Capítulo 25

97 19 4
                                    

Coloquei um biquíni, uma canga e desci. Não adianta tomar decisão com a cabeça quente. Assim que cheguei na piscina Léo me comeu com os olhos. 

- Está linda filha - disse meu pai.

- Está linda mesmo. Esse biquíni não conhecia, é novo? - perguntou minha mãe e foi só nessa hora que notei que coloquei o que usei em Fernando de Noronha. Meu Deus! 

- Mamãe! Olha! disse Davi me chamando.  Em seguida mergulho na piscina espalhando água para todo o canto. Depois de elogiar o mergulho, me sentei na primeira cadeira de sol que vi. 

Sentia o olhar dele me percorrendo e me queimando, sabia que ele estava como eu com as lembranças da quele final de semana bem vivos na cabeça, mas minha realidade era outra. Olhei ao meu redor. As crianças mergulhando e enchendo a casa de risos, Ana e minha mãe conversando animadamente e dando os últimos retoques no almoço e meu pai pilotando a churrasqueira com sua cervejinha do lado e conversando com Leo, que me dava umas encaradas.  sei que consegui uma vida boa para mim. Sou feliz e preciso da estabilidade que Leo não me dará. As crianças precisam de rotina, de quem as leve e busque nas escola e em todas as atividades que eles tem. Ana me ajuda muito, mas a mãe sou eu. Uma ideia passou pela minha cabeça e desde que que as crianças chegaram ela tem toado corpo. Amo meu trabalho e preciso me manter, nos manter e o Exército pode a qualquer hora me chamar para uma ou outra missão.

Acho que está na hora de colocar em prática minhas idéias e vou aproveitar meu pai aqui para uma conversa mais tarde. Quanto a Léo, lamento, mas ele vai ter que ocupar o mesmo lugar que o Exército na minha vida: no passado. 

Saio de meus devaneios e vou chamar as crianças para comer. Essa hora é sempre tensa pois meus peixinhos custam a deixar a piscina, mas mesmo sob protestos eles vem. Depois do almoço a soneca e parece que todos somem. Claro. Sintro decepcionar a todos, mas nosso lance já era.

- Se divertiu? - pergunto a ele quebrando o gelo. Se tem que ser feito, que seja.

- Muito.- ele diz se aproximando, com aquele olhar de lince a me aquecer

- Que bom! Cadê todo mundo?

- Alessa, você sabe muito bem. Porque não aproveitamos esse tempinho sozinhos ? - diz ele me abraçando, mas me desvencilho.

- Leo, precisamos conversar. Não dá para mim. 

- Como assim? 

- Minha vida hoje é outra. não sei se teria lugar para você nela.  Não sou mais livre, tenho dois pacotinhos de bagunça que dependem de mim e precisam de estabilidade. Nunca sabemos quando você precisará assumir uma outra família ou ficar meses sem aparecer. Imagina como seria para as crianças. Já sofreram tanto! Não merecem mais isso e pior, por culpa minha.

- Alessa, não faz isso com a gente. nem tivemos chance de tentar.

- Leo, você não está entendendo. Eu agora não posso tentar, eu tenho que conseguir. 

- Alessa, você está exagerando. 

- Você não sabe o que é essa responsabilidade. Você não sabe o que é saber que se você errar  estragará o futuro de alguém. não sabe o que é ter que estar todas a noites disponível pára o beijo de  boa noite a a historinha. Não posso ser meia mãe e nem arriscar infringir mais dor e abandono aos meus filhos. 

 - Você está viajando. 

- Que seja, mas não quero mais. Acho melhor você ir agora. - digo e me viro de costas, ele tanta mais um vez me abraçar, mas nem me mexo- Por favor, nos deixe.

- Segunda na base conversamos melhor. - ele diz , mas não sabe que provavelmente não me verá nunca mais. Ele vai levando meu coração , mas é o certo a fazer.

Quando tenho certeza que ele já foi sento com as lágrimas teimam em cair. Não sei quanto tempo durou, mas o suficiente para me deixar com dor de cabeça. Quando ouvi passos se aproximando mergulhei na piscina. precisava de tempo para enfrentar alguém. 

Assim que sai debaixo da água vi que era meu pai me olhando com sua cerveja na mão sentado numa espreguiçadeira. Sai da água e ele me chamou com o olhar para sentar com ele. Peguei uma cerveja para mim também e um prato com churrasco.  Assim que sentei ele já soltou a bomba.

- A ausência do Léo tem a ver com seu choro e a cara de tristeza?

-É.....

- Nem tenta mocinha. Te conheço e sei que andou chorando. Como o Leo não está mais aqui suponho que tenham discutido. Logo passa e vocês..

- Terminei pai. - o interrompo.

- O que houve? Ele fez alguma coisa?

- Não pai. O senhor estava certo há 2 anos, quando me convenceu a comprar uma casa para receber minha família. SA crianças precisam de estabilidade e certezas que o Léo não pode me dar. Não posso ser irresponsável e dar mais traumas para as crianças. 

- Alessa, entendo sua preocupação. mas na vida nem sempre temos certezas. A novidade e o inesperado acontecem. Seu trabalho, por exemplo, é  seu trabalho. Amanhã você pode ser mandada para uma base lá no meio do Amazônia e não te essa de não querer ir. E se você for recrutada para alguma atividade e tiver que ficar fora meses e meses?

- Eu sei pai, e por isso tenho que ter essa conversa com o senhor. Estou pensando em deixar  Exército. 

- Como assim Alessa? Está louca?

- Não pai. Na verdade tenho pensado nisso desde que as crianças vieram para casa. Elas precisam de estabilidade e rotina, assim como preciso manter minha renda e amo o que faço. Pensei em abrir um negócio para prestar assessoria para o Exército. Ser uma prestadora de serviços. Claro que teria que pedir baixa e se juntar as folgas, férias e licenças que tenho para tirar nem vou precisar mais trabalhar e até lá me preparo e busco informação, quem sabe até não busco parceria com algumas amigas?

- Interessante. Você sabe que vai perder a estabilidade e seu financeiro pode sofrer. Autônomo não tem certeza de seus ganhos. E se não conseguir fechar contrato com o Exército nem ninguém? pode ter que se submeter a um trabalho mais exaustivo por um salário mínimo, pensou nisso?

- Pensei pai. Tenho minhas economias. Todo esse tempo de Exército gastei o mínimo. Quando comprei a  casa gastei um pouco do que tinha guardado. Fiz umas contas e dá para viver no mesmo padrão atual por 1 ano. Quando fui entregar o apartamento e informar que outra pessoa ia morar lá, o senhorio quase me fez cair para trás. O Exército pagava meu aluguel por eu estar em missão, então o que eu depositava para ele, ele me devolver com um jurinho. Aplique esse dinheiro e o rendimento até que é interessante. Tem tempo que não sei quanto tem lá, mas tinha uma grana boa. E, se em 6 meses  nada acontecer vou correr atrás de trabalho. 

- É , parece que está resolvida.

- Sim, pai!  Meus filhos precisam de mim aqui com eles. Mas fica calmo que vou conversar com meu comando. Tenho certeza que eles entenderão.

- Tomara.




Do meu tamanhoOnde histórias criam vida. Descubra agora