Capítulo 28

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Léo

Que saudade da Alessa. Desde que saí da casa dela minha vontade é voltar e beijar ela até ela desistir de desistir de nós dois e me dar uma chance. Confesso que ela tem razão  quando diz que não poderia garantir a estabilidade que ela quer. 

Imagina, eu ter que sumir meses, ou ainda ter que me disfarçar como na operação do deputado. Pior ainda, imagina numa dessa dar de cara com as crianças. Realmente, ela pode até entender mas as crianças certamente não.

- Ih, foi encontrar a sereia e volta com essa cara? - Charle logo vem me perturbar.

 - Me deixa cara, quero ficar na minha.

- Ih, é sério hein.

- Nem me fale , a Alessa não quer mais ficar comigo e o pior é que as razões que ela deu são legítimas e não tem nem como falar que ela está viajando.

- Mas o que foi dessa vez? - perguntou Charles realmente interessado. Contei a ele toda a conversa. Confio em todos meus amigos, mas se tem um cara parça esse é o Charles. 

- Olha cara, é realmente difícil para a gente como homem entender esse lance de ser mãe. A gente nem tem um cachorro com medo de deixar o bichinho morrer, imagina você assumir um outro ser humano, imagina dois.  Deve ser realmente muita pressão e ter um relacionamento instável não deve ajudar.

- Eu até sei cara, mas eu estou disposto a assumir ela como família. Sinto que ela é a mulher da minha vida. Ela é fantástica e não só na cama...

- Oh, muita informação. 

- Tá certo, mas é verdade, com ela nunca tive um segundo de tédio. Seja numa conversa tranquila  ou até mesmo discutindo. Ela é dinâmica, viva, inteligente, divertida, linda e sinceramente, não consigo me desligar dela, e não foi por falta de tentativa.

- Olha, você está gamadão. 

- Estou mesmo. Infelizmente, até hoje não pudemos ficar juntos por mais que umas semanas.

-  O que só prova o ponto de vista dela. 

- Verdade, mas cara... não sei o que fazer.

- Primeiro, você tem que estar bem ciente do que você quer porque insegurança não cabe na vida dessa mina. Depois que souber, procure formas de estabilizar sua vida e corre atrás dela com soluções e não propostas. Ela já tem dois filhos e precisa que um companheiro aja como homem e não como um moleque.

- Você é o cara! 

- Eu sei que sou! E quero ser o padrinho.

- Com certeza.

Se fosse a um tempo atrás, a idéia de me estabilizar, ter um relacionamento sério e uma família me assustava, mas hoje só sinto que fui um idiota. Antes não seria o melhor porque não era ela, não seria perfeito como é.

Agora, como me estabilizar? Amo meu trabalho e deixar ele seria uma tristeza, mas valia a pena. Por muito tempo tive apenas meu trabalho e nunca me senti tão completo como quando estou com Alessa. 

Durante toda a semana a possibilidade de deixar meu trabalho não saiu da minha cabeça, mas precisava pensar no que fazer depois. Eu tinha gora  uma carreira militar, experiência em trabalho disfarçado e um diploma de direito que esquenta o fundo de uma gaveta.  Não poderia advogar sem o OAB e poucas atividades precisam de minhas habilidades profissionais.

-  Puta merda! Finalmente. - meu companheiro de escritório  dá uma chilique bem pouco comum para ele que é sempre na dele e me tira dos meus pensamentos me dando um susto.

- O que foi cara?  Quer me matar de susto? 

- Poxa, desculpa ai, de boa. Mas é que saiu um edital para polícia federal, estava muito ansioso por ele. 

- Como assim?

- Concurso público, cara! Para policial. Minha família está crescendo, minha segunda filha está para nascer e não aguento mais essa vida de operações e ficar meses fora de casa. Pelo menos  estarei fazendo o que amo,  não estaria na linha de frente como um Policial Militar e poderei estar em casa para jantar em família. 

Ouvindo ele falar dessa possibilidade muitos cenários surgiram diante de mim. 

- Deixa eu ver isso. - abri o edital que ele passou e fiquei realmente empolgado. O bom é que tinha vaga para cá, a má noticia é que tinha apenas 1 vaga.

- Você vai tentar essa vaga daqui?

- Não, vou aproveitar e voltar para minha cidade natal.  Lá temos família, amigos, raízes. Criar as crianças perto da família será um bônus.

Boa notícia. Pelo menos  não concorreria com ele, pois ele é realmente bom. Pelo que está no edital, será realmente rápido o processo. dentro de 2 meses os aprovados serão convocados. Bem quando eu precisava. Essa vaga tinha que ser minha. 

Tirei minhas folgas até a data da prova, fiz minha inscrição logo e botei a cara nos livros. Passei dias estudando sério e com foco. Só parava para atender a porta para receber a comida. No dia do concurso , fiz minha prova com calma, tranquilidade e confiança. 

Voltei ao meu trabalho e a ansiedade começou a tomar forma.  No dia do resultado a cada 10 minutos eu abria a página para ver se já tinha o resultado, mas só pelas 15 horas saiu e meu nome estava lá. Fui aprovado com mais 2 pessoas. Agora era encarar de novo um curso de formação, mas agora eu estava com vantagem.

Comuniquei meus superiores para comunicar meu iminente desligamento. Assim que recebi o telegrama  concretizei minha baixa. Os caras quiseram sair para comemorar, mas eu estava sem clima. Estava feliz pela oportunidade, mas também apreensivo quanto ao futuro. Acho que agora era hora de correr atrás dela. 

Mandei mensagens, mas ela ainda não me dava bola e com essa incerteza, certamente não era o momento. Ainda assim, só o fato de falar com ela já me dava ânimo. De momento, trilharia o caminho da "amizade" para não perder o contato e poder afastar qualquer sujeito que se atrevesse ciscar no meu terreiro. 

Muita coisa aconteceu na vida dela nesse tempo em que me afastei dela. Ela foi promovida e está muito animada com a nova posição. Enfim, ela tem a estabilidade que tanto buscava. Como ainda  é muito recente e tem muitas incertezas, opto por ainda não dizer nada a respeito. 

Fico muito feliz com a animação dela e ouço ela contar de seu dia com empolgação. Sinto que ela realmente ama o que faz e está bem no seu trabalho. As vezes a conversa fica um pouco mais íntima, mas ela se faz de desentendida e eu finjo que tudo bem. 

Minha real vontade era tê-la novamente em meus braços e não ter conversas quentes pelo telefone como um adolescente.


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