Capítulo 26

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Meus pais voltaram para casa no final do dia, o que foi ótimo. Precisava mesmo colocar a cabeça no lugar. Minha ideia seria abrir tipo uma academia de formação de oficiais e prestar serviços de formação de agentes. Na minha cabeça funcionava, mas daí na prática, seria outros 500. 

Liguei para minhas amigas do quartel e expliquei para elas e ficaram animadas. tenho certeza que se conseguir poderei contar com elas. Não poderia pedir para elas embarcarem nessa comigo.

Era domingo, mas tenho certeza que o comando estaria na base. Fui até lá e conversei com meu superior. Ele entendeu meu lado, claro que nem sequer toquei no nome do Léo, não sou idiota a tal ponto. Conversei com ele sobre minha idéia e assim que comecei a falar ele chamou o comandante geral da unidade. Meu Deus! Tremi na base. 

Qual não foi minha surpresa ao saber que o Exército queria terceirizar algumas atividades e que eles poderiam levar a proposta adiante.  Fiquei surpresa também por ele saber de mim. ele me parabenizou pelo meu trabalho e disse que acompanhava minha trajetória desde a operação de lavagem de dinheiro que participei, uma das primeiras na verdade. Nem mais lembrava dela.

O Comandante lamentou minha iminente baixa mas se animou com minha proposta. Pediu para eu enviar uma proposta para análise o mais breve possível. Sai dali  bem animada. Inicialmente teria 2 meses que seria de folgas não tiradas durante as operações. Depois pediria minhas férias e licenças a que tenho direito. 

Fui para casa e conversei com Ana explicando  que ia dar baixa no Exército, mas que continuaria pagando o salário dela e que por enquanto tudo continuaria como está e que gostaria muito que ela continuasse coma  gente,mas que se ela quiser buscar novas oportunidades não seria contra. Ficaria triste, mas nunca impediria seu crescimento.

Eu precisava urgente me dedicar ao meu plano para a empresa. Nunca que uma empresa teria autonomia na formação de agentes, essa deveria ser subordinada ao Exército para execução de atividades, mas deveria fornecer os profissionais capacitados, locais de treinamento, equipamentos e toda logística que envolve o treinamento. 

Comecei com o treinamento em artes marciais, o mais fácil e que mais domino. Para a fase I do treinamento ofereceríamos artes marciais e tiro ao alvo, Já para as turmas avançadas ofereceria treinamento para operações infiltradas e informática para investigação remota. Pouca coisa? Sim, mas melhor começar com o que tenho condição de arcar. Para essas disciplinas eu teria instrutores do próprio Exército, minha amigas uai! E elas eram feras. 

Marquei de conversar com cada uma e durante 2 dias viajaria até cada uma para conversar pessoalmente, matar a saudade e  quem sabe já sair com um plano para a disciplina estruturado? 

Segunda feira avisei as crianças e Ana que precisaria viajar a trabalho mas que estaria no celular para eles a qualquer momento. Confio na Ana de olhos fechados. Sei que todos estarão bem. 

Foram 2 dias corridos, mas valeu a pena. Eu quase não dormi pois quando não estava com as meninas trabalhando estava montando a proposta. Depois que conversei com todas as meninas era a noite do segundo dia, achei melhor  ficar num hotel para descansar um pouco e finalizar a proposta. 

Assim que terminei, nem me preocupei que era tarde da noite, mandei para o e-mail do Comandante e assim pude dormir e descansar. Dormi o suficiente para voltar dirigindo em segurança. Consegui chegar ainda em, tempo de levar as crianças na escola e sair com Ana para fazer compra para a casa. 

Lá pelas 10 horas recebi uma ligação do Comandante me chamando para uma reunião no final do dia. Como ainda sou militar, fui de uniforme e seguindo todos os protocolos que todo militar deve seguir. 

- Recebi com satisfação sua proposta. Conhecendo sua competência saberia que apresentaria uma proposta de qualidade, mas ainda assim me surpreendi. Está bem acima do que esperava. confesso.

Um elogio desse nível seria o mesmo que ganhar na mega sena 2 vezes. Discutimos a proposta e tirei as dúvidas que havia e acertamos alguns detalhes que não foram abordados claramente. Bom, ele ficou de levar a proposta para as instancias superiores.  

Agora a sorte estava lançada e devia me preparar para, se a proposta for aprovada, poder atender a tudo a que me propus e com excelência, pois será meu ganha pão a partir da minha baixa. Se não fosse pelas crianças, eu esperaria mais tempo para quem sabe me aposentar, mas a infância passa rápido e tenho que aproveitar.

Chego em casa  a tempo de colocar as crianças na cama. Converso com Ana e termino minha noite tomando um copo de vinho compartilhado virtualmente com minhas amigas da adolescência que por pouco não me bateram, quando falei que tinha terminado com o Léo e os motivos. 

Pode parecer covardia da minha parte, talvez seja, mas não sei se tenho condições de arcar com a minha família, um novo trabalho que parece que vai exigir bastante de mim e um relacionamento que não tem nada de certo além do tesão que é evidente. O tempo voa e as crianças estão crescendo a olhos vistos. Se eu pudesse, esperaria mais um tempo para quem sabe ser promovida e obter mais estabilidade. Assim ficaria mais na parte estratégica e não na operacional, seria um sonho, mas levaria ai, pelo menos, mais uns 5 anos se eu pegasse operações disfarçadas direto, o que não é possível mais. 

Aos poucos vou me ajeitando e já tenho tudo engatilhado. Precisaria de apenas 15 dias para providenciar minha baixa e a abertura da empresa além de firmar todas as parcerias necessárias.  Já se passou 2 meses, amanhã iniciaria minha primeira férias desde que comecei no Exército, mas ainda não tive retorno do Comandante. 

A todo momento penso em Léo, como  gostaria de ter tudo: carreira, família e amor. Mas sejamos adultos! Quando escolhi ser mãe sabia que teria que tê-los como prioridade. 

Bom, a vida é feita de escolhas. Fiz a minha e agora só me resta torcer para tudo dar certo e arcar com as consequencias . 

Do meu tamanhoOnde histórias criam vida. Descubra agora