Capítulo 39

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Depois da semana que tive  eu merecia uma folga de uns 15 dias, mas isso seria impossível. Com a notícia da prisão do professor Amadeu e os motivos, muitas recrutas tomaram coragem de denunciá-lo e me procuravam. 

A situação dele estava ficando bem complicada e não bastasse as denúncias, muitas alunas foram questionar o rebaixamento de suas notas. Para me livrar delas sem muito stress, pegava suas provas, comparava as respostas e perguntava algo que ela havia acertado na primeira e errado na segunda. 

Ás que erravam oferecíamos a oportunidade de cursar novamente todo o treinamento novamente, desde o primeiro ano e muito poucas aceitavam a proposta. Às que acertavam apresentávamos uma nova prova no final de cada dia. Dava um trabalho danado, mas era necessário sermos o mais justos possível.

Além disso, boa parte da Diretoria ficou pau da vida por não ter sido consultada e, mesmo o Comandante explicando a gravidade  da denúncia e a celeridade com que tudo se desenrolou somente sossegaram quando o Ministério Público Militar entrou em ação e começou a fazer sua própria investigação. Só assim para eles entenderem que não é uma questão de vaidade. 

As coisas foram se acalmando apenas depois de uns  15 dias, mas ainda assim uma ou outra denúncia contra o Professor Amadeu ainda surgia. A gente nem averiguava mais, já passava direto para o Ministério Público Militar.  

Passado o olho do furação no trabalho o que estava me estressando era esse casamento. Era pressão de todos os lados,  muita coisa a decidir e eu não tinha a mínima vontade nem condição no momento. 

Dos poucos casamentos que já assisti na vida todos, sem exceção, se resumiam a uma longa e tediosa cerimônia religiosa aonde era obrigada a fazer cara de encanto para uma noiva que estava vestida de bolo, e cá entre nós, um modelo mais feio que o outro seguida de uma recepção num clube que, na melhor das hipóteses, servia bolo a todos os convidados pois na maioria das recepções que fui, sai direto para a lanchonete mais próxima.

Sinceramente, para gastar meu tempo e dinheiro me vestindo de forma ridícula  e recebendo mal meus convidados, prefiro me casar no civil apenas e levar os amigos para almoçar em um restaurante ou fazer um super churrasco em casa,mas daí sua mãe teria um enfarte depois de me trucidar.  

No primeiro fim de semana tranquilo após esse turbilhão no trabalho compartilhei com Ana e Léo minha opinião. Por pouco não  tive que chamar uma ambulância para salvá-los de uma irritante crise de riso que ambos tiveram. Acho que minha cara de poucos amigos mostrou claramente que não apenas não estava brincando como estava odiando. 

Ana foi a primeira a se recompor e se desculpou. Ela disse que concordava com tudo que eu havia contado,  que ela presenciou o casamento de uma das mulheres que trabalhava no abrigo e que era exatamente como descrevi. A partir dessa experiência tenebrosa, Ana passou a assistir programas de casamento e festas e estava convencida que poderia me ajudar a organizar um casamento lindo e sem esse sem número de cafonices. 

A princípio não acreditei, mas quando ela me mostrou no computador algumas fotos de casamentos que ela tinha salvo, tive que concordar que era possível um casamento bacana e sem custar um fígado.  Foi nessa hora que me convencia a tê-la como meus olhos e ouvidos,  além de madrinha. Certamente ela saberia falar melhor com a cerimonialista que ainda contrataria, por exigência da minha mãe, é claro. 

Dentre as opções que Ana tinha no computador, uma me arrebatou: o casamento na praia ao pôr do sol com uma recepção num salão lindo e com o tema tropical.  Para minha surpresa, Léo e as crianças também amaram a opção, mas nós tínhamos um pequeno detalhe: não tínhamos praia. 

Comecei a ligar para algumas cerimonialistas que tinham me recomendado, mas ou elas queriam me empurrar o show dos horrores, ou queriam um rim para fazer o que eu queria. Já estava ficando puta da vida e com a terceira opção frustrada já queria optar pelo churrasco em casa, quando vejo Ana, que estava mexendo no seu computador, dar pulinhos de alegria. 

- Achei! - decretou ela.  - Pára tudo. Crianças, Léo, dá um pulinho aqui.

Assim que todos se reuniram na cozinha ela mostrou com toda cerimônia, com direito a rufo de tambores. Ela havia achado um resort, não muito longe da cidade, que tinha uma praia particular, hospedagem, um sem número de atividades e serviços e o mais importante deles: casamentos. 

Enquanto eu estava no stress com as cerimonialistas, Ana conversava com a equipe do hotel e já tinha até um orçamento prévio. Ia ser barato? Claro que comparado a um churrasco em casa não, mas se era para gastar para fazer algo especial, valia a pena, afinal era meu casamento. 

Ana foi explicando tudo que tinha apurado. Eles podiam realizar a cerimônia ao pôr do sol em uma das 3 opções: prais, uma pedra no meio da água e um descampado com a praia ao fundo. Foi difícil escolher, todas as opções eram lindas, mas as crianças queriam praia, então fechou.  

A cerimônia não tinha muito o que pensar já que ambas as famílias são católicas e eles tinham celebrante para oferecer. A recepção poderia ser num dos salões do hotel, a beira da praia  ou ao em um gramado, com tenda e tudo o mais. As fotos que vimos mais uma vez me deixaram babando mas optamos pelo conforto de todos. Vai que chove ou faz frio? Um salão teria mais estrutura, inclusive para as crianças e os idosos.

Fazendo a cerimônia no local o casal ganhava uma noite na suíte de lua de mel e o dia da noiva e dos noivos, com todos os serviços do spá . Eu quero!  Se agora já estou estressada, imagina no dia. 

Léo perguntou sobre a possibilidade de hospedagem dos convidados. Havia essa possibilidade e Léo quis garantir a hospedagem dos sogros, sua irmã , marido e sobrinhos, e dos padrinhos e madrinhas. Os demais convidados poderiam usar o transporta do Resort, que buscaria e levaria os convidados até o centro da cidade ou poderiam se hospedar, mas conta própria .

Ana começou a me perguntar sobre detalhes como bando ou dj, comidas, atrações e tudo começou a e deixar mais e mais irritada. 

- Ah! - dei um grito que espantou a todos. - Eu não sei, eu não sei! Me deixa! 

Desabafei aos berros e corri para o banheiro do meu quarto, onde deixei meu café da manhã. Léo abriu a porta do quarto devagar e me achou deitada olhando para o teto. 

- Amor, o que foi? 

- Ah Léo, desculpa, mas isso está me sufocando. To cansada de decidir. Cansei. - falei chorando novamente. 

Léo deitou ao meu lado, me abraçou. - Oh amor, era para ser especial e não mais uma obrigação e stress.

- Desculpa, eu estou cansada mesmo e sem muita paciência.

- Amor, existe a possibilidade de você estar grávida? Já vi você vomitando  do nada, ta estressada, cansada. - resolvi nem falar que ela estava ultimamente comendo como uma draga. Ainda tenho amor à vida e ou novo demais para morrer. 

- Você está maluco? A chance deu engravidar sem  auxílio da medicina  é praticamente inexistente, 1 em 1 milhão. Se houvesse uma chance real disso acontecer eu seria a primeira a me prevenir e tomar remédio. 

- Então temos  que ver isso linda!  

- Já marquei consulta para o final do mês.  Minha médica está viajando e assim que retornar estarei lá. Isso se eu aguentar até lá. 

- Oh amor! Vamos cuidar de tudo os poucos. Se começar a ficar demais a gente para e vê outro dia. Pode ser assim? 

- Pode amor, obrigada. - virei para o lado e dormi. Realmente, eu estava muito cansada.  

Do meu tamanhoOnde histórias criam vida. Descubra agora