Pesadelo: Irmão. Finalmente a liberdade cantou!
Pedro: Finamente porra! Que saudade cuzão! Não tenho nem palavras para agradecer.
Pesadelo: Cê sabe que eu iria te tirar de lá de qualquer jeito né? Irmão meu não fica em presídio não tá ligado?
Pedro: Tô ligado. Como anda as coisas por aqui?
Pesadelo: No morro está tranquilo. Agora vamos, que seus pais só falta arrancar minha cabeça.
Pedro: Se ferrou otário.
Pesadelo: Vai se foder! - Ele me deu um murro leve no braço
Seguimos para casa em altos papos daora como antigamente. Esse cara já merecia todo meu respeito, agora então, merece minha vida.
Alguns parças que estavam nos becos me cumprimentaram e deram as boas vindas. As piranhas vinham para cima de mim como urubu, mas depois do perrengue que passei, umas paquera não cairia mal.
Quando finalmente cheguei em casa, minha mãe só faltou me matar sufocado com o abraço. Ela estava diferente, um pouco mais magra e com olheiras fodas. Culpa minha, claro.
Mariana: Aí meu filho, que saudade! Como você está? Eles te maltrataram? Está com fome? E essa roupa horrível?
Pedro: Calma mãe, assim você dá um nó no meu cérebro. Tá pior que metralhadora atirando. Eu tô bem, só minha perna que está doendo ainda por conta da queda.
Mariana: Eu vou cuidar de você, fica tranquilo. – Ela me abraçou novamente, desta vez mais suave. – Nunca mais faça isso comigo entendeu? – Me intimou, dando um tabefe na minha cabeça.
Pedro: Aí mãe, relaxa aí!
Pesadelo: Que bonitinho. O baitola apanhando deste tamanho.
Mariana: E você em Bernardo? – Disse, dando uns cascudos nele enquanto eu gargalhava. – Não coloque meu filho mais em enrascada. Ou melhor, os dois não vai se meter mais nisso! Eu, como madrinha e mãe, proíbo os dois em se meter nesses roubos.
Pesadelo: Relaxa aí madrinha, to suave dessas ondas. Pelo menos por enquanto.
Mariana: Acho bom. Venha, eu fiz um almoço daqueles especiais que você ama filho.
Pedro: Essa é a minha mãe.
Mariana:Vai tomar um banho e joga essa porra de rouba no lixo, ou melhor, queima!
Depois que eu tomo aquele banho demorado e cheio de saudade desço e fui em direção a cozinha. Sentamos todos à mesa e comemos o rango da hora que ela fez. Tinha feijoada, carne assada, arroz, farofa, salada e uma cerveja para acompanhar.
Meu pai chegou assim que acabamos é claro, ouvi mais sermão.
RM: A próxima moleque, eu mando te deixar lá. Onde já se viu se meter em roubo, principalmente roubo grande desses. Nem eu quando tinha tua idade se metia em tanta merda.
Pedro: Eu sei pai. Foi vacilo. Mas se liga, século vinte e um a onda tem que ser louca. - Disse rindo e o mesmo me encara com um semblante sério.
DG: Vacilo de alguém que tem o miolo mais pequeno que o seu né? – Meu padrinho disse, olhando de canto de olho para o Bernardo.
Pesadelo: Quem por acaso te chamou na conversa mesmo?
RM: Os dois podem parar por aqui. Vamos comemorar, porque hoje é dia de alegria, beleza?
Mariana: Tem razão nego. Vamos comemorar. Vou ligar o pagodinho ali e vamos tomar uma cerve na paz!
Bernardo: E a tarde, um baile em comemoração que eu mesmo preparei.
Pedro: Acho que vou pedir para ser preso de novo. Tô levando vida de luxo e mordomia.
RM: Quer levar também uns tapas não?
Pedro: Não, tô suave disso. Seloco.
Mariana: Chega de briga e bora comemorar e hoje que saí mais um filho RM! - Ela disse rindo e todos riramda cara que meu pai fez
Pegamos nossas cervejas e sentamos tudo na laje, ouvindo um pagode que só a minha mãe gosta e apreciando aquela vista da favela. Muitas pessoas não vê, mas quando você é criado no meio de um morro, a beleza daquele lugar é mais apreciada do que de quem nasceu fora. E eu quero cada dia mais dar valor ao meu canto, a minha familia. Ao meu lar!
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Sangue nos olhos ( Concluído)
Novela JuvenilNão se iluda com o meu sorriso. Estava apenas pensando em qual seria a forma mais prazerosa de te ver Morrer. A forma mais prazerosa é vê o inimigo vivendo o seu pior pesadelo ao vivo e em cores. PLÁGIO É CRIME!