Meninas, primeiro capítulo de 2018.
Desculpem a demora, mas estava na bad e recolhida na minha concha.
Dedicado a todas as flores que acompanham esse livro e tenho certeza que logo estarão deixando seu voto e comentário.
Segundo o comando, o tal Almir era um peão que trabalhava para alguém maior. O desespero dele para obter uma criança certamente o faria cometer um deslize e nessa ele dançaria.
Eu estava no hospital com a Gabriela e soube que algumas das crianças do Orfanato, realmente, eram vítimas de maus tratos e abandono e que o Almira, na posição em que estava, direcionava as que lhe interessavam para aquele orfanato já que ali as funcionárias, exceto Ana, e a diretora eram coniventes com seus esquemas.
Gabi acordou no final do dia, ainda meio desorientada da anestesia, mas sem dor, graças a Deus. Ao me ver ela ficou um pouco apreensiva e isso partiu meu coração.
- Gabi, você está bem?
- Sim, Dona Alessa. - respondeu ela com a vozinha fraca.
- Preciso compartilhar com você um segredo, posso?
- Pode!
Contei a ela que precisava ser dura com ela para me manter no orfanato e que queria ser amiga dela e de todas as outras crianças.
- Eu topo ser sua amiga! Você é boazinha. Você e a tia Ana. Vocês só brigam com a gente quando fazemos bagunça ou quando alguém ta perto.
Essas crianças! Passamos o dia brincando e conversando e a noite fui rapidamente para o orfanato com a desculpa de pegar uma muda de roupa, mas era para falar com Ana.
Assim que cheguei a Diretora estava saindo e nem perguntou da menina, apenas perguntou se dormiria ali hoje. Respondi que vim pegar uma roupa e estava voltando para ficar de olho na menina por um pedido do Sr. Almir (arriscado, mas ela certamente não perguntaria para ele).
Assim que entrei Ana e as crianças vieram até mim perguntando de Gabriela. Respondi que ela estava se recuperando e que precisava conversar em particular com Ana. A puxei até meu quarto e enquanto arrumava uma mochila com roupas conversava com ela.
- Ana, não tenho muito tempo e nem posso dar maiores detalhes agora, mas sei que me ajudará. Inventa qualquer desculpa, e tire as crianças daqui. Vai ter um amigo meu mais tarde do lado de fora. Ele estará numa vã e te levará a um lugar seguro com as crianças.
- Mas... será que terei coragem? E se...
- Ana- disse pegando em seus ombros e olhando em seus olhos- A vida dessas crianças está nas suas mãos. Você sabe que essas crianças são comercializadas, sabe-se Deus para que!
Ana me olha horrorizada! Haja inocência! Ela vive desde os 10 anos aqui e ainda não se deu conta do que acontece aqui.
- Ana, como eu disse, não tenho tempo para explicar. Esse meu amigo é do Exército e ele te explicará. Fica com essa escuta e coloque no ouvido a partir das 22 horas. Não precisa levar nada além das mamadeiras das crianças menores que já estarão prontas. Arrumaremos tudo que vocês precisarão. A partir de então vocês serão testemunhas protegidas pela Justiça. Agora vai. Volta normal e finge te dei uma esporro por qualquer bobagem.
- Tá. Vou confiar em você. Mas o que acontecerá com você e a Gabi?
- Também seremos removidas. Vou levar Gabi para outro hospital. A transferência já está certa e assim que voltar sairemos. Assim que Gabi se recuperar estaremos com vocês. Nós simplesmente sumiremos do mapa.
Ana concorda e sai do meu quarto com cara de choro. Ainda escuto uma das funcionárias implicar com ela.
- Aguenta Ana, essa vida vai acabar.
Saio do quarto me fazendo de irritada e cruzo com a funcionária.
- O que foi que aquela palerma aprontou?
- Não é do seu interesse. Vai cuidar da sua vida!
- Olha, a novata botando as asinhas para fora.
- Tenho mais o que fazer. - digo saio andando. Realmente, tenho muito o que fazer.
A UTI Móvel está pronta e Gabi já foi preparada para ser transferida. Sua ficha foi apagada do computador assim que Charles apareceu com a Ordem da Justiça para sigilo total sobre ela. Fomos transferidas para o melhor Hospital de São Paulo, certamente eles nunca nos procurariam naquele local.
Estava apreensiva e olhando direto para o celular. Às 22 horas em ponto Ana saiu de seu quarto na ponta do pé, pegou dois bebês no colo e foi até o lado de fora. Certamente a equipe designada já estava esperando por ela. Em seguida ela volta com mais duas pessoas que a ajudam a levar as crianças uma a uma para o furgão. Na última leva, com as crianças maiores uma delas sem querer derrubou um vaso e para nossa infelicidade apareceu a funcionária que estava em seu quarto ali perto.
Todos saíram correndo para a vãn e a primeira coisa que a funcionária fez foi ligar para a Diretora. Dez minutos depois a Diretora retorna e manda ela fugir porque tinha dado merda, mas era tarde. A funcionária estava diante de um policial que a orientava no que dizer e a conduzia à delegacia. Certamente ela também seria pêga.
Liguei para o Comando e peguntei o porque dessa correria. Nunca fizemos uma atuação tão rápido. Fiquei sabendo que o tal Almir raptou uma menina em um parque e estava enregando ela para dois rapazes americanos que não estavam entendendo nada. Almir e os americanos foram levados à delegacia e a menina foi entregue a seus pais. Viram que a menina já tinha até Certidão de Nascimento e passaporte para ir para os Estados Unidos. O dono do cartório que emitiu a Certidão e o funcionário que emitiu que deu o passaporte foram apreendidos para esclarecimentos. Esse processo ainda vai dar o que falar!
Perguntei pela Ana e as crianças e me disseram que estavam bem. Fiquei sabendo que Ana queria ia voltar para pegar as mamadeiras, mas a equipe a impediu.
- Bem a cara da Ana isso. E estão enlouquecendo com tantas crianças ai?
- Olha, viva o fast food e o serviço de entrega 24 horas. A correria fez com que uma criança acordasse e chorassem de medo acordando todas as outras. Só pararam depois que paramos numa lanchonete. Para os pequenos corremos numa farmácia e compramos mamadeiras e bicos para tomarem seus leites. Agora todos dormem na santa paz do senhor.
Ri muito. Imagino um monte de homem grande e forte, com treinamento militar e acostumados a enfrentar bandidos e guerras sendo rendidos por um bando de crianças. Hilário isso!
Meu trabalho é bem tenso, mas tinha momentos como esse. Amo meu trabalho, mas o contato com essas crianças despertou em mim o desejo adormecido de ter uma família. Sei que muitos vão pensar que não posso por causa do meu trabalho, porque sou solteira, mas não me assusta a idéia de ter um filho.
Ao olhar a Gabi deitada naquela cama, desamparada, sem ninguém no mundo, tão linda! Meu coração se aperta. Tantas crianças como ela no mundo, precisando de pais que as acolha e ame!
Já sei! Vou ter meu ou meus filhos, e será por adoção. Não tenho preconceitos e muito amor para dar. Na manhã seguinte darei entrada nos documentos e na hora certa Deus me enviará meu(s) filhos(s).
Meus pais serão avós!
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Do meu tamanho
RomanceDepois de cansar de tanto bulling por causa de sua altura e uma desilusão amorosa que destruiu seu coração, a fé nos homens e seus sonhos Alessa se fechou em si e se dedicou apenas à sua profissão até conhecer Leonardo, que perturba sua vida e a faz...