Capítulo 13

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Meninas, primeiro capítulo de 2018. 

Desculpem a demora, mas estava na bad e recolhida na minha concha.

Dedicado a todas as flores que acompanham esse livro e tenho certeza que logo estarão deixando seu voto e comentário. 



Segundo o comando, o tal Almir  era um peão que trabalhava para alguém maior. O desespero dele para obter uma criança certamente o faria cometer um deslize e nessa ele dançaria. 

Eu estava no hospital com a Gabriela e soube que algumas das crianças do Orfanato, realmente, eram vítimas de maus tratos e abandono e que o Almira, na posição em que estava, direcionava as que lhe interessavam para aquele orfanato já que ali as funcionárias, exceto Ana, e a diretora eram coniventes com seus esquemas.

Gabi acordou no final do dia, ainda meio desorientada da anestesia, mas sem dor, graças a Deus. Ao me ver ela ficou um pouco apreensiva e isso partiu meu coração. 

- Gabi, você está bem? 

- Sim, Dona Alessa. - respondeu ela com a vozinha fraca. 

- Preciso compartilhar com você um segredo, posso?

- Pode! 

Contei a ela que precisava ser dura com ela para me manter no orfanato e que queria ser amiga dela e de todas as outras crianças. 

- Eu topo ser sua amiga! Você é boazinha. Você e a tia Ana. Vocês só brigam com a gente quando fazemos bagunça ou quando alguém ta perto. 

Essas crianças! Passamos o dia brincando e conversando e a noite fui rapidamente para o orfanato com a desculpa de pegar uma muda de roupa, mas era para falar com Ana.

Assim que cheguei a Diretora estava saindo e nem perguntou da menina, apenas perguntou se dormiria ali hoje. Respondi que vim pegar uma roupa e  estava voltando para ficar de olho na menina por um pedido do Sr. Almir (arriscado, mas ela certamente não perguntaria para ele).

Assim que entrei Ana e as crianças vieram até mim perguntando de Gabriela. Respondi que ela estava se recuperando e que precisava conversar em particular com Ana.  A puxei até meu quarto e enquanto arrumava uma mochila com roupas conversava com ela.

- Ana, não tenho muito tempo e nem posso dar maiores detalhes agora, mas sei que me ajudará. Inventa qualquer desculpa, e tire as crianças daqui. Vai ter um amigo meu mais tarde do lado de fora. Ele estará numa vã e te levará a um lugar seguro com as crianças.

- Mas... será que terei coragem? E se...

- Ana- disse pegando em seus ombros e olhando em seus olhos- A vida dessas crianças está nas suas mãos. Você sabe que essas crianças são comercializadas, sabe-se Deus para que! 

Ana me olha horrorizada! Haja inocência! Ela vive desde os 10 anos aqui e ainda não se deu conta do que acontece aqui.

- Ana, como eu disse, não tenho tempo para explicar. Esse meu amigo é do Exército e ele te explicará. Fica com essa escuta e coloque no ouvido a partir das 22 horas. Não precisa levar nada além das mamadeiras das crianças menores que já estarão prontas. Arrumaremos tudo que vocês precisarão. A partir de então vocês serão testemunhas protegidas pela Justiça.  Agora vai. Volta normal e finge te dei uma esporro por qualquer bobagem. 

- Tá. Vou confiar em você. Mas o que acontecerá com você e a Gabi?

- Também seremos removidas. Vou levar Gabi para outro hospital. A transferência já está certa e assim que voltar sairemos. Assim que Gabi se recuperar estaremos com vocês.  Nós simplesmente sumiremos do mapa. 

Ana concorda e sai do meu quarto com cara de choro. Ainda escuto uma das funcionárias implicar com ela. 

- Aguenta Ana, essa vida vai acabar. 

Saio do quarto me fazendo de irritada e cruzo com a funcionária. 

- O que foi que aquela palerma aprontou?

- Não é do seu interesse. Vai cuidar da sua vida!

- Olha, a novata botando as asinhas para fora. 

- Tenho mais o que fazer. - digo saio andando. Realmente, tenho muito o que fazer. 

A UTI Móvel está pronta e Gabi já foi preparada para ser transferida. Sua ficha foi apagada do computador assim que Charles apareceu com a Ordem da Justiça para sigilo total sobre ela. Fomos transferidas para o melhor Hospital de São Paulo, certamente eles nunca nos procurariam naquele local. 

Estava apreensiva e olhando direto para o celular. Às 22 horas em ponto Ana saiu de seu quarto na ponta do pé, pegou dois bebês no colo e foi até o lado de fora. Certamente a equipe designada já estava esperando por ela. Em seguida ela  volta com mais duas pessoas que a ajudam a levar as crianças uma a uma para o furgão. Na última leva, com as crianças maiores uma delas sem querer derrubou um vaso e para nossa infelicidade apareceu a funcionária que estava em seu quarto ali perto.

Todos saíram correndo para a vãn e a primeira coisa que a funcionária fez foi ligar para a Diretora. Dez minutos depois a Diretora retorna e manda ela fugir porque tinha dado merda, mas era tarde. A funcionária estava diante de um policial que a orientava no que dizer e a conduzia à delegacia. Certamente ela também seria pêga. 

Liguei para o Comando e peguntei o porque dessa correria. Nunca fizemos uma atuação tão rápido. Fiquei sabendo que o tal Almir raptou uma menina em um parque e estava enregando ela para dois rapazes americanos que não estavam entendendo nada. Almir e os americanos foram levados à delegacia e a menina foi entregue a seus pais.  Viram que a menina já tinha até Certidão de Nascimento e passaporte para ir para os Estados Unidos. O dono do cartório que emitiu a Certidão e o funcionário que emitiu que deu o passaporte foram apreendidos para esclarecimentos. Esse processo ainda vai dar o que falar! 

Perguntei pela Ana e as crianças e  me disseram que estavam bem. Fiquei sabendo que Ana queria ia voltar para pegar as mamadeiras, mas a equipe a impediu. 

- Bem a cara da Ana isso. E estão enlouquecendo com tantas crianças ai?

- Olha, viva o fast food e o serviço de entrega 24 horas. A correria fez com que uma criança acordasse e chorassem de medo acordando todas as outras. Só pararam depois que paramos numa lanchonete. Para os pequenos corremos numa farmácia e compramos mamadeiras e bicos para tomarem seus leites. Agora todos dormem na santa paz do senhor. 

Ri muito. Imagino um monte de homem grande e forte, com treinamento militar e acostumados a enfrentar bandidos e guerras sendo rendidos por um bando de crianças. Hilário isso!

Meu trabalho é bem tenso, mas  tinha momentos como esse. Amo meu trabalho, mas o contato com essas crianças despertou em mim o desejo adormecido de ter uma família.  Sei que muitos vão pensar que não posso por causa do meu trabalho, porque sou solteira, mas não me assusta a idéia de ter um filho. 

Ao olhar a Gabi deitada naquela cama, desamparada, sem ninguém no mundo, tão linda! Meu coração se aperta. Tantas crianças como ela no mundo, precisando de pais que as acolha e ame! 

Já sei! Vou ter meu ou meus filhos, e será por adoção. Não tenho preconceitos e muito amor para dar. Na manhã seguinte darei entrada nos documentos e na hora certa Deus me enviará meu(s) filhos(s). 

Meus pais serão avós! 

Do meu tamanhoOnde histórias criam vida. Descubra agora