora no restaurante do hotel. – diz ela saindo e fechando a porta com delicadeza. Escuto a animação das crianças indo para a praia com meus pais e Ana.

Penso em tudo que minha mãe disse e como sempre ela tem razão. Não posso deixar a decepção me limitar. Está na hora de seguir adiante. Seria ótimo se tivesse Leo na minha vida, ele entende o que passo por conta da profissão, é lindo, gostoso, gentil e gosta de meus filhos, é meu porto seguro quando estamos juntos, mas por outro lado a profissão e as missões e os papes que ele precisa fazer nem sempre me deixarão bem. Definitivamente, temos que conversar.

Hora de sair da cama e encarar a realidade. Tomo banho e me arrumo para encontrar minha família. Claro que meus peixinhos não queriam ficar muito tempo no restaurante e logo fomos passear com eles em uma cachoeira.

No dia seguinte pegamos a estrada e voltaremos para nossa vida. Aproveitamos bem o final da viagem. Passeamos na cidade, compramos roupas, bijouterias, brinquedos para as crianças e lembranças. Claro que tiramos várias fotos, principalmente Gabi que não para de fazer selfies.

Resolvemos comer na rua mesmo e enquanto empurrava Gabi com Ana Gabi e Davi no balanço e meu pai tirava várias fotos, minha mãe comprava nosso lanche em uma das várias barraquinhas do lugar.

- Mamãe, olha lá o tio Léo com a vovó. Tio Léééééo! – diz Gabi animada acenando para ele. Ele acena de volta, d'um beijo na bochehca da minha mãe e sai em sentido contrário.

-Mamãe, ele foi embora... Está triste comigo?

- Não amor, ele deve estar ocupado. Olha a vovó com seu lanche. Quem quer cachorro quente? – ela logo fica animada de novo e com Davi e Ana respondem com eeeeuuuu fazendo uma algazarra.

Minha mãe serve a todos e a festa se estende mais um pouquinho. Vamos para o hotel com as crianças já esgotadas e dormindo. Deixo a mala pronta para não perder muito tempo amanhã.

Do meu tamanhoOnde histórias criam vida. Descubra agora